Capítulo 4

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Sempre que ia pra casa dele, a gente comia e depois ficava conversando no quarto.
Hoje não foi diferente.
Diferente do andar de baixo, o quarto dele estava totalmente diferente. Duas paredes estavam pintadas de preto e cheias de grafites esquisitos.
Mas em um cantinho, eu sabia que estaria lá...
Era uma foto, minha e dele.
Eu não sei quantos anos tínhamos, mas era minha favorita. Éramos pequenos e felizes, não sabíamos o que a vida poderia mostrar pra nós.

 Éramos pequenos e felizes, não sabíamos o que a vida poderia mostrar pra nós

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— Eu adoro essa foto, eu tô muito feio mas...
— E eu tô linda, né? - Dei risada — Eu gosto mesmo assim.
— Vou te falar uma coisa, Em. Espero que você não fique chateada, nem se afaste de mim.
— Pode falar.

Sentei na cama dele e por um momento fiquei com medo. Ele podia falar tantas coisas... estava ficando com medo.

— Um dos motivos de eu ter me afastado de você durante as férias de verão, foi porque me incomodava muito o fato do Clay ser seu namorado.
— Eu sei, você não gostava dele. Mas eu nem passei as férias com ele...
— Em, não é isso.

Ele respirou fundo e voltou a falar:

— Eu te amo, de verdade. Ver você com ele me fez querer ir embora daqui e nunca mais voltar, principalmente porque o que vocês dois tiveram eu nunca teria com você.
— Gustav, você quer dizer que... você gosta de mim?
— Não, Em. Estou querendo dizer que eu te amo e quero que você seja a minha garota, pra sempre.
Comecei a ficar sem ar.
Eu gostava do Gus como amigo. Em algum momento eu pensei nele como algo a mais?
Eu não sabia mas tinha quase certeza que não.

— Gus, eu...
Um silêncio ficou no ar.

— Tudo bem. Que loucura eu falei agora, né? Acho que foi a maconha de hoje cedo.

Mas eu sabia que ele não tinha fumado. Tinha ido pra aula.

— Me desculpa.
— Não, Em. Eu me precipitei, somos amigos. E seremos amigos pra sempre.

Eu podia ouvir a tristeza na voz dele, por trás das palavras. Mas não consegui encontrar as minhas palavras para dizer que eu estava com medo de me envolver com alguém de novo, ainda mais a pessoa mais especial da minha vida.

— Eu acho que vou pra casa.
— Talvez seja melhor - Ele da uma risada meio estranha — Até mais, Em.

Nunca acabávamos nossos papos com até mais, era sempre com "a gente se vê amanhã" ou "se cuida" ou até mesmo "te amo, beijo"... nunca desse jeito.

Mas saí dali. Sem me despedir da mãe dele.

E no meio da rua, eu comecei a chorar e enxugar minhas lágrimas com a manga da camiseta.
Não sabia porque mas algo me dizia que eu tinha perdido meu amigo.

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