Capítulo 12 - Teoria do Caos

96 5 16
                                    

5 dias depois

Eram raras as ocasiões onde Levi exercia seu trabalho de investigador em casa. As oportunidades acabavam por surgir, todavia, juntamente de um olhar desconfiado e uma postura austera.

Mikasa, a ultimogênita dos Ackerman, havia sido alvo de interrogatório duas vezes ao longo de três anos, ambas envolvendo acontecimentos desagradáveis que preferia não repetir, mas que, definitivamente, calhavam a ser mais sérios do que a situação atual.

Acomodada no sofá ao lado de Armin e Eren e com o tênue som de pássaros cantando do lado de fora, a garota achava o momento totalmente desnecessário. Ela também começava a questionar se aquilo daria certo, pois, infelizmente, mentir na cara de seu primo era mais difícil do que os jovens imaginaram.

— Vamos ver se eu entendi corretamente — o mais velho andou de um lado para o outro, os observando com atenção. — Vocês querem viajar para outra cidade, de carro, só os três?

— Não é exatamente uma viagem... — emitiu Armin. — Voltaremos antes da meia noite e a cidade é bem próxima.

— Qual cidade?

— Nós estávamos pensando em...

Ela foi mais rápida:

— Karanes.

Diferente de Armin, que assentiu com convicção, Eren hesitou, provavelmente estranhando a razão de esconderem a verdadeira localização. Mikasa não podia culpa-lo; ele não fazia ideia de que, caso Levi soubesse para onde estavam indo, não teria a menor chance de comprar a história deles — tinha consciência de que a jovem não aceitaria voltar àquele lugar somente por diversão.

— É final de semana — continuou ela. — Não vejo como um problema.

— E uma distração seria bom — completou o Yeager.

Levi estreitou os olhos.

— Posso pensar em pelo menos vinte formas desse passeio dar errado.

Eles também, mas por razões completamente diferentes.

— As probabilidades são baixas — disse o louro, abrindo um sorriso convincente. — Não pretendemos ir à baladas ou algo do tipo, nada de bebidas ou drogas.

— E vão fazer o que lá, então? — a voz trocista de Erwin soou da cozinha.

— Bom...

— Estou brincando — Smith surgiu na soleira, carregando consigo um pote de mel e uma espátula de panqueca. O homem havia chegado há pouco menos de uma hora e insistira para preparar o café da manhã, o que não era incomum. — Karanes tem vários pontos turísticos, é um lugar bacana. Já passei as férias lá quando mais jovem e me lembro de boa parte.

Eren franziu a testa.

— Boa parte?

— Muita bebida não faz bem a memória, acredite.

— Não está ajudando — resmungou o Ackerman.

— Certo, certo... Mas eu realmente acho que seria legal eles experimentarem novos ares. E as crianças estão se dando bem, não será um empecilho.

As crianças em questão se encontravam sentadas na mesa, cercadas de comidas e conversando em baixo som. Seja lá o que tivesse ocorrido durante o trabalho que fizeram juntos, Falco parecia mais animado e menos nervoso, enquanto Gabi tagarelava como de costume. Mikasa achou a cena adorável, considerando o desentendimento cômico no início da semana.

— Seu avô está de acordo, Armin? — perguntou Levi, o gesto em si sendo o suficiente para deixá-los mais esperançosos.

— Está, sim.

o paraíso dos quebrados | eremikaOnde histórias criam vida. Descubra agora