[ 11 ] o mundo por dentro

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Fora lhe entregue três peças de íntimas e o uniforme, toalha, um par de tênis branco, escova de dente, pasta e lençóis dentro de uma bandeja. Era o kit que toda nova detenta ganhava para se manter.

Estava sendo conduzida pela responsável de celas juntamente as outras detentas até suas celas.

Podia ouvir uma voz feminina vinda de um alto-falante dando ordens de proibição para as detentas que já viviam ali.

A guarda de celas parou sua caminhada quando chegaram aos portões. A viu se afastar e tratar de algo que não entendia muito bem o que era.

O portão da cela foi aberto por um guarda que a encarava.

Sentia-se com medo. Estranhamente tinha medo, não medo de estar presa, era longe disso, tinha medo de não sair dali nunca mais e perder Nica. De uma forma ou outra. Casada ou morta. Ela perderia a jovem de qualquer jeito.

Voltou a caminhar quando a guarda de celas deu permissão para atravessar o portão. Seus olhos estavam buscando conhecer o novo lugar. Era tudo escuro com poucos detalhes em amarelo. 

Começara a ouvir vozes e barulhos de batidas vindas das celas. Gritos e assobios enquanto ela se sentia extremamente incomodada com excesso disso. Podia ela ser uma pessoa barulhenta, mas odiava baderna dentro de sua cabeça. Respirou fundo, sentindo falta de seu cigarro, continuou a acompanhar a fila com as novas detentas.

Estava desconfortável com que ouvia, mas além de tudo com a forma que as detentas na cela a encaravam. Sentiu-se um pedaço de carne jogada aos lobos.

— Ei... Loirinha. — tocarem seu braço e ela se assustou. Isso fez com que dessem risada.

Voltou a caminhar e ignorou completamente os risos e palavreados. Havia tanta baderna que mal conseguia ouvir seus próprios pensamentos.

— Chefe, deixa a loirinha aqui na minha cela que eu posso dividir minha cama com ela, garanto que ela vai adorar.

Houve mais risos.

— Traz a loirinha pra cá, chefa!

A mulher que conduzia a fila era seria e ignorava qualquer uma das detentas que estavam falando consigo, viu-a parar de caminhar e começando a liberar as novas detentas para suas celas.

— Jessica Houston. Cela 167.

Sua atenção agora estava no ambiente, pensou consigo que talvez tivera que resgatar uma Tiffany que já não vivia dentro dela há muito tempo, pois sabia que sua cara de burguesa não era um grande passe livre na cadeia. Sabia que seria infernizada pelas outra detentas que já viviam ali. Por ter o rosto que entregava bem seu estilo de vida fora da cadeia.

Nunca tivera sido pega em anos, nunca deixou um rastro sequer, e achava irônico o fato de como o destino era realmente imprevisível. Sabia que um dia iria ser pega, mas jamais imaginou que seria de forma tão previsível e sem graça. Numa cama de hospital.

Ouvia ainda chamarem por ela, e por mais que nunca tivesse pisado antes naquele lugar sabia o quão fascinada por loiras eram as detentas. Pensou consigo se Charles fora recebido assim quando preso. Se os homens gritavam para ele dormir em suas celas.

— Sandy Bloch. Cela 362.

Viu a última detenta adentrar em sua cela, ficando somente ela. Deram alguns passos até chegar ao qual parecia ser a cela de Tiffany. A mulher parou e abriu as grades com uma chave-cartão.

— Tiffany Valentine. Cela 363.

Seus olhos avistaram a cela por dentro e havia mais três detentas. Duas estavam deitadas enquanto a outra estava sentada na cama. Adentrou sem medo.

Para Morrer de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora