2 | San Diego Club Crawl

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Ayumi, Maya e eu estávamos na The White Dress escolhendo os vestidos de formatura que estava datada para depois de amanhã. Os meninos nos acompanharam até metade do caminho, mas quando perceberam que ficariam horas sentados vendo a gente trocar de roupa decidiram que iam dar uma volta no shopping e depois passariam aqui. Não tiro a razão deles.

Maya saiu do provador com um vestido lindo em azul turquesa, o decote v valorizando os seios e as sardas que combinam com o cabelo ruivo natural.

— Esse é com certeza o seu vestido — Falei.

Ela sorriu, tentada a tomar essa decisão. — Vou provar mais alguns.

Uma vendedora estava me ajudando com o meu e sinceramente, não fazia ideia de qual escolher. Fiquei indecisa entre o rosa pastel com pérolas na bainha e o verde jade com mangas transparentes.
Provei os dois e odiei.

Espiei por cima da cortina e vi Ayumi usando um vestido de seda branco sem bojo, o que valorizava a falta de seios e ainda mais sua bunda.

— Uau! Tô sem palavras — Cochichei por cima da cortina.

Ela quase pulou para trás ao me ver, eu teria gargalhado muito se não estivéssemos em uma das lojas mais caras de San Diego. 

— Você quer me matar antes da formatura? — Resmungou.

Saí do provador e sentei no sofá de frente para um grande espelho com um círculo em frente.
Ainda tinha um para que eu provasse, e a vendedora insistiu que eu iria adorar e ficaria perfeito.

— Vocês gostaram? — Perguntou Maya ao sair do provador com um vestido preto, sem muitos detalhes a não ser pela cauda de sereia com pequenas pedrinhas e o decote em renda nos ombros.

Com certeza valorizou muito sua sinunheta mas parecia que ela estava indo para um enterro.

— Você vai garantir a herança do velho rico? — Falei ironizando e cruzando as pernas.

Ayumi sorriu ao sair do provador com o mesmo vestido, agora ajustado ao seu corpo.
Pude ver bem os detalhes, o corte fino e a fenda na coxa.

— Você tá linda May, mas não acha preto um pouco pesado para a ocasião? — As palavras saíram tão doces quanto a intenção.

Maya sentou ao meu lado do sofá, sem tirar o vestido de enterro dela.

— Nós não vimos você em nenhum ainda — Me lembrou.

Me apressei em entrar no provador onde o último vestido já estava me esperando junto com a costureira.

Me despi e o coloquei, minha reação foi um choque até pra mim. Ficou Lindo.
Vermelho e sem muitos detalhes com uma alça fina e um decote quase grande demais, cobrindo apenas meus seios. Ele descia leve sob meu corpo, como se fosse feito exatamente pra mim. Dispensei a costureira assim que entrei nele.

Abri a cortina e vi que os garotos já estavam na loja, sentados no sofá em frente ao espelho, e pelo visto me esperando sair do provador.

Alex, sentado de pernas cruzadas parecia um produtor de Hollywood em ascensão, enquanto Dean se mostrava o figurão com a jaqueta de couro preta. Sam não havia sentado. Estava em pé, de braços cruzados.

Senti o choque de todo mundo ao me ver saindo do provador, porque foi exatamente a minha reação. Eu vi minha cara estampada na deles.
— Ja podemos ir agora? — Falei, tentando não ficar vermelha.

Sam me beijou e disse o quanto estou linda, acrescentou algo como "fácil de tirar" no fim da frase. Aquilo me arrancou um sorrisinho e umas borboletas no estômago.

[....]

Nós já havíamos escolhido os vestidos, Maya ficou com o azul turquesa e Ayumi com o de seda branco. O meu já não é novidade pra ninguém.

— Ok, uma última noite de bebedeira em San Diego? — Perguntou Dean encostado contra o carro — San Diego Club Crawl.

— Última noite? Calma? — Maya parecia confusa. Eu também não entendi muito bem.

— Última noite antes do verão em Malibu — Explicou ele.

Os meninos confirmaram, e nós também.
Beber até não aguentar mais com identidades falsas em uma das melhores boates do estado, privilégios de jovens de elite americanos.

Dean conseguia ser de longe o cara mais estiloso. Ele é meu melhor amigo desde o jardim, e dois anos depois de nos conhecermos virou meu vizinho. Alex e ele brincavam juntos enquanto eu observava de longe. Mesmo Alex sendo três anos mais velho, Dean sempre foi uma criança adiantada e com uma mentalidade fora do comum.

Conseguimos parar na casa de cada uma pra trocar de roupa e arrumar o cabelo, tal como universitárias formandas curtindo a fase adulta. Era quase isso.
Um fato que as meninas e eu estávamos praticamente iguais, padrões de uma sociedade escrota e injusta.

Foi questão de pouco tempo até estarmos entregando as chaves dos dois carros, um Audi R8 branco dirigido pelo Alex e a Bmw m3 preta que Sam dirigia. Três pessoas em cada carro. Entregamos as chaves a um chofer parado em frente à entrada vip da boate.

Alex conhecia o dono, um dos seus amigos íntimos de Harvard. Eu nunca entendi bem o conceito de amizades dele, até porque é o mais velho de nós e poderia estar andando com pessoas mais velhas.

Entramos sem precisar de documento ou identificação, a música alta explodindo nos meus ouvidos.

Senti Sam me pegar pela cintura. — Você não cansa de ser tão linda? — Falou em meio a música alta.

Eu virei para o beijar mas foi impossível com Ayumi me puxando em direção a pista de dança.
Tentei um olhar demorado, um pedido de desculpas sem usar as palavras, já sentindo meu corpo se acostumar com o ambiente. Peguei o copo de whisky com um dos garçons que rodeavam o open bar e tomei um gole devagar, desceu quente e rápido, me deixando solta na pista de dança.
Cinco minutos depois já estava tudo girando.

E de alguma forma eu sai da área vip e fui para mais perto do palco, o dj gritava em aprovação a animação da boate. O que eram dois copos de whisky se tornou uma garrafa de vodka e uns drinques com gin. Eu perdi o controle da situação.

— Porra! — Resmungou o cara que estava atrás de mim — Tenta olhar por onde anda.

— Foi mal — Falei já bebada demais pra pensar.

E como se estar bebada já não fosse o bastante, derrubei toda minha bebida nele.

Senti o olhar de desaprovação, eu não sei de onde reconhecia aquele rosto. O cabelo escuro, preto, e os olhos azuis, se bem que com meu estado poderia ser qualquer cor e qualquer pessoa.

— Me desculpa — Minha voz saindo rouca e desagradável.

[....]

Acordei sobressaltada, a cabeça martelando ideias negativas sobre ontem.
Não sei como ou em que momento cheguei a voltar para o meu quarto no apartamento que dividia com Alex. Tentei levantar, minha visão turva não me permitia ver o chão ou qualquer coisa por perto. Eu continuava com o vestido de ontem, e um cobertor cobria meu corpo.

Era impossível pensar em algo nessa situação.

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