Capítulo 4

184 20 3
                                    

Poucos minutos se passaram e o que era para ser um encontro apenas para pegar sua jaqueta de volta, acabou se estendendo para um jantar na casa de Deus.

Bright por diversas vezes tentou fugir daquela situação, mas o padre Rubens acabou sendo muito persuasivo, dizendo que fazia questão de sua presença e que ficaria muito magoado se ele não aceitasse.

No começo o jantar pareceu ser meio tímido. Como o clima estava super frio os padres acabaram por escolher a comer uma sopa quente, simples. Depois de algumas colheradas o padre Rubens foi o primeiro a querer puxar assunto.

-Então, detetive Bright, já houve algum avanço na investigação do acontecido? -Ele não queria fala "assassinato", por isso trocou as palavras. Sabia como Metawin ainda estava sensível com aquilo.

-Hãn... Não muita, mas nós achamos que possa ter sido um acerto de contas, sabe? A vítima estava devendo dinheiro. -Bright respondeu de imediato, deixando sua colher de lado por um tempo.

-Ele me devia um dinheiro a muito tempo e como não me pagava, eu o matei. -A voz grave surgiu na sua cabeça novamente e ele levou um susto, fazendo a colher de metal cair de sua mão e fazer um barulho meio irritante quando tocou no prato de porcelana e depois na mesa.

Os dois perceberam o susto do mesmo e o olharam rapidamente. Bright franzia o cenho enquanto o encarava.

-Não foi nada. -O padre respondeu meio acanhado, pegando sua colher novamente.

-Acha que conseguem pegar ele? -O padre voltou a sua atenção para o detetive novamente, que hesitou um pouco em continuar aquele assunto.

-Achamos que sim. Existem poucos agiotas na cidade. Já interrogamos a metade. O resto ainda está sobre segredo de justiça. -Bright sorriu no final, sendo seguido pelo padre mais velho, que entendeu que ele não podia mais continuar com aquele assunto.

-Ah, sim. Entendi. Estou me metendo demais. -Os dois sorriram juntos mais uma vez.

Metawin estava inerte em seus pensamentos, que faziam questão de o levar muito longe de onde estava.

-Esta tudo bem? -Rubens tocou no ombro do mais novo, chamando sua atenção, com um sorriso ladino nos lábios.

-Esta sim. -Ele balançou um pouco a cabeça e sorriu meio forçado no final da frase.

Ele não estava bem, mas não queria preocupar ninguém com aquilo, ainda mais com um assunto que ele não poderia falar.

-Limpe tudo, esta bem? Eu já vou me deitar. -Na verdade já era para os dois estarem dormindo. Estava perto da meia-noite, mas o padre Rubens fez questão de querer esperar pelo detetive, que demorou mais do que eles imaginavam para chegar.

-Bença padre. -O mais novo disse assim que o homem se levantou da sua cadeira.

-Deus lhe abençoe. -Rubens fez apenas um sinal com a mão em sua direção.

Bright não era de fazer aquele tipo de coisa, mas se sentiu forçado aquilo.

-Bença padre. -Ele meio que balbuciou entre os lábios, fazendo com que a frase quase não saisse. O padre lhe respondeu a mesma coisa, fazendo o mesmo gesto com a mão e depois deu boa noite para os dois, saindo da sala de jantar, que era junto a cozinha da Igreja.

Os dois se encararam por um segundo e Bright foi o primeiro sorrir em animação, por estar apenas os dois mais jovens sozinhos. Metawin deu uma risada gostosa de se ouvir logo em seguida, sentindo suas bochechas ficarem vermelhas.

-Quer ajuda com a louça? -O mais velho se ofereceu.

Mais alguns minutos se passaram até que eles conseguiram terminar de lavar toda a louça suja. Enquanto Metawin as lavava, Bright as enxugava com um pano de prato, em perfeita sintonia.

Epiphany - BrightWinOnde histórias criam vida. Descubra agora