VI. Eu nunca me arrependeria de ter conhecido alguém como você.

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TW: Depressão, suicídio, abuso sexual e muita dor e tristeza.

Atsumu Miya é uma pessoa que é fácil de se perceber, mas não de entender. Entender Atsumu ia muito além da observação pontual, para Sakusa, era quase uma ciência. Uma matéria que ele adorava.

Sakusa teve curiosidade em Atsumu desde que o viu pela primeira vez na aula de estatística, mas não era uma curiosidade boa. Era mais como: "Como diabos esse menino consegue ficar rodeado de pessoas o dia inteiro?"; era demais para ele. Não fazia sentido. Eles são muito diferentes, almas opostas. Kiyoomi do passado daria risada daquela famosa frase clichê que "Os opostos se atraem". Bem, ele deu um tiro no seu próprio pé, pois lá estava ele sentindo o coração esquentar só de estar perto de alguém tão iluminado quanto Atsumu.

Naquele dia em que ele tentou puxar assunto com Sakusa pela primeira vez, depois do torneio de vôlei, Sakusa apenas não respondeu por que estava com a bateria social no zero já que teve que jogar em um time de desconhecidos por uma tarde inteira. Ao invés de ser minimamente educado, ele conseguiu ser um completo cuzão.

Escrever aquele bilhete não era para fazer Atsumu se sentir melhor e sim para fazer ele se sentir melhor — Sakusa era reservado mas muito orgulhoso.

Bem, o bilhete deu mais do que certo, trazendo uma oportunidade pra se ter um amigo — o que era raro para Sakusa, com a sua cara de menino antipático.

E depois daquele dia no parque, ele não demonstrou mas ficou impressionado no jeito que Atsumu falava. De como ele estava nervoso, e de como ele não era aquela social butterfly que ele aparentava ser. Atsumu era interessante o que era o mínimo para chamar a atenção do moreno.

Sakusa Kiyoomi e Atsumu Miya viraram carne e unha em questão de poucas semanas. Atsumu sempre se infiltrava na sua mesa no almoço na cafeteria e isso virou rotina, Sakusa não reclamava, gostava da companhia. Atsumu falava loucamente sobre seu dia, sobre coisas que tinha que fazer e não fazer, sobre tudo — passava a falsa impressão de ser um livro aberto.

Logo ele foi apresentado Yamaguchi e Suna, que eram pessoas legais e bem diferentes, mas nenhum deles como Atsumu. Sakusa era muito inseguro, dividir seu tempo precioso com Atsumu com outras pessoas as vezes fazia seu peito doer, ele era seu primeiro melhor amigo de verdade que não era de sua família. Mas conhecendo os meninos melhor, ficou grato de estar rodeado de mais pessoas simpáticas de seus jeitos únicos.

Mas além disso, Sakusa percebeu que a sua amizade com Atsumu era diferente, mas não de um jeito de melhor amigo e sim como algo a mais. E todos os momentos depois dessa autodescoberta eram precisos estando ao lado de Atsumu Miya. Nem que fossem tomar sorvetes na sorveteria na frente do campus, nem que fosse estudar juntos. Sakusa ajudou Atsumu a passar em estatística e ele nunca vai se esquecer de um dia na biblioteca em que Atsumu o olhava com cuidado, curioso, enquanto ele revia os cálculos do loiro. Uma hora ficou incomodado e decidiu perguntar:

- O que foi?

- Você tirou. - Respondeu Atsumu com os olhos brilhantes.

- Tirei? Do que você tá falando? - Sakusa já estava achando que o menino tinha entrado em burnout.

- A máscara. Você nunca tinha tirado ela comigo sem que fosse em refeições. - Disse Atsumu com um sorriso. Infelizmente, nesse dia Sakusa não tinha a máscara para esconder as suas bochechas coradas de vergonha — e pra ser bem sincero, ele nem queria. Houve um grande silêncio constrangedor depois que Atsumu percebeu o que fez.

Depois desse dia, Atsumu começou a chamá-lo de "Omi-kun". Apelido rídiculo para alguém com a cara de poucos amigos que Sakusa tinha. Ele o xingou muito esse dia, mas foi dormir pensando que era amado de alguma forma para ter um pequeno apelido.

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