Capítulo 2

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Depois de algumas horas e doses incessantes de orações, Metawin já estava perfeitamente bem. O dia mal havia começado direito e alguns católicos já estavam sentados sobre os bancos, de forma espalhada.

O padre Rubens, que era o superior de Metawin e também seu conselheiro, estava conversando com um homem já conhecido pelos dois, já que o mesmo sempre vinha pedir ajuda sobre o que deveria fazer em relação a sua esposa e seus dois filhos, que ele sentia estar perdendo aos poucos.

Metawin viu de longe os dois se despedirem e depois o padre vir em sua direção.

—Como você está? —O homem alto, de barba rala, pele parda, cabelo baixo e jogado para trás, o perguntou, ficando em posição erétil do seu lado.

—Bem melhor. —Respondeu simplista.

—Você não dormiu no quarto. Aconteceu alguma coisa? —Ele perguntou preocupado. Além de Conselheiro, Rubens também era praticamente um pai para Metawin, já que ele havia o achado na rua quando o mesmo havia apenas quatro anos.

O padre agradece a Deus sempre por Metawin não se lembrar da sua vida antes de tudo. Não imaginaria a dor e a perdição que o mesmo estaria sofrendo agora se não o tivesse achado em uma noite chuvosa, chorando perto da igreja onde estavam agora.

—Eu fiquei na sala de oração. Passei metade da noite em clara. —Ele começou a apertar os dedos das mãos uns nos outro, demonstrando seu nervosismo.

—Já tomou sua decisão? —Rubens pergunto sobre a sua decisão definitiva de fazer os votos para ser um padre para sempre, assim como ele tinha feito a anos atrás.

Talvez, até ontem a noite, Metawin já tivesse sua decisão, mas algo aconteceu, ou alguém. Ele sentiu-se diferente pela primeira vez, uma coisa diferente. Um buraco vazio que foi preenchido por poucos minutos quando ele apareceu.

—Ainda não, padre. —Metawin abaixou sua cabeça.

—Tudo bem. Não precisa ter pressa. —Um sorriso singelo apareceu em seus lábios quando terminou de falar. Era confortante.

—Metawin. —Uma voz baixa e conhecida pelos ouvidos do padre mais novo surgiu no lugar e logo depois um sorriso que parecia ir de orelha a orelha.

—Pode ir lá. —Rubens disse, permitindo que Metawin fosse ao encontro do seu amigo.

Sem esperar mais ele quase correu em sua direção e os dois foram para perto de entrada da Igreja, se sentando quase juntos no primeiro banco, longe de todos que estavam lá.

—Soube do que aconteceu ontem. Desculpa não ter vindo antes. —O menino de pele clara e cabelos ruivos quase cochichou, para não atrapalhar as orações alheia.

—Ta tudo bem. Não aconteceu nada comigo, mas confesso que ver um homem morrendo na minha frente não foi do meu agrado. —Ele disse meio triste.

—Achei que quando você disse que era padre, você teria outro tipo de visão e não esse. —Os dois sorriram meio alto e incomodaram uma senhora que estava não muito longe deles, ouvindo um “shi” bem irritante.

Eles se calaram e tentaram rir mais baixo.

—Jumin, ontem eu conheci um homem. —Pode ter sido um assunto muito aleatório, mas ele precisava desabafar e sabia que não podia falar isso com o padre, por vergonha e medo do que ele iria pensar.

—Sim, Metawin. Eles não estão extintos. —Jumin sorriu da própria piada e fez com que Metawin sentisse suas bochechas ficarem vermelhas. —Mas fala, o que que tem esse tal“homem”?

—Não sei. Ele... —O padre apertou os lábios e fechou os olhos com força. As borboletas haviam voltado. —Achei ele... Diferente.

—“Diferente”? —Era uma pegunta, mas soou como repreensão. Seu olhos semiaberto e o sorriso sacana entregavam o que ele estava pensando.

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