"Você é terrivelmente parecido com o papai"

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Será que as coisas precisam de motivos para acontecer?

O mundo é um lugarzinho assustador, com pessoas medonhas e uma escuridão infinita. Albus Potter nunca imaginou que a sua vida fosse virar de cabeça para baixo tão de repente. Ele tinha planos mágicos, uma ambição de tirar o fôlego, livros e poucos amigos. Estudava numa escola de magia fantástica e comia de banquetes exuberantes. Ele tinha uma família gigantesca, uma avó que lhe fazia suéteres, um avô que lhe ensinava sobre os trouxas, tios incríveis, primos engraçados, uma mãe que cantava para ele dormir e um pai que o amava infinitamente.

Ele tinha.

As coisas costumam se perder quando você não as valoriza. Albus presumia que deveria ter valorizado, assim, ao menos, teria lembranças melhores.

Sentado em frente à lápide de Harry Potter, Albus se fazia perguntas sem respostas. Já deveria ter passado da fase de criar frases desconexas, perguntas sem sentido e de rir de nada. Rir num cemitério não deveria ser considerado normal, mas levando em conta que aquela era a costumeira fase da negação, deveria pegar mais leve com sua pessoa.

Mas era estranho, sabe? Ele estava sentado em cima de seu pai morto e uma guerra se desenrolava ao seu redor. Sua família nunca esteve tão descomunalmente quebrava e os sorrisos de ontem já não faziam mais presença dentro daquelas paredes calorosas da Toca.

Sua mãe estava depressiva e o velho cachorro da família já não queria mais latir. James não jogava Quadribol e Lily não queria saber de cantar. Seus tios pareciam sem graça e Rony estava internado no hospital. Hermione Granger, a adorável Ministra, se encontrava perdida e sem foco. E seus adoráveis primos já não faziam mais piadas.

Albus deu uma batidinha na lápide de Harry.

--A sua morte está desenrolando uma bela de uma guerra, Harry Potter.--Sua risada sai curta e seca.--Mamãe não aguenta mais chorar...

Foi rápido e talvez Albus não tivesse tido tempo de notar se não tivesse olhos atentos (uma qualidade um tanto promissora). Um vento gelado tocou seu rosto e a moita atrás da velha árvore encurvada se mexeu. O Potter teria acreditado ser o bom e velho amigo vento, isso se não tivesse visto um pé.

De repente, como se só acontecesse em momentos como aquele, ele se lembra do aviso de sua mãe. Não deveria sair de casa sem a companhia de seguranças.

Uma outra risada curta e seca preenche o silêncio.

--James parou de jogar Quadribol, ele disse que não vale mais à pena. Imaginou algo assim? O pegador, maioral, incrível no Quadribol, James Potter, não quer mais saber do Pomo de Ouro.

Se fosse um repórter, o que era provável, Albus não se importava de ele, ou ela, saber desses fatos. Ninguém mais se importava. A família Weasley estava quebrada, todo mundo sabia disso... Os jornais não venderiam o óbvio.

Ele joga a cabeça para trás e prende o foco nas nuvens pesadas logo acima de seu cabelo incrivelmente bagunçado. Estavam falando que aquele era o mesmo céu da Segunda Guerra, o céu da morte, da dor, da escuridão sem fim. Pelo visto ele queria participar da terceira.

Outro vento gelado passa por seu corpo. Estava prestes a nevar, logo o mundo ao seu redor estaria branco. Ele poderia construir um boneco de neve e depois o cobrir com as roupas de seu pai e um dos velhos óculos que habitavam a gaveta. Assim poderia se apegar a uma imagem falsa do bom e velho salvador do mundo Bruxo.

Argh!

Albus não teria se importado com o lamento da pessoa da moita em outras circunstâncias, mas aquele som lamentoso havia consigo o deixar preocupado. Ela parecia ter se machucado...

O Destino Quis-ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora