(18) Ciclo novo cooperando.

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Um mês depois.

É incrível como as coisas mudam facilmente, e não percebemos.

Quando temos doze anos de idade, fazemos as coisas sem pensar, nossas mentes não pensam em besteiras e quando deitamos para dormir nos sentimos cansados, e caímos no sono rapidamente.

Aos quinze anos de idade experimentamos coisas novas, e sentimentos novos. Mas eu posso dizer que, nessa idade eu não me sai bem.

Sabiam que os maiores casos de suicidio são em pessoas que tem de quinze a vinte e quatro anos?

Nessa idade, foi a primeira vez que pensei em sair do ballet, e investir em coisas novas, já que a maioria do meu tempo era dançar. Sim, teve dias que passei mais tempo no ballet do que na escola. Foi minha pior época, eu me isolei de todos, me isolei de mim mesmo, e só quis que eu tivesse logo dezoito anos para tomar minhas próprias decisões e ser independente.

Mas não é bem assim, porque com dezesseis anos eu já procurei um emprego e quis começar a minha vida sem ajuda de ninguém, foi bom, muito bom. Pelo menos a parte do emprego, porque sobre eu sair do ballet... minha mãe nunca aprovou isso.

Teve um dia que ela me disse que qualquer um que visse eu dançar, iria conseguir ver meus olhos brilhando para mim mesmo. Minha arte.

Lembro que cheguei em casa e chorei, porque eu nunca iria conseguir viver sem minha mãe, e nunca iria conseguir viver sem a dança.

"Mãe, se eu saísse do ballet, seria um problema pra você?"

Foi isso que eu disse a ela.

Minha mãe ficou parada e apenas assentiu.

"Você viveu pra isso, filho. Seria um problema para você, então é um problema pra mim também".

Então depois desse dia, comecei a falar para minha mãe sobre montar uma sala de dança aqui em casa, usando um quarto enorme que nunca usamos aqui.

O problema não era a dança, e sim a pessoas, sempre foram. Quando pensei em sair disso tudo, nunca foi por causa da dança, e sim por conta dos comentários, olhos revirados, figurinos com zíperes estourados sem motivo quando iam fechar para mim.

E com dezessete anos eu levantei a cabeça, e comecei a ficar mais atento ao meu redor, e o que as pessoas faziam quando me viam entrando na sala, e como ficariam felizes se eu saísse do ballet. Então eu não sai.

Eu nunca irei desistir do que eu gosto por causa dos outros. E foi ali que fui me tornando aos poucos o Jimin de vinte um anos de hoje em dia.

Mas pensando nos dias de hoje, posso dizer que sou um pouco de tudo no meu passado. Acho que todos nós somos. Todos nós superamos, mas as memórias? Não.

As memórias ficam para sempre.

Eu gosto delas até, bom, até um certo ponto. Eu prefiro particularmente as memórias boas, as ruins me assombram, fazem eu me sentir um adolescente novamente e ficar indefeso. Mas fodase, não é? Estou aqui, tá tudo bem.

—Jimin? — Minha mãe me chama ao meu lado de pé na maca do hospital. Estamos oficialmente tirando todos os curativos do meu pé, e tudo que me causou muita dor. — Filho.

—Oi, oi. — Sorrio meio perdido. — Desculpa, estava pensando sobre umas coisas.

Minha mãe pega em minha mão, e parece estar bem mais aliviada.

O médico examinando o meu pé nos olha com expectativa.

—Jimin? — Ele me chama. — Pode tentar mover o pé?

Além do Preto e Branco. • PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora