Capítulo 1 - Clave

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AURORA HURLEY

Vamos às informações: depois de toda aquela prisão por quase um dia inteiro, e depois de sabermos que tínhamos sido escolhidos para a TV, foi uma histeria só. Todos estavam se abraçando, gritando e pulando juntos, e quando percebi estávamos todos abraçados até mesmo com os membros do staff e pulando no meio da sala. Antes que você pense "uau, que desorganização deixar pessoas confinadas um dia inteiro" e queira ignorar todo o restante, deixo uma observação: todos os programas de talento não sabem lidar com organização e bem-estar quando se trata de muita gente. Uma vez fiquei mais de catorze(!!!) horas numa fila de 15 mil pessoas para a primeira etapa de audições. Sério.

Indo direto ao ponto, não houve nada após a notícia, afinal todos estávamos mortos e tinham inúmeras famílias e amigos nos esperando lá fora. Mas, a partir daquele dia, tínhamos que correr para arrumar tudo e ir para Toronto de vez em duas semanas, e a melhor parte era que, dessa vez, a emissora custearia tudo.

Eu não dormi direito nos três dias antes de definitivamente ir ao hotel da emissora, e eu conseguia sentir os efeitos dessa falta de sono. Estava num estresse terrível, embora eu tenha tentando dormir no carro com um remédio que eu tomei, estava impossível de fazer alguma coisa.

Somente uma pessoa poderia ir comigo dessa vez, e a escolha foi muito complicada. Minha família se sentou na mesa e passou a apontar as vantagens e possíveis desvantagens das escolhas que fizéssemos.

- E então? - perguntou meu pai depois que chegou do trabalho.

- Ainda não escolhemos, pai. Que bom que chegou, senta aqui. - pediu Carlo.

Meu pai tirou os sapatos e andou em direção à mesa.

- Então, - falei - eu queria muito que fôssemos todos, mas vocês precisam trabalhar e o pai também. Dessa forma nós vamos ter que escolher uma pessoa pra ir comigo em Toronto. Vocês podem escolher ir ou não ir, afinal já sou adulta, mas eu queria que um de vocês fosse porque vai ser bom ter apoio emocional. Todos podem ir nas gravações mas no hotel só posso levar uma pessoa além de mim.

- Deveríamos revezar de tempos em tempos quando for possível. Podemos fazer isso? - Stephen perguntou.

- Sim.

- Porquê não colocamos o Pierce pra ir? A gente sabe que é importante o apoio dele pra você.

- Mas ele não está aqui ainda. Ele tem os pacientes dele, não dá pra ficar remarcando. - Carlo mencionou.

Deliberamos com muita conversa e minha mãe decidiu que iria comigo, mas que iria embora logo após a primeira gravação. Estávamos no carro, próximas à entrada da garagem do hotel numa fila e eu estava uma pilha. Eu tinha sono, mas não conseguia dormir, e pelo que eu me conhecia, eu só ia descansar em paz quando chegasse lá.

Quando chegamos no hotel, tivemos dificuldade com o estacionamento e tivemos que subir pro check-in antes. Subimos para o saguão e me deparei com várias pessoas de rostos conhecidos por ali. Uma ou outra pessoa acenou para mim, porque pelo que eu me lembrava, nós havíamos nos abraçado quando recebemos a notícia aquele dia, e eu respondi com um sorriso e um aceno... teríamos mais tempo para conversar e bater um papo por meses a fio. Um cara que parecia ser o gerente ou sei lá, começou a organizar os participantes em duas filas, e aí começou o check-in. A parte mais empolgante e chata do processo.

Não tenho muito pra dizer sobre essa parte burocrática chata, até porque eu imagino que ninguém queira saber se eu mostrei a identidade no check-in ou a carteira de motorista, ou se eu peguei um carrinho pra bagagem. Mas, eu estava lá, e já era uma parte maravilhosa do que estava por vir.

ShowstopperOnde histórias criam vida. Descubra agora