III. Sakusa Kiyoomi era um homem de poucas palavras

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Se você nunca teve ressaca moral, você não bebeu direito. Atsumu tinha várias dessas, mas ele sempre esquecia o quão ruim elas eram depois que elas passavam e ele fazia com que elas acontecessem de novo. Aquele domingo ele virou parte de sua própria cama, os dois dorflex que ele havia tomado pra dor de cabeça daquela ressaca rídicula que ele estava não tinham feito efeito algum.

Já devia ser 16h e a única coisa que passava na cabeça dele era Sakusa Kiyoomi e as merdas que ele devia ter falado pra ele ontem, parabéns Atsumu, ótima maneira de fazer amizade. Será que ele tinha dado em cima dele? A sua personalidade bêbada fazia isso as vezes, ainda mais que o menino é extremamente atraente. Será que debochou dele? Será que ele que o ajudou a chegar no quarto? Meu deus, a sua cabeça estava uma loucura. Ele entrou em uma espiral depreciativa de todas as merdas que ele já tinha feito bêbado e como ele era burro por beber tanto tomando remédio psiquiatrico — Não façam isso, sério.

Em algum momento, a única coisa que o tirou de seus devaneios e pensamentos intrusivos foi a chegada de Yamaguchi no dormitório, que chegou mais feliz do que o normal — O final de semana deve ter sido bom, se é que me entendem.

- Oie, Cheguei! Como foi a festa ont-- Meu deus, você está péssimo. - Disse olhando pro Atsumu enquanto colocava sua mochila com as roupas do final de semana na cama. Atsumu apenas riu e tentou se levantar mas sua cabeça ardeu de dor e ele gemeu deitando de novo.

- Parece que você morreu 3 dias atrás com essas olheiras. Pelo jeito a festa foi boa, ou não? - Falava enquanto enchia um copo de água na moringa que ele tinha ao lado da cama para dar para Atsumu.

- Acho que foi um desastre, pra ser bem sincero... - Disse Atsumu se sentando na beira da cama como um velho de 80 anos e pegando o copo de água da mão do amigo.

- Ai Deus, pode me dizer o por que? - Yamaguchi falou sentando na cama já pronto pra uma história inacreditável.

- Eu bebi demais e voltando pro dormitório eu meio que... Ah - suspirou - Conversei com o Sakusa Kiyoomi. - Disse Atsumu olhando pras prórpias mãos e tremendo a perna, ansioso.

- E o que tem de ruim nisso?

- Bem, eu meio que não lembro de nada? Bem, alguns flashes, mas eu estou com medo de ter falado merda. - Atsumu colocava as mãos na cabeça e apertava seu cabelo. - Aaaah, eu odeio ressaca moral!

Um curto silêncio se instalou para Tadashi assimilar as informações. E por fim respondeu:

- Por que você não vê durante a semana como ele te trata? As vezes você tá criando esses cenários na sua cabeça. - Se levantou e deu um tapinha no ombro de Atsumu - Não fique se martilizando tanto pelo o que você nem sabe se realmente aconteceu, ok? Eu vou tomar banho.- E entrou no banheiro.

E assim, Atsumu tentou repetir as palavras do seu colega de quarto como um mantra: "Não fique se martilizando tanto pelo o que você nem sabe se realmente aconteceu, ok?". Decidiu pegar seu diário e escrever exatamente isso com uma caneta vermelha.


Sakusa foi invisível a semana inteira. Atsumu não o viu nem sequer um dia, nem no refeitório, nem entrando ou saindo do seu dormitório, nem nas quadras, nada, o que aumentou mais ainda a sua ansiedade. Mas, chegou a querida quinta-feira em que ambos faziam estatística juntos, na cabeça de Atsumu, aquele tormento ia finalmente acabar.

Quando ele entrou na sala, Sakusa entrou logo atrás. Atsumu teve que pensar rápido no que fazer e decidiu dar um "oi" ligeiro com a cabeça. E pra sua felicidade, Sakusa retribuiu o gesto, se sentando bem longe dele — Ufa, um elefante saiu de suas costas.

Atsumu decidiu então dar uma investida nessa amizade inusitada de bêbado. Após o término da aula, decidiu seguir Sakusa de fininho para ver aonde era o seu armário. Sakusa Kiyoomi era um homem de poucas palavras, forçar algo além da capacidade dele seria pedir para fracassar. Ele teve que pensar muito bem em como abordá-lo, queria chamar ele pra almoçar algum dia, queria saber se ia lembrar um pouco mais sobre a conversa deles naquele corredor 3 horas da manhã. Então, veio a brilhante ideia — que veio de Suna, diga-se de passagem — de colocar um bilhete no seu armário, perguntando se ele gostaria de almoçar ou se encontrar com ele algum dia.

Mais tarde no mesmo dia, ele havia escrito um bilhete convidando Sakusa para almoçar, como amigos — Atsumu teve que pensar em todas as palavras para não parecer estar chamando ele para um encontro — e colocou no armário do moreno, assinando com o seu nome e colocando o seu telefone para que ele pudesse dar a resposta e também o número de seu armário para caso ele não se sentisse confortavél em conversar com ele por mensagem.

Agora era rezar pra dar certo.


Após voltarem do jantar, que foi pizza por que nem ele, nem Yamaguchi, muito menos Suna, aguentavam mais a comida daquela cafeteria da faculdade, Atsumu entrou no dormitório e abrindo a porta viu uma folha de papel no chão perto da porta. Era de Sakusa.

Aparentemente aquele dia depois da festa, Atsumu tinha falado pra Sakusa o número do seu dormitório e milagrosamente, o menino lembrava.

"Claro, amanhã depois do almoço podemos conversar no jardim do campus, combinado?

- Sakusa Kiyoomi (XXXX-XXXX)"

Ok, para tudo. Ele havia passado o número de telefone para Atsumu. Ele só não pulou de animação por que ia contra a pequena dignidade que ele ainda tinha com Tadashi e por que ele queria manter em segredo por um tempo, vai que dá errado, né?

Ele pegou seu telefone, digitou o número, salvou o contato e respondeu: "Combinado ;)"

Essa foi a primeira vez em que Atsumu pegou seu diário realmente com gosto e decidiu escrever sobre aquilo, aquela majestosa conquista. Escreveu como havia chamado ele para se encontrar, e como parecia estar tudo bem entre os dois. Até mesmo levantou um questionamento de o por que estava tão curioso e de certa forma obcecado por conhecer melhor o menino. Achou que seria algo para responder mais pra frente. Terminou de escrever quase duas páginas sobre os acontecimentos e guardou seu diário, indo deitar ansioso pelo dia seguinte.

Atsumu mal sabia que aquele bloco de papel ainda contaria muito sobre a sua história com o menino misterioso de cabelos negros.


oie, perdão o sumiço, eu voltei.

finalmente estou de férias da faculdade (tinha pego recuperação mas eu passei uhuu)

Dica da autora: Se você fizer/faz veterinária, estude muito pra patologia, de verdade.

já aviso que fazia tempo que não escrevia então espero que esse cap tenha a mesma qualidade que os outros e não tenha decaido muito, mas enfim.

votos e comentários são muito bem-vindos!

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