Salva na Cachoeira

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Cristina tinha pegado o cavalo escondida e passeou por aquelas terras que tanto gostava e não teve o direito de desfrutar por anos, pegou uma estradinha de terra que ninguém usava só quem conhecia de verdade, deixou o animal trotar numa cadencia gostosa sem pressa alguma, a bronca que iria levar ia valer a pena se o momento de agora fosse bem aproveitado.
Por outro lado Frederico acelerava sua caminhonete negra naquela estrada abandonada sem pena, sempre teve aquele sonho quando anos atrás caminhava a pé e pensava que seria só um peão morto de fome, agora o jogo tinha virado e Severiano ia pagar caro pelas humilhações do que lhe fez no passado.
O destino muito traiçoeiro decidiu apresentar os dois sem ninguém por perto, enquanto ela estava na cachoeira pulando de uma pedra alta pra água como fazia quando era criança, ele parava do outro lado e foi até a margem e viu algo estranho, o que passava era que a jovem não calculou bem o mergulho e quando tocou o fundo acabou acabou ficando com o pé preso numa fenda e não conseguiu subir, era o seu fim com certeza.
Frederico sentiu o peito apertar e tirou as botas com a meia, jogou o chapéu e jaqueta no chão caindo na água transparente e assim que mergulhou viu a menina presa, nadou até lá e com cuidado soltou seu pé sentindo ela lhe agarrar como tábua de salvação, ele foi pra superfície e nadou até a uma das pedras e a deixou sentada, nadou de volta pra outra margem e com um sorriso acenou pra ela. A jovem não se importou de está só de lingerie e caiu na água atravessando e indo até seu salvador.

- Menina eu acabei de te deixar a salva do outro lado _ riu dela que não parava de tremer de frio, mas não conseguia tirar seus olhos do seu corpo  ficou sem entender aquela atração tão instantánea.

- Perdão, mas você me salvou não é justo te deixar ir embora sem agradecer _ se aproximou e o abraçou forte sentindo como era grande e forte, a voz grossa e aqueles olhos penetrantes.

- Não era preciso menina _ suspirou e a prendeu entre seus braços, sua presença fazia seu peito disparar sem motivo _ teve sorte de eu ter parado, caso contrário seus pais iam te achar morta aqui sem chance de você se salvar.

- Eles não ligam pra mim, sou a pobre menina rica senhor desconhecido _ desabafou sem economizar no drama.

- Não fale essas coisas, vai ser mãe um dia _ ele tinha frio, mas não podia deixar de sentir aquele corpo feminino colado ao seu.

- Perdão, não quis ser incoveniente com os meus comentários _ ela se afastou sem graça e desviou seu olhar do dele.

- Não se sinta assim _ ficou mais próximo da menina e beijou seus lábios delicadamente, sua boca se movia junto a dela sem cerimônia e quando acabou se afastou deixando ela totalmente confusa e com as mãos nos lábios _ pode voltar ao outro lado ou quer ajuda? _ trouxe ela pra si novamente e antes de tomar sua boca de novo parou.

- Obrigado, mas posso voltar sozinha _ riu nervosa pelo beijo e correu pra dentro da água sem olhar pra trás.

- Que mocinha mais linda, espero que more perto da fazenda do Severiano, eu quero fazer ela de amante com certeza! _ gargalhou e foi pro carro com um sorriso sem vergonha que só ele tinha.

{...}

Eulogio chegava na fazenda como novo encargado dos animais, ele seria a ponte entre Bento que era o melhor veterinário da região e a fazenda Bananal, mais além disso seria o espião de Frederico e seus olhos e ouvidos naquele lugar. Estava no lado de fora da casa grande e viu quando Consuelo chegou com seu vestido longo e rosa bebê e os cabelos presos, parecia chegar de bem longe pois estava esbaforida e vermelha, bastante suada. Olhou pra ela que ficou fazendo a mesma coisa e foi se aproximando dele, que também caminhava até ela e se encontraram no meio do caminho.

- Estou procurando o patrão, sou o novo encargado dos animais, prazer sou Eulogio _ esticou o braço pra ela de mão aberta.

- Meu marido já me disse que chegaria um trabalhador novo, infelizmente Severiano está de viagem, mas eu posso resolver seu caso pessoalmente _ segurou a mão dele num cumprimento seguro e firme _ sou Consuelo Alvarez!

- O prazer quem teve fui eu agora senhora, por isso é só me ordenar que farei _ disse impressionado com sua beleza e por ser tão linda pra um velho decrepito como seu esposo.

- Quem é seu patrão é meu esposo, mas se eu precisar dos seus serviços eu pedirei com certeza _ disse tímido e abaixou a cabeça.

- Agora precisa de algo? _ sentiu que foi invasivo, mas não ligou, só de ter ela por perto era um alívio pro seu revoltoso coração.

- Não senhor Eulogio, agora eu preciso ir embora daqui _ se sentiu estranhamente incomoda com aquele homem e preferiu se afastar _ suas malas pode deixar no alojamento dos peões até o meu esposo chegar e lhe orientar onde vai ficar.

Vicenta que andava lentamente passou pela patroa e seguiu encontrando Eulogio no meio do caminho, estranhou aquele desconhecido e parou na sua frente, era um tipo alto e moreno sem barba e com roupa simples, era um novo peão, ela pensou assim.

- Muito prazer eu sou Eulogio! _ esticou o braço e pegou na mão dela _ sou o encargado dos animais de raça do patrão.

- Sim, ele já me disse onde vai ficar _ sorriu mais calma _ veio de longe, por hoje pode descansar, o patrão já me deu todas as orientações.

- A senhora se sente bem? _ ele sabia do segredo do patrão e cuidaria de perto a Vicenta.

- Sim filho, só as dores de envelhecer apenas _ foi na frente pra mostrar onde ele iria viver.

Eulogio foi atrás prestando atenção em tudo e todos, mas também no fator território que iria decorar pra andar de olhos fechados, tudo pra ajudar seu patrão na sua vingança.

MI DULCE FIERAOnde histórias criam vida. Descubra agora