Percy

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😀

Quando chego em casa, a primeira coisa que faço é avisar a Annabeth. Não aguento mais estar longe dela.

Só quero conseguir me resolver com ela, apesar de não estar muito confiante quanto a isso.

A campainha toca. Era Annabeth.

Ela vestia uma calça jeans comum, e um moletom. Não parecia vir do emprego.

- Oi. -cumprimento.- Como você...
Annabeth não responde.

Ela se joga em meus braços, colocando a cabeça em meu pescoço e fungando meu perfume.

- Que saudade. -sua voz sai abafada.

Não respondo de primeira. Meus braços estão abertos ao redor do seu quadril, estou surpreso.

Mas então envolvo sua cintura. Me permito sentir o cheiro doce do seu shampoo. Sua pela exalava calor, mesmo o moletom impedindo nosso contato direto.

Percebi que mais do que eu estava com saudade de toca-la, eu estava com saudade dela. Do seu cheiro. Da sua voz. Do seu abraço. Do seu sorriso. Do barulho estranho da sua risada. Do seu jeito mandão.

- Também senti saudade, sabidinha. -murmuro, apertando mais ainda seu corpo ao meu, como se isso pudesse impedi-la de se separar de mim.

O que não aconteceu. Annabeth se separa de mim e me olha tristonha, antes de dizer com a voz séria:

- Precisamos conversar.

Annabeth me segue até a sala, se sentando em minha frente.

- Imagino que você deva estar confuso.
- Para caralho. -confesso.
Annabeth suspira.

- Tá. Vou começar do começo. -ela cruza as pernas- Eu e minha mãe nunca nos demos bem...
- O que isso...
- Me deixe continuar. -pede.- Eu passei por muita coisa. Você nem imagina.

- Claro que imagino.
- Não, Percy. -Annabeth tenta controlar a voz, respirando fundo.- Eu estou falando sério. Eu precisei fazer muita coisa para chegar onde estou, e não me arrependo. Eu faria tudo de novo. Mas acontece que essa Annabeth, que eu achei que estivesse morta, não está.

- Eu não estou te entendendo, Annie.
- Eu usei pessoas, Percy. -ela suspira, algumas lágrimas escorrem pela sua bochecha.- E eu não quero usar você. Por isso acho melhor a gente... -sua voz morre.

- Annabeth, me usar em quê? Como assim?
- Eu não esperava sentir isso por você... eu só... Desculpe, Percy. Eu não queria fazer isso. Precisamos parar de nos ver.

Me sinto como se tivesse recebido um tapa na cara.

- Eu... Por quê? -pergunto. Ela não me olha nos olhos.
- Porque eu não quero envolver você na minha loucura, Percy...
- Já passou pela sua cabeça que talvez essa decisão não seja só sua?

- Óbvio que sim. Por isso estou te contando isso. Porque eu sei que essa decisão é nossa.
- E se eu quiser? -abro as mãos.- E se eu quiser fazer parte disso, Annabeth?

- Você não pode. Você não quer. -ela me encara.- Você não quer, não é?
- Annabeth, eu...
- Você não pode querer, Percy. Por favor, você só está piorando minha situação.

- Que situação? Eu não estou te entendendo! -esbravejo.
- Minha vida é uma confusão. Eu sou especialista em machucar pessoas.
- Você não me machucou.

- E é por isso que eu tenho me afastar de você. Eu não suportaria te machucar, Percy. Não conseguiria viver com isso.
- Você não vai. -confirmo.- Estamos juntos.

Annabeth encara o chão e suspira fundo, parecendo cogitar a possibilidade de abrir uma cratera e pular para o tártaro. Eu pularia com ela se fosse preciso. A salvaria.

- Ei. -chamo.

Seguro o rosto de Annabeth, a obrigando a olhar para mim. Seus olhos estão cheios d'água.

Encosto nossas testas. Annabeth resiste, mas depois sede, se aproximando mais.

- Me desculpe, de verdade. -murmura.
- Você não tem que pedir desculpa por algo que não fez. -comento.
- Mas é...

Calo sua boca com um beijo. De início ela não reagiu, mas então ela coloca as mãos em minha cintura e fica de joelhos no sofá.

Quando Annabeth já está em meu colo e eu estou sem minha camisa, ela levanta seu olhar para mim.

- Percy, não podemos fazer isso. -ela diz.

Silencio ela com outro beijo.

E outro.

E vários outros. Até ficarmos apenas abraçados.

- Eu ainda não conheci seu quarto. -Annabeth murmura.
- Sabidinha, você não era assim.

Levo a loira até meu quarto. É um quarto normal, exceto porque em uma das paredes ficam milhares dos meus "melhores" desenhos.

- Que lindo. -ela passa a mão pelos meus desenhos, observando atentamente.- Ei, sou eu?

Me aproximo. Ela estava apontando para o rascunho que fiz no dia que a vi na cafeteira. Percebo que por algum motivo eu não terminei ele.

- É. Bem, quer dizer, era para ser. Claro, não está tão bonito quanto você, mas é apenas um rascunho. Eu sou amador, então se...

Annabeth me dá um selinho.

- Você fala demais quando está nervoso. -brinca.
- Desculpa. -murmuro.
- Eu acho que você fica uma gracinha.

- Eu ia rebater dizendo que nunca conheci seu quarto, mas... -não completo.
- Conheceu até demais. -Annabeth diz brincalhona, se sentando na cama.

Me sento do seu lado.

- Você estava falando sério quando disse que teríamos que nos afastar? -pergunto ao colocar uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.
- Vamos focar no agora.

Ela me beija novamente, me deitando na cama.

Se eu soubesse que aqueles seriam nossos últimos momentos juntos, eu teria feito durar mais.

Boring Love (Percabeth)Onde histórias criam vida. Descubra agora