A palavra desse capítulo é ''Padre''
só vai
◇◆◇
Hajime estava sentado à mesa da cozinha, cuidando do livro caixa, acertando tudo para que eles pudessem fechar mais um mês no restaurante sem prejuízo. Ele deveria fazer isso em seu escritório, mas Tooru sempre reclamava quando ele trazia trabalho para casa.
Então, contanto que ele pudesse ver o marido do seu lugar no sofá, estava tudo bem. Tooru era como um porquinho da índia que morria se deixasse sozinho por muito tempo.
"Ainda falta muito, Iwa-chan?"
"Tanto quanto da última vez que você perguntou."
Tooru choramingou.
"Vem assistir com a gente, pai," chamou Chiharu.
Isso era golpe baixo, Tooru estava usando a filha deles para o atingir. Ele se levantou, juntando-se à sua família no sofá. Ele sempre poderia tomar uma lata de energético e trabalhar até tarde quando eles fossem dormir.
Hajime sentou no meio do sofá, um braço recebendo o companheiro, enquanto o outro aconchegava sua garotinha.
O filme acabou sendo uma distração divertida, apesar de uma animação com o genérico final feliz para sempre.
Quando o príncipe estava a ponto de pedir a garota do chapéu mágico em casamento, Chiharu sentou-se novamente, olhando para ele e Tooru.
"O que foi, querida?" Tooru perguntou.
"Posso fazer uma pergunta?"
"Claro."
"Como você e o pai se conheceram?"
Hajime olhou para o companheiro, que já estava olhando para ele.
"Somos amigos de infância, te contamos isso," respondeu Tooru.
"Sim, mas, eu quis dizer", Chiharu o interrompeu, "como vocês terminaram juntos?"
Hajime riu. "Achei que esse dia nunca chegaria."
Ele pegou a garota, deixando-a sentada sobre seus joelhos. Tooru começou a falar.
"Você se lembra quando nós te contamos que nossas famílias eram rivais?" Chiharu anuiu. "As avós do seu pai tinham o mesmo negócio que os meus, então é um longo histórico odioso. Nós crescemos com a ideia de que sempre deveríamos nos odiar."
"Mas então um dia, eu encontrei um garoto chorando no parque," disse Hajime. "Ele estava chorando porque tinha perdido sua bola."
"Era o papai?"
"Ele mesmo", Hajime sorriu, "eu sabia quem era, mesmo assim, o ajudei a procurar por sua bola. Passamos a tarde toda procurando, até ele se lembrar que não tinha saído de casa com ela naquele dia."
Chiharu riu. "Isso é a cara do papai."
"Ele é mesmo um idiota."
"Ei!"
"Depois disso nós nos encontramos praticamente todos os dias. No começo, era apenas coincidência encontrá-lo no mesmo parque que eu frequentava. Depois de um tempo, eu só saia de casa quando tinha certeza que seu pai estava me esperando."
"Então o ensino médio começou", Tooru começou a contar aquela parte da história deles, "meus pais fizeram questão de me matricular na melhor escola da cidade. Os pais do Iwa-chan tiveram a mesma ideia. A essa altura, eu já estava de saco cheio dos meus pais controlando cada passo da minha vida, então fiz tudo que eles desaprovariam. Entrei para o clube de vôlei, comecei a escapar durante a noite..."
"Ficar com toda garota que respirava do seu lado..." Hajime fingiu tossir.
"Shh, ela não precisa saber disso!"
"Seu pai era um galinha, Haru."
A garotinha riu junto com o pai.
"Continuando!" Tooru limpou a garganta. "Minha vida estava uma bagunça, mas, no meio de todo o caos, seu pai sempre esteve lá para me ajudar."
"Eu colocava juízo na cabeça dele."
"E outras coisas também..."
Hajime lhe deu um pescotapa.
"Ei", Chiharu o repreendeu, "o que falamos sobre você bater no papai?"
"Só quando ele merecer de verdade," resmungou Hajime.
"Não tem uma regra onde eu não saia agredido?"
"Aí o mundo se tornaria um caos."
"Continua a história, papai!" pediu Chiharu, sabendo que se seus pais começassem a discutir não teria fim. Hajime continuou a falar.
"A coisa ficou complicada de verdade quando nós dois nos apresentamos como Alfas."
"Seu pai já sabia que era louco por mim," cantarolou Tooru.
"Vocês já estavam namorando?" animou-se Chiharu.
"Sim," disse Hajime. "Ninguém sabia de nada, apenas nossos amigos que nos davam cobertura. A gente já estava acostumado a nos encontrar às escondidas, então não foi difícil. Mas então o rut do Tooru chegou antes do programado e..."
"Meus pais me prenderam em um quarto com um ômega" disse Tooru, sabendo que aquela parte da sua história mexia com o marido. "Eles tinham descoberto sobre nós, então forçaram o meu rut para que eu subjugasse um ômega."
"E o que aconteceu?" perguntou Chiharu quando os dois ficaram quietos.
"Bem, filha, um Alfa no rut fica meio..." Tooru coçou a nuca, não sabendo como contar para uma garota de oito anos como ele se tornava alguém dominado pelo insistindo quando seu lobo assumia o controle do seu corpo.
Hajime tomou a dianteira.
"Os pais dele só abriram a porta do quarto quando tiveram certeza de que ele e o ômega ficaram juntos. E quando o ômega revelou que tinha engravidado, eles marcaram a data do casamento."
"Eu não vi o Tooru durante semanas. Ele começou a receber aulas em casa, perdendo nossa formatura. Eu só descobri o que estava acontecendo quando o convite chegou na nossa casa."
"Eu nunca imaginei que seu pai arrombaria a porta de uma igreja e falasse tanto palavrão em um lugar sagrado." Tooru riu. "A cara do padre quando seu pai me beijou e me levou para fora da igreja me dá crise de riso até hoje."
Tooru olhou para o marido, encontrando-o rindo também. Era como voltar no tempo, lembrava-se claramente do companheiro gritando para os sete ventos que não o entregaria a ninguém.
"Então vocês fugiram juntos e foram morar com o tio Koushi," disse Chiharu.
Tooru anuiu. "Essa parte da história você já conhece."
"E o que aconteceu com o ômega?"
"Quando a gente fugiu, perdemos contato com todo mundo. Demorou um pouco até a gente se sentir seguro para contatar nossos amigos," disse Tooru. "Um deles, o Makki, me contou que meus pais acolheram o ômega na intenção de criar o bebê. Como eu fui embora, ela era a única esperança deles de conseguirem um herdeiro. Mas a barriga do ômega nunca cresceu, o bebê não existia."
"Ele deu o golpe da barriga?" exclamou Chiharu.
"Como você conhece isso?" Hajime franziu a testa.
A garota deu de ombros. "Eu vi na TV."
Tooru riu. "Muito bem, eu acho que isso conta como uma história de ninar."
"Ah, não," reclamou Chiharu, mesmo assim, ela fez o que foi pedido. Escovou os dentes e seguiu para a cama, onde seus pais a embalaram com beijos e boa noite e ela teve a certeza de que queria viver uma história de amor como a de seus pais.
![](https://img.wattpad.com/cover/299793312-288-k312934.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Modern Family
Hayran Kurgu[Continuação de ''Hope''] Aos vinte anos, Keiji descobriu que estava grávido. E o que ele achou que seria o fim de tudo, acabou se tornando o começo para restaurar sua esperança na vida. Agora, aos 26 anos, agradesce todos os dias por estar ao lado...