VII. Não vou te deixar sozinho hoje.

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O cabelo de Sakusa era mais macio do que ele pensava que seria. Atsumu evitava encostar em Sakusa ocasionalmente por que sabia que ele tinha um problema com germes, limpeza e multidões. Falando nisso, Sakusa Kiyoomi tem cheiro de lavanda com um cheiro maravilhoso de coco, certeza que era o que ele passava no cabelo.

O beijo dele também era tão macio quanto seus cabelos escuros. Sua lingua parecia veludo e fazia os movimentos meticulosamente. As mãos de Sakusa o estavam segurando no rosto, passando os dedões levemente no seu maxilar, o que fazia Atsumu arrepiar. Seu coração estava finalmente batendo mais lentamente, mais calmo.

Sakusa funcionava como ansiolítico e o cheiro de lavanda que ele exalava era como aromaterapia. Atsumu nunca mais queria que aquilo parasse.

Pela primeira vez em diversos meses, o mundo de Atsumu parou de rodar. Naquele momento, só existia ele e Sakusa Kiyoomi. Na sua cabeça, só passava a sensação de ter alguém tão próximo de si que chegava a ser sufocante mas ao mesmo tempo extremamente confortável.

O vente frio da noite secava as lágrimas nas bochechas dos dois, deixando suas peles refletindo as luzes da cidade.
Depois de algum tempo, Sakusa se afastou.

- Meus joelhos... - Atsumu o olhou confuso, e depois para seus joelhos que estavam encostando no concreto havia um bom tempo e deveriam estar super doloridos.

- Ah, sim. - Atsumu levantou e ajudou Sakusa a levantar. Sakusa era poucos e chatos centímetros mais alto que ele, mas que eram extremamente sensuais, se me permite dizer.

Ambos estavam corados, sem saber o que dizer.

- Eu... Eu preciso tomar banho - Disse Atsumu envergonhado mas quebrando o gelo. - Estou cheirando a óleo do restaurante.

- Ah, ok. Vamos lá então... Digo, pra lá. - Respondeu Sakusa se corrigindo ficando mais vermelho do que ele já estava, olhando para o chão e depois para Atsumu, que estava o olhando com um pequeno sorriso. Sakusa sorriu de volta. - Você precisa realmente lavar essa sua cara de choro.

- Cala boca, Omi. - Atsumu disse se virando para a porta do terraço com um sorriso no rosto.

Pela primeira vez desde que se conheceram, Atsumu pisou dentro do dormitório de Sakusa. Sakusa morava sozinho, havia conseguido implorar para a diretoria ficar sem ninguém pois ele realmente tinha um problema com sujeira e bagunça — Atsumu tinha certeza de que ele havia subornado eles, mas tudo bem.

O cômodo era limpo até demais. Ele não sabia como, mas Sakusa conseguiu tirar até as manchas estranhas que tem em todas as escrivaninhas daquela faculdade — Notas mentais: Pedir dicas de limpeza para Sakusa. Haviam algumas plantas, extremamente bem cuidadas, uma cafeteira invejável da Dulce Gusto de cor preta, e pelo incrível que pareça, um poster de um filme que Atsumu não sabia qual era, devia ser daquele filmes super cult que Sakusa gostava de assistir.

- Toma. - Atsumu fui tirado de seus devaneios de designer de interiores com Sakusa lhe dando uma toalha. Ele achou que eles só estavam indo pegar alguma coisa lá, Yamaguchi não estava no dormitório então ele poderia muito bem ter ido para o seu.

- Eu posso tomar banho no meu quarto. - Tentou devolver a toalha.

- Não vou te deixar sozinho hoje. - Sakusa disse assertivo. Atsumu ficou bobo e andou reto como um poste até o banheiro.

Fechando a porta, Atsumu se olhou no espelho e suspirou. Ele ainda estava muito diferente, ele ainda tinha depressão e passou por maus bocados, e não era uma conversa e um beijo da sua (agora antiga) paixão platônica que iam mudar esse cenário. Mas existia uma coisa diferente, provelmente uma chama em seu coração que finalmente parecia que não ia se apagar tão cedo, algo que finalmente o estava dando uma perspectiva de vida.

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⏰ Última atualização: Dec 13, 2022 ⏰

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