[ 06 ] incógnita

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Havia-se passando uma semana e meia desde a festa de despedida de Nica. Uma semana que Nica não tinha notícias de Tiffany. Não fazia ideia do paradeiro da mulher.

Nica tentou ligar para ela, mandar SMS e qualquer meio possível que tinha de conexão com a loira, mas todas as tentativas eram completamente em vão.

Odiou-se tanto pelo fato de que não podia fazer nada para mudar isso e como era massacrante para ela não saber o que pensar sobre Tiffany.

Às vezes pensava que tivera sido precipitada com Tiffany, outrora pensava que talvez Tiffany não quisesse vê-la mais pelo que houve, pensava tanto que já não sabia mais o que pensar.

Sentia-se o tempo todo sufocada porque não tinha notícias alguma da loira. Durante uma semana e meia ela estava todos os dias sentada na mesma mesa que tomaram café juntas às nove da manhã em ponto. Todos os dias ela esperava. Esperava ver Tiffany vir em sua direção com seu eu intimidador e seu perfume que chegava mesmo antes da mulher.

Todos os dias de uma semana e meia para Nica pareciam-se um ano. E todos os dias ela envelhecia a espera de Tiffany.

Quando se dera conta, já não havia mais esperança. Apenas estava lá para quem sabe o universo conspirar novamente, mas ela sabia que isso provavelmente não aconteceria. E tudo que ela queria saber era o que houve com Tiffany.

— Senhorita? — chamou-a uma funcionária do Starbucks.

Nica estava encostada na parede, suas mãos agarradas num copo já frio de café. Seus olhos estavam penetrados nos carros que passavam de um lado para o outro. Sua mente sempre trazia flashbacks de seu momento mais íntimo com Tiffany. Às vezes sentia-se envergonhada, outras vezes sentia-se realizada, mas agora sentia-se triste. Ela acreditou poder ter sido diferente, talvez assustou Tiffany, afinal ambas estavam numa festa de despedida de solteira.

— Senhorita? — chama de novo a funcionária.

— Sim? Desculpa... Eu... Sim? — Responde Nica se despertando.

— Não quero incomodar a senhora, mas a senhora na está há quatro horas nessa mesa... Está tudo bem?

Nica assentia.

— Sou a gerente daqui e sempre vejo a senhorita sentada aqui no mesmo lugar por muitas horas. E receio dizer que sei que não está bem, pode-se ver pelos teus olhos. Se precisar de alguma ajuda, alguma coisa, estamos aqui para ajudá-la.

A morena desvia-se do olhar da funcionária. Voltando para a rua. Engoliu um choro que queria consumi-la.

— Gosto muito de estar aqui. — suspirou fundo — como se chama?

— Vanessa. Prazer.

Nica volta sua atenção para agora Vanessa e encara com semblante curioso.

— Já se apaixonou por alguém da noite pro dia, Vanessa? Digo, do dia pra noite... Na verdade.

— Se você diz como amor a primeira vista e essas coisas? Não.

— Sorte sua. — Nica abre um sorriso fraco, quase não se vê. Levanta-se da mesa e agradece pela atenção vinda de Vanessa. Imaginou que a essa altura todos os funcionários do Starbucks sabiam da existência dela todos os dias naquele lugar e que provavelmente se tornou pauta para eles por isso a gerente do local fora falar com ela.

Ao sair, depois de uma semana e meia costumou esperar dez segundos na porta da cafeteira para dar tempo ao universo de conspirar ao seu favor, mas o universo estava sendo favorável para outra pessoa, ela sempre pensava.

Voltou para seu carro e antes de começar a dirigir para faculdade olhou mais uma última vez para ter certeza de que Tiffany não estaria ali. E não ela não estava. Sua atenção se desvia para o volante, havia dentro dela tristeza e frustração. Ligou o rádio do carro e coincidentemente tocava Miss You Love dos Silverchair. Nica deixou apenas a música tocar enquanto dirigia para sua faculdade.

Para Morrer de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora