O Destino Quis-Scorbus

"Sei o você está tentando fazer"

Havia algo incontestável em Scorpius Malfoy.

Talvez fosse seu sobrenome explodindo em frente aos olhos de todos, ou talvez fosse aqueles orbes acinzentados que chamavam atenção até da pessoa mais desatenta, mas Albus não conseguia deixar de pensar naquele garoto estranho vivendo em sua casa.

Era simples... Scorpius Malfoy não saia de seus pensamentos, Scorpius Malfoy estava morando em seus pensamentos e Scorpius Malfoy não sairia mais de seus pensamentos.

Albus finalmente tinha alguém que o entendia, um amigo estranho e misterioso. Albus tinha um amigo, A-M-I-G-O, e essa era a única coisa que importava.

Albus suspira, perdido. Depois de uma semana, ainda não havia convencido seus irmãos a terem uma conversa longa com Scorpius, e o garoto, ao contrário do que Albus gostaria, nem parecia se importar. Já estava exausto e nem sabia o motivo. Tia Hermione estava dando o seu melhor no Ministério, mas ainda não havia chegado no resultado que queriam... De qualquer forma, a vida estava andando.

Um tapa fraco é depositado em seu ombro e Albus finalmente volta a sua atenção para a figura ruiva de James. O irmão tinha suas sobrancelhas franzidas e parecia tentar ler seus pensamentos.

--O que foi?--Albus pergunta, o olhar confuso.

--A gente estava conversando quando de repente você voou para a Terra do Nunca. O que tem acontecido com você? Desde que você trouxe Scorpius Malfoy para cá, tem andando bem desligado.

Albus suspira, nem ele sabia o que estava acontecendo.

--Desculpa... Mas você não quer mesmo conhecer ele?

--Não... Eu não quero.--James responde de maneira grossa--Eu estou preocupado com mamãe, ela não consegue olhar para ele... Não sai do quarto a uma semana. Você deveria ir conversar com ela.

Albus já havia ido... Ele já havia ido mais de vinte vezes, mas a mãe não queria saber de parar de chorar. Albus não podia culpá-la por ter se deixado cair, fora ela que salvara Harry de sua depressão pós guerra, fora ela que passara cada segundo ao seu lado, o animando quando Rony e Hermione não eram capazes. Fora ela que o tirara da escuridão, fora ela que acabara com seus pesadelos, fora ela que torceu por ele, fora ela que tivera três filhos com ele, fora ela que dançara com ele na chuva, fora ela que passara todos aqueles anos ao seu lado... Fora ela que o amara mais do que todos. E agora, Harry Potter não estava aí para retribuir o favor.

Uma lágrima escorre pela bochecha de Albus e James, que conhecia Albus o suficiente para saber que ele não havia notado, não toca no assunto.

--Eu já fui conversar com mamãe mais de vinte vezes... Mas não resolve. Mantenho a voz de Scorpius longe dela, assim como tento evitar tocar no nome dele... Mas não dá, não funciona. O que eu deveria fazer?

James suspira.

--Não sei o que você deveria fazer, mas sei o que você está tentando fazer.

E com essa frase que Albus pouco entende, James sobe as escadas. Às vezes sentia que vivia em um ambiente muito estranho e pouco explorado.

Ele respira fundo e olha ao redor da sala, Scorpius ainda dormia no andar de cima. Seus passos são calmos até o sofá, onde ele se joga sentado. Estava cansado, não havia dormido direito na noite passada, passara acordado olhando para o garoto no colchão posto no chão, dormindo a sono solto, quase como se estivesse despreocupado. Mas Scorpius estava longe de se encontrar despreocupado, Albus percebia isso pela forma que ele se portava.