Corri para o banheiro em uma tentativa desesperada de deletar aquela cena da minha cabeça, Sam nem ao menos me deixou explicar, isso o fazia tão culpado quando eu.
Eu havia beijado alguém na boate, me lembrei no dia seguinte assim que acordei, apesar de tentar apagar essa memória constantemente não mudava o que já estava feito, também não mudava o que ele havia feito.
Ele sumiu, sem sinal de vida, sem um oi ou qualquer outra coisa, me desprezou e me tratou como um nada, me julgou sem ao menos conversar comigo. A falta de reciprocidade foi o que pesou entre a saudade e a dor de não o tê-lo comigo.
Quando abri a porta do banheiro, dei de cara com o cara do San Diego Club Crawl.
— Oi — Falei, meio sem jeito.
— Eu conheço você? — Perguntou ele.
— Não, desculpe. Mas acho que eu te conheço — Fui saindo e fechando a porta — Acho que derrubei bebida em você.
Escutei as pessoas batendo palmas na plateia e logo então o nome de Maya.
— Eu preciso ir — Disse antes de correr até a apresentação.
Ele revirou os olhos como se esgotado da minha presença, por mínima que ela fosse.
Senti alguém segurar e puxar meu braço antes de chegar lá, a mão gelada contra minha pele. Sam.
Ele me puxou até o hall onde não havia mais ninguém, e só quando chegamos lá ouvi ele falar.— O que você tem na cabeça? — A voz rouca, grave, uma voz que nunca cheguei a escutar.
— O que eu tenho na cabeça? — Respondi — Sam, você não deu um sinal de vida, não me deixou nem explicar.
— Então você fica bêbada e já age como uma vadiazinha? — Seus olhos se estreitaram de uma forma cruel.
"Vadiazinha"? Ele só podia estar brincando.
— Eu vi você beijar ele, vi quando você subiu na porra da moto dele e saiu sem dar satisfação alguma. Quer mesmo falar de explicação, Alissa? Então me explica que caralho você fez com ele — A voz que antes não passava de um sussurro já estava chamando atenção demais.
— Sam... — Meus olhos enchendo de lágrimas.
Eu não lembro quem havia beijado, muito menos de sair de lá com alguém que não o Alex ou o Dean.
— Você quer saber se eu transei com ele? Quer saber se ele me fodeu igual você me fode? — Minha voz havia engrossado — Não porra, diferente de você eu tenho caráter.
Sam não conseguia me olhar, não estava olhando nos meus olhos ao falar qualquer coisa.
— Você não tem limites! — Disse ele.
— E você acha que é quem pra falar sobre isso? A porra do meu namorado que não soube lidar com um problema e fugiu igual um garotinho mimado de merda? Pois bem, eu concordo! — Isso foi o suficiente para que com um movimento errado, uma das marcas na minha coxa aparecesse.
— Você ainda diz que não fodeu com ele? — Disse olhando para o roxo quase esverdeado presente ali.
— Sam, isso não é o que você está pensando — Mal deu tempo de terminar de falar, o cara da boate já estava esmurrando meu namorado até o sangrar.
Uma multidão se formava ao nosso redor, Dean tentava segurar o cara da boate enquanto Alex gritava para que Sam parasse, ambos com sangue escorrendo e no mínimo um olho roxo.
— O que está acontecendo aqui? — A voz grave do diretor Filips era audível para todos no hall.
A multidão ao redor agitava-se em pânico, me deixando ainda mais preocupada com o que viria depois.
Meu pai.
Meu pai não sabia que eu estava com Sam.A punição por mentira é a pior de todas.
Maya se assustou ao me ver quase pálida demais, mas eu não conseguia reagir, não mais, eu havia parado no tempo no momento em que o cara da boate pulou em cima de Sam.
Por que porra ele havia feito isso? Merda.Tentei me esquivar, não falando com May e saindo sozinha do hall, precisava de ar, de respostas, de uma solução para tudo isso.
Errei com ele, estava claro até pra mim, mas "vadiazinha"? Porra, não.
Então lembrei do cara de olhos azuis cristalinos, lembrei da moto preta e do nome dele.
Matt.
Eu não havia transado com ele nem nada do tipo, ele me viu quase desmaiar de bêbada e me beijou para afastar os caras que estavam ao meu redor, me olhando apetitosamente como uma presa de uma noite, alguém usável e e descartável.
Matt não me beijou porquê quis, ele o fez para que ninguém me usasse e depois me levou até a casa de Dean.
Espera, como ele sabe onde fica a casa do meu melhor amigo?Meus pensamentos dominavam, me deixando angustiada e confusa, me fazendo enfraquecer e quase chorar. Eu até tento, mas as lágrimas estão presas por frustrações severas no interior da minha alma.
Sinto alguém por perto, a pele quente e acolhedora me colocando nos braços até o carro, passando de novo por aquela multidão que ainda por algum propósito discutia algo.
Não consegui avistar nenhum dos meus amigos ao ser jogada no banco de trás da limousine.— Leve-nós para casa — A voz grossa do meu pai soou rigorosa com o motorista.
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Memories Of A Love
RomantizmO verão impecável está perfeitamente planejado. Ou quase. Surpreendida negativamente com o homicídio do seu namorado, só tem uma coisa que Alissa deseja, se livrar da dor de perda e ainda pior, culpa. Mas apesar da tristeza inevitável, até nos di...