Capítulo 7

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Ele acorda uma ou duas horas depois em uma cama de enfermaria, o que não é completamente estranho para ele depois de jogar quadribol nos últimos cinco anos. A primeira coisa que ele percebe é a dor no pulso. E seu peito está queimando.

— Foda-se — ele xinga, porque sua garganta parece que alguém esfregou e depois derramou ácido nela. Provavelmente não é a melhor coisa a fazer já que quando ele abre os olhos Madame Pomfrey o cumprimenta. Ele está vagamente ciente de Noah e Sina rindo logo atrás deles.

— Bem, olá, querido — Pomfrey diz, e Josh estremece quando a dor se instala completamente. — Beba isso, você vai se sentir melhor.

Josh olha para o líquido de aparência repugnante no frasco que ele está segurando, antes de tomá-lo hesitante. Ele abre a tampa e quase vomita com o cheiro.

— Talvez mais tarde — diz ele, tentando conter o sorriso de escárnio que é sua marca registrada, e o coloca em cima da mesa de cabeceira.

Pomfrey murmura algo sobre "sonserinos teimosos" antes de se levantar da cadeira em que estava sentada antes. Josh pergunta o que aconteceu, e a matrona lentamente o informa.

— A maior parte do dano foi causado ao seu pulso, já que você estava usando luvas. No entanto, não fomos capazes de curar magicamente nada devido à essência do veneno de Gerânio Preso. Tentar – com toda a probabilidade – levá-lo ao coma, ou até mesmo matá-lo. Conseguimos administrar o antídoto rápido o suficiente, mas o veneno provavelmente permanecerá em seu sistema por mais alguns dias, e não podemos buscar nenhum remédio concreto até então. A planta também conseguiu romper a principal artéria radial do seu pulso, e você sofreu uma profunda perda de sangue.

Josh toma o tempo para finalmente olhar para seu braço, que está extensivamente enfaixado do pulso à palma da mão. Sua pele é muito sensível sob ele, e a magia em seu sangue está centrada inteiramente em seu braço. Pela primeira vez, ele se sente desconfortável.

— Quando posso sair?

— Sair?! — Pomfrey fala exasperada. — Eu estou decidida a mantê-lo aqui pelo resto da semana.

— Eu me sinto bem — ele rosna, já se sentando e tentando ser libertado dos limites dos lençóis brancos.

Certo — Sina fala por trás de Pomfrey. — Isso explica por que você está na ala hospitalar.

— Cala a boca, Deinert — ele diz com os dentes cerrados, tendo o súbito instinto de pegar sua varinha. Ele encontra sua mochila nas mãos de Noah.

— Vem calar, Beauchamp — ela se inclina para frente também, seus olhos brilhando de alegria, mas Noah bate uma mão em seu ombro e a puxa de volta. Normalmente, ele mantém a varinha na manga, mas decidiu guardá-la para a aula de Herbologia.

— Noah, me dê minha varinha para que eu possa enfiar na bunda dela—

— Quietos! Quietos! Eu não vou ter brincadeiras infantis na minha ala hospitalar!— Pomfrey os silencia, e então manda Sina embora. Ela zomba e faz um gesto rude pelas costas dela, e então se despede de Josh.

— Obrigado, Madame Pomfrey... — Ele começa, com despeito em sua voz porque ele sabe que Sina ainda pode ouvi-los, mas a matrona estrita se vira para ele também.

— E você! Você vai ficar aqui até eu permitir que você vá embora! — Josh suspira, recostando-se na cama em falsa derrota. Ele sabe que vai conseguir o que quer mais cedo ou mais tarde. — E você vai pegar aquele rascunho ou então me ajude Merlin—

— Poppy, dê um tempo para o garoto, — uma voz preguiçosa fala da porta, e o sonserino olha para ver o Professor Snape e suas vestes esvoaçando atrás dele. Pomfrey se levanta novamente e o encontra no meio do caminho, e eles conversam em sussurros baixos por vários minutos.

— O que eu perdi? — ele pergunta a Noah no segundo em que os adultos decidiram ignorar os dois.

— Almoço, para começar, — ele diz. — Shiv e Saby também visitaram você, mas você estava dormindo e elas tiveram que ir para a aula. Deinert e eu estamos com você desde que Sprout levitou sua bunda da estufa para aqui.

Ele se encolhe de humilhação, e Noah toma o tempo para lhe entregar sua bolsa e varinha. Ele pega os dois com a mão direita e, em sua distração, não percebe que ele desfaz a corrente de ar esquecida ao lado de sua cama.

Em um único movimento súbito, Noah o apressa, sua mão esquerda se aproximando para deitar no rosto dele enquanto ele tenta forçar sua boca aberta, e a outra mão segurando o frasco de líquido para cima. Josh luta contra ele, apesar de sua deficiência atual, e eles lutam um contra o outro por alguns longos segundos. Pomfrey e Snape mal olham para eles, apenas continuando a discussão.

— Vamos, J, abra, — Noah diz, e naquele único momento ele ganha a vantagem e um fluido pútrido e vil escorre pela boca de Josh. Ele engasga com isso, e mesmo depois que o gosto repulsivo deixou sua garganta, ele tosse.

— Eu vou matar você — Josh fala sem expressão, o desprezo esticando os cantos de seus lábios.

— Você se sente melhor, não? — Ele sorri, e Josh sente vontade de socá-lo. Mas é verdade. Segundos depois de tomá-lo, ele já está sentindo os efeitos da poção, e o alívio o inunda como um bálsamo fresco contra seu braço.

— Não espere um convite para o baile anual da minha família no próximo Natal — Josh diz em vez de expressar qualquer tipo de gratidão, e Noah ri alto. O som atrai os adultos na sala, e Snape e Pomfrey se voltam para eles simultaneamente.

— Senhor Wangrrea, posso perguntar por que você não está assistindo minha aula no momento? — Snape questiona, com um tom enganador de curiosidade. Josh se pergunta que horas são realmente. O DADA realmente já havia começado?

— S-senhor — Noah gagueja pateticamente, mas consegue se recompor rapidamente. — Tenho certeza que você pode entender minha preocupação inabalável com meu melhor amigo.

— Sim, tenho certeza que você pode entender o que acontece com os alunos que eu pego abandonando minha aula, — Snape responde facilmente, e Noah sai em pânico, jogando um sinal de paz para Josh rapidamente. Normalmente, os alunos pegos no abandono recebiam uma semana de detenção com Snape.

— Quanto a você... — Snape dá alguns passos curtos até a cama dele. — Imagine minha surpresa, quando descobri que minha pupila estrela foi superado por uma mera planta.

Snape e ele sempre tiveram uma conexão. Ele tem certeza de que o relacionamento de Snape com seu pai faz parte disso, mas ele sempre foi o favorito.

— Sim, é terrivelmente humilhante — ele concorda. — Me tira daqui?

— Eu não sei, — Snape contempla. — Estou bastante contente em deixá-lo sucumbir de vergonha por alguns dias.

— Eu tenho um jogo de quadribol no sábado de manhã — ele grita, para a diversão de Snape, que ri sem sorrir. É estranho de ouvir, e ainda mais estranho de ver.

— Madame Pomfrey disse que você não está em condições de jogar—

— Eu sou o capitão! — ele argumenta, cortando-o. Ele estende as mãos com raiva e imediatamente se arrepende quando o movimento o machuca. — E além disso, Madame Pomfrey não sabe merda nenhuma—

— Uh uh — ele retruca. — O palavrão não é indicativo de um vocabulário extenso.

— Tanto faz — ele ferve, já imaginando a maneira que ele vai ter que explicar isso para sua equipe. Eles estavam tão empolgados durante o treino matinal, quase vibrando de energia enquanto discutiam o jogo que ocorreria em três dias. Ele se senta com vigor renovado. — Você não pode fazer isso comigo! Não temos um candidato a substituição! Você estará nos condenando a perder para a Hufflepuff!

— Oh, pare de choramingar, — ele resmunga finalmente, e Josh percebe que ele sempre o deixaria ir, e ele só queria torturá-lo primeiro. — Poppy concordou em me deixar assinar com você, com a condição de que você se lembre de tomar seu remédio diariamente. Você também terá que voltar em alguns dias para que ela possa tirar seus pontos e embrulhar sua mão novamente. O curativo atual tem um feitiço, por isso deve permanecer limpo e higiênico. Se você fizer alguma coisa para machucá-lo novamente, vou garantir sua estadia aqui por um mês inteiro. Você me entende?

Ele apenas balança a cabeça, usando a mão direita para mover os lençóis em que está enterrado.

— Tudo bem — diz Snape, levantando-se também. — Você se sente bem o suficiente para me acompanhar para a aula? Ou devo acompanhá-lo até o seu quarto?

Ele decide se juntar a ele no DADA, já que ele já foi dramático o suficiente por um dia. Ele não pode mais parecer fraco. Ele já pode imaginar o quão rápido as notícias do que aconteceu varreram a escola, e suas bochechas coraram com o mero pensamento disso.

Snape informa a ele que o DADA começou há cerca de uma hora, e que ele deixou a aula para a supervisão de sua assistente técnica, Nour Ardakani. Josh nunca a tinha visto naquela aula antes, o que é um pouco estranho, mas é mais provável devido ao fato de ele não estar prestando atenção.

Então, eles entram na sala de aula juntos, com uma hora de atraso, e não é de admirar que todos os alunos se voltem em seus assentos para olhar para eles. Josh entra na sala, e todos se acalmam em uníssono, e um silêncio se quebra na sala enquanto Snape o segue.

Ele imediatamente pega os olhos de Shivani e Sabina, e ele acena para elas antes que seu próprio olhar se encaixe em outro lugar. Ele encontra Hina olhando de volta para ele, seus olhos olhando para seu pulso enfaixado. Parece mais pesado de repente, e Josh sente um pânico terrível de olhar literalmente para qualquer outro lugar. O momento passa e ele rapidamente se dirige ao seu lugar. Hina não está sentada no lugar de sempre ao lado dele, mas com seus próprios amigos e irmã do outro lado da sala. Fica rapidamente claro que a classe aproveitou a ausência de Snape para mudar de lugar para atender às suas próprias preferências.

O próprio Professor Snape se move para ficar na frente da sala.

— Parece que a senhorita Ardakani permitiu que todos vocês trabalhassem em seus pares preferidos, mas agora que estou aqui, por favor, voltem para os assentos que escolhi anteriormente para vocês.

Alguns alunos murmuram baixinho, e o movimento das cadeiras soa momentaneamente pela sala antes de todos voltarem para seus lugares.

Hina se senta ao lado dele com um bufo exagerado, e o coração de Josh convulsiona.  

Ele suspira baixinho e resiste à vontade de torcer as mãos. Odiar trouxas e nascidos trouxas era muito mais fácil antes do verão. Tinha sido muito mais fácil no ano passado, quando ele podia permanecer ignorante e sem noção. Mas então o verão aconteceu, e ficou muito mais difícil fingir.

— Agora, eu confio que todos vocês estão praticando a tarefa dada a vocês pelo meu TA?

Os poucos alunos que gostam de Snape na sala de aula concordam.

— Bom. Visualizar sua memória mais feliz é essencial para esse processo – e eu diria até a parte mais importante para produzir um patrono corpóreo. Por favor, dedique os próximos minutos para lembrar dessa memória e mantê-la ativa em sua mente.

A classe fica em silêncio mais uma vez, e quando Josh olha para ela, ele vê que quase todo mundo está com os olhos fechados. Ele quase ri, e se pergunta o quanto ele realmente perdeu durante sua curta estadia na ala hospitalar. É óbvio que ninguém além dele está confuso com as palavras de Snape.

Mas ele não se sente seguro o suficiente para fechar os olhos e olha fixamente para sua mesa enquanto tenta se lembrar de uma época em que foi feliz. Ele fica frustrado rapidamente quando tal instância não aparece imediatamente. Sua família aparece em sua cabeça, como uma bolha, mas a bolha está embaçada e em segundos ela estourou. Ele tamborila os dedos da mão direita em aborrecimento na mesa. Sua mão esquerda permanece flácida em seu colo.

— É difícil se concentrar com você meditando tão perto de mim. — As palavras são sussurradas ao seu lado, mal carregadas pela leve brisa na sala de aula, e ele pensa vagamente que quase as imaginou. Ele olha e encontra Hina com os olhos ainda fechados, mas ele tem certeza pelo sorriso no rosto da nascida trouxa que as palavras eram dela.

— Minhas desculpas — ele morde sarcasticamente, não perdendo o jeito que Hina ainda está vestindo a porra do manto. Ele deveria insultá-la, jogar isso na cara dela, envergonhar ela pra cacete, mas ele não consegue encontrar mais nada para dizer e fecha a boca.

O resto da sala começou a sussurrar também, e Krystian na frente de Josh aproveita a chance para se virar.

— O que aconteceu com você? — ele pergunta, mas Josh ouve mais interesse do que preocupação em sua voz. A parceira de Krystian, Heyoon, volta a olhar para eles brevemente com suspeita. Josh revira os olhos.

— Uma planta estúpida do caralho — ele responde, nem se incomodando em sussurrar porque - estranhamente - metade da classe está gritando neste momento. O que é ainda mais estranho, é que Snape não se deu ao trabalho de dizer para eles calarem a boca ainda.

— Ah, pobre bebê — Krystian murmura, e Josh quer dar uma surra nele. — Quer que eu beije pra melhorar?

— Beijar a minha bunda — diz ele, em vez de estender a mão sobre a mesa e bater nele, e Krystian se vira para sua parceira mas não antes de outra tentativa de flerte brincalhão.

— Kinky — o garoto ri.

Quando Josh se volta para sua própria parceira, as bochechas de Hina estão queimando e seus olhos não estão mais fechados.

-> kinky: É um termo coloquial para comportamento sexual não normativo.

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