capítulo 06

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A música estava ótima tocando bem baixinha, o clima ameno, estavam vendo um programa bobo na TV, a bebida já tinha acabado. Os três estavam escorados no sofá, sentados no tapete da sala.

Caio nunca tocou no assunto mas ele é o que tem mais condições do trio, sempre teve uma vida boa, até esse apartamento onde morava foi seu pai quem lhe deu de presente.

Raul desligou a TV e olhou para os amigos.

- Que horas são?

- 23:45 - respondeu AG olhando o relógio do celular - Já tá na hora de ir.

- Gente não precisa ir pra casa uma hora dessas tem mais três quartos sobrando, vocês podem dormir aqui.

- Pra falar a verdade eu tô nem um pouco afim de ir pra casa hoje... nem nunca mais - respondeu Raul bufando.

- Por que? O que houve Raul?

- É sobre o fantasma - AG disse.

- Hã? Que fantasma? - Caio estava completamente confuso.

Raul se levanfou e olhou os amigos, ponderando a situação, passou a mão pelos cachos loiros e finalmente pós tudo pra fora:

- Eu era um idiota tá legal?

AG e Caio se entre olharam confusos e deram de ombros.

- Conta tudo do começo, mesmo que seja complicado a gente não vai te julgar e somos amigos afinal - Caio disse sério passando confiança ao outro.

- Eu... - Raul se sentou de frente para os dois continuou com a cabeça abaixada - Me apaixonei pelo cara errado. Eu tinha 17 anos e ainda estava no ensino médio, na metade do ano letivo a professora de matemática foi substituída por outro professor, esse era muito mais rigoroso e exigente mas voilá eu era um gênio na matéria e ele me parabenizava por isso, e eu era louco no porte físico dele, a sua beleza era inconfundível, o cara era mais velho saca? Eu fazia tudo por ele esperando que algum dia a gente ficasse - Raul olhou para os amigos que estavam atentos ao que o outro dizia -, e a gente ficou, ele estava dando as notas e eu entrei na sala dele, era de tarde e a maioria dos alunos ja tinham ido embora, os professores em outra salas e a gente aproveitou o momento e transamos na sala de aula, meu Deus foi incrível. Não paramos mais, sempre ele me buscava de carro em casa para irmos a algum lugar que ele ajeitava e fomos nos apaixonando.

- Eu ja vi tudo... - AG sussurrou - Tá mais continua.

- Na escola ele sempre ficava me olhando ou na sala ou no pátio e quando eu ficava perto do meu melhor amigo eu percebia que o professor ficava com ódio, eu o viu de longe ficar vermelho e bufar como um touro selvagem. Nos trabalhos de grupo era pior ainda, ele ficava louco e quando a gente ia se encontrar no motel a noite... - Raul ficou olhando para o nada segurando as lágrimas - ele ficava furioso e na hora do sexo ele me machucava muito, eu nunca o traí ele que era ciumento demais, poxa eu amava ele.

- Qual é o nome dele? - Caio perguntou.

- Inácio - respondeu Raul limpando uma lágrima de sua buchecha.

Caio e AG se aproximaram do amigo. AG o deitou em seu colo enquanto Caio fazia cafuné em seu cabelo.

- Tudo piorou desde então - o loiro continua - ele sempre me dava tudo, roupas dinheiro, tudo do bom e do melhor. Até que um dia ele me convidou para uma festa na casa de seus amigos, eu fui e no meio da festa um dos amigos dele deu em cima de mim e advinha só? Ele viu e o amigo dele disse que eu estava me oferecendo, Inácio me puxou forte pelo braço e me levou pra casa dele, lá ele me espancou, me bateu dizendo as piores coisas; meu corpo ficou dolorido e todo cheio de manchas vermelhas, meus olhos roxos, meu nariz quebrou e meu braço também. Eu fiquei estirado no chão gritando de dor quando ele acabou, o desgraçado bebeu uma cerveja e disse "isso é pra você aprender que é meu e de mais ninguém, só não trepo contigo agora pra você aprender que quem manda em você sou eu porque tu tá todo estripiado ai" ele terminou a cerveja e me pegou no colo e me levou para um hospital, disse que não me conhecia e que eu me achou na rua, que uma gangue tinha me espancado.

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