Maldito estranho

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Minha terceira história, espero que gostem.

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Gatilho: automutilação, tentativa de suicídio, pensamentos autodestrutivos, descrição de cicatrizes, afogamento, depressão, apatia, negação, vício.

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Andrew era apenas um homem.

Alguém que odiava a praia.

As pessoas sorrindo, o barulho alto e irritante. A água gelada que fazia com que a areia ficasse grudado nos pés. O som das pessoas se jogando no mar e destruíndo o calmante natural que eram as ondas. Pedaços de papeis, latas, lacres de refrigerantes, panfletos, e outros lixos recicláveis jogados pela areia que manchavam a paisagem e machucavam os pés.

Andrew morava perto da praia. Era bom. Era saudável para ele.

A casa de madeira rústica ficava longe o suficiente da areia, mas perto o suficiente para ouvir o som do mar.

Ele foi a praia tão poucas vezes que podia contar nos dedos; não dariam nem cinco.

Além disso, sua rotina o impedia de ir mesmo se quisesse.

Sempre a mesma rotina: acordar cedo, comer, sair para trabalhar, voltar tarde, comer, dormir, ter pesadelos, acordar e ouvir o som do mar até de manhã, então o som do despertador sooa quando ele fecha os olhos.

Estava cansado. Cansado de seus demônios o perseguirem. Ele não conseguia os enfrentar, mas não se importava o suficiente para pedir ajuda.

A rotina se repetia; um dia, dois dias, três dias, e quando ele via, já se passavam dois anos e meio.

Andrew tinha 23 anos quando sua rotina mudou.

O estranho que ficava de frente ao mar todas as noites a quase um ano, sumiu.

Andrew o observava chegar e sentar-se no banco que ficava na calçada, centímetros da areia e metros do mar. Apenas um poste acima do banco iluminava o estranho.

Ele tinha cabelos avermelhados em um tom que nunca viu antes. Andrew nunca pode vê-lo de frente; o cara nunca tirava os olhos do mar, e se tirava, era para ir embora.

Um suspiro cansado saiu. Ele realmente gostava de observar aquele homem. Ele despertava curiosidade e ansiedade.

Não vê-lo lá, era como um sinal de que Andrew não poderia viver sempre os mesmos dias, mesmo que já estivesse acostumado. E isso o afetava negativamente. Não ter um propósito ou objetivo de vida era frustrante.

Ele apenas vivia a vida como todos diziam ser: estudar, crescer e trabalhar para se sustentar. Espaço para sonhos ou objetivos estavam trancados e esquecidos a muitos anos.

Ele se deixou levar pelos pensamentos.

O sofá ficava embaixo de uma janela grande. As cortinas sempre fechadas mostravam que ele não abria a janela, mas na verdade, ele conseguia observar tudo.

Ele observava as pessoas como um passa tempo, como uma maneira de reparar que enquanto todos viviam, ele apenas sobrevivia, sem objetivos, motivações, sonhos ou emoções.

Ele suspirou enquanto olhava para cortina sem realmente focar nela.

A cortina era branca e os detalhes dela incluíam algumas inspirais feitas de buracos pequenos. Eram como flores.

O café em suas mãos ficava gelado por causa do tempo sem ser tocado.

Andrew estava tão frustrado pelo choque de realidade que se deixou levar pelos devaneios.

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