-Eu tirei a vida de uma pessoa, padre. -Aquela incessante voz não saia de sua cabeça. -Ele me devia um dinheiro a muito tempo e como não me pagava, eu o matei. -Por mais que ele tentasse pensar em outra coisa, Metawin não conseguia. -Foi bem aqui, nessa igreja. Você estava lá. -O homem do outro lado da janela cheia de pequenos buracos parecia feliz em estar contando os detalhes da tamanha brutalidade que ele havia cometido. -Não pode contar para ninguém. Estou fazendo um segredo de confissão, entendeu? -Seus olhos assustados encontraram-se com o do homem do lado de fora do confessionário, que os miravam com brutalidade.
Saiu de seus pensamentos insistentes e abriu os lumes lentamente, encarando o final de tarde de cima do altar da igreja, cujo atrás dele continha a imagem de cristo crucificado na cruz de madeira escura. O sol ainda era forte, mas já estava tomando a sua cor alaranjada.
Ele pensava no que havia acontecido no dia anterior, mas também pensava em sua conversa com Bright. De como havia sido... Intensa, mas misteriosa ao mesmo tempo. Ele parecia esconder algo, mas por que o julgaria? Estava escondendo algo até de si mesmo. Aquela pequena chama que ele nunca havia sentido antes com tanta força.
Seus olhos começaram a brilhar e um sorriso doce surgiu nos seus lábios quando viu o carro preto, já conhecido por ele, estacionar do outro lado da rua.
Desceu do altar com pressa e correu para a entrada da Igreja, fazendo seus pés afoitos descerem os pequenos degraus o mais rápido que conseguia.O brilho logo sumiu quando percebeu que quem havia saído do carro não era Bright, mas sim Nat, seu assistente.
Ele começou a andar em sua direção de forma calma, ajeitando um pouco sua roupa.-Padre. -O mais novo disse assim que chegou perto do mesmo. Metawin estranhou muito aquilo, pois eles tinham quase a mesma idade.
-Não precisa dessa formalidade. -Sorriu de canto, meio forçado até. -Meu nome é...
-Não, não, não! -O padre se assustou no mesmo instante em que Nat quase berrou e levantou as mãos em sua direção, fazendo sinal de negação para ele. -Bright não vai ficar feliz se eu descobrir seu nome antes dele. -Se explicou, recebendo um sorriso verdadeiro vindo do mesmo. Talvez por que ele havia descoberto mais um coisa sobre o mesmo. -Desculpa te decepcionar. Sei que estava esperando por ele. -As suas bochechas se tornaram vermelhas instantaneamente, mas ele tentou esquivar daquele assunto.
-Veio para pegar a jaqueta? -O padre fez menção de entrar na igreja, mas logo foi impedido, quando o mais novo negou com a cabeça.
-Na verdade é mais um assunto meu do que dele. -Metawin franziu o cenho e desceu o pé do único degrau que havia subido. -Fico até meio constrangido de falar isso com o padre, então me perdoe desde já por favor. -Nat juntou as mãos e abaixou a cabeça, como se realmente estivesse implorando por perdão.
-Pode falar. -A curiosidade já havia florecido no mesmo, mas ainda mantinha o franzir de cenho.
-Ontem, você nos apresentou seu amigo. E... -Ele mau havia começado a falar e Metawin já sabia do que se tratava. Como padre o julgaria e aconselharia o caminho de Deus, mas estava na frente de jovem que procurava pelo seu melhor amigo gay, não queria dar uma de chato e puritano. Afinal, até o inferno esta cheio de boas intenções.
-Ele mora em um apartamento perto daqui. -Os lumes pretos do mais baixo começaram a brilhar e a faceta tímida e cabisbaixa foi substituída por um sorriso grande e espontâneo, o fazendo ficar extremamente fofo e lindo. -Ele também sempre vai em uma cafeteria no final da rua nesse horário. -Metawin não sabia o por que, mas só de vê-lo feliz daquele jeito e ter a certeza de que foi ele quem causou toda aquela euforia, ele se sentiu feliz também. Mesmo sendo a faísca para o fogo do "pecado" que eles cometeriam.
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Epiphany - BrightWin
RandomMetawin Mikel é um jovem de 26 anos que desde os 6 anos se dedicou ao caminho santo, com o sonho de se tornar padre na pequena e pacata cidade de Lears City. Pouco tempo antes de fazer os votos finais para oficializar sua vocação como padre, ele pre...