Olhos amargos e embaçados

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1 ano e 4 meses depois do acidente ;

Klaus saltou de sua cama, o suor escorrendo de seu corpo trêmulo. Ele empurrou as cobertas para baixo, sua mente ainda tinha os flash de algumas coisas, o relâmpagos do pesadelo ainda estava fresco em sua memória. Ele soltou um suspiro e fechou os olhos com força enquanto passava a mão no rosto. Ele olhou para o teto então, agradecendo por ter o mínimo de ânimo pra sair da cama durante o dia. Demorou um pouco até ele conseguir se acalmar .

Era quinta-feira, ele lembrou a si mesmo, o que significava que o supermercado não estaria cheio esta manhã e os moradores locais ainda teriam estoques em suas prateleiras com produtos frescos, o significava também que o estabelecimento não teria muito movimento . Com um suspiro, ele se arrastou até a ponta do colchão e balançou a cabeça, algo que fazia quase todas as manhãs para limpar as imagens esfumaçadas de sua mente.

Muito tempo se passou-se desde o acidente, porém Klaus não conseguia superar e seguir em frente . O britânico era constantemente trazido de volta pró dia trágico, sua mente o relembrando e reconstruindo tudo o que aconteceu . Os pesadelos sendo constante, os estragos irreversíveis que não poderiam ter reversão .

Depois daquele dia tudo mudou, nada voltou a ser como era antes . Klaus nunca conseguiu se recuperar, ele não ficou preso apenas em uma cadeira de rodas, ele também foi acorrentado em seu desastre de solidão e depressão . O homem foi afetado de todas as maneiras, mesmos depois de tudo ele não conseguia se reconstruir e voltar a ter uma vida . A depressão afetou tudo em sua volta, sua família, seu trabalho,como se sentia, pensava e lidava com atividades diárias, até sua maneira patética de conviver com as únicas pessoas que sobrará em sua volta .

E por mais que Klaus tentasse achar uma saída, sua mente estava completamente cercada pela escuridão . As garras afiadas de pensamentos deprimentes arranhando constantemente seu cérebro enquanto o vazio de tudo parecia se fechar sobre sua vida. Um peso horrível se instalou em seu peito, dificultando sua respiração todos os dias. Seu subconsciente sussurrando e o perturbando, fazendo o britânico se questionar o porquê ainda estava vivo, dando a ele os motivos pra acabar com tudo .

"Sua vida não importa "

" Ninguém se importava com você "

" Por que ainda está vivo ? Você é apenas um fracassado inútil "

Os pensamentos eram como um lembrete pesado pendurado em sua cabeça, poluindo todo o seu corpo.

" Você é apenas um incomodo para todos, por que você não acaba com isso "

O britânico não aguentava mais, seu corpo estava cansado demais pra ter energia, sua mente bagunçada era um rascunho de algo que já foi . Tudo nele estava velho e desgastado, tudo, principalmente suas pernas inúteis, E por mais que ele quisesse acabar com tudo e finalmente se livrar de seu vazio, ele era um covarde, Klaus não tinha coragem o suficiente pra tentar, seu medo era como seu cativeiro, o pretendo na incerteza se iria realmente funcionar, ou se isso apenas o colocasse em um pior inferno . E de certa forma isso o deixava aínda mais frustado, além de inútil, ele também se achava um medroso fracassado .

Ouve uma chiada antes de Klaus se distanciar de seus pensamentos, ele tentou relaxar os pulmões, logo em seguida suspirou e recebeu novamente aquele ar pesado.

O homem deu um tempo até finalmente encarar a cadeira jogada no canto do quarto, seus olhos extremeceram antes de agarrar freneticamente o frasco de pílulas que estava em cima da cômoda, o plástico laranja fino rachando em seu aperto. Lágrimas quentes e salgadas estavam começando a rolar pela sua pele defeituosa enquanto abria a tampa trêmulo.

anjos como você ( Stlaus )Onde histórias criam vida. Descubra agora