14.5 - Núcleo dos Escondidos

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Armin se manteve um pouco afastado de Annie, preferindo sentar-se no assento rente a janela enquanto ela, braços cruzados e olhares vazios, parecia pouco afetada com a demora.

Havia xingado os amigos mentalmente; era nítido, pela rapidez com a qual Mikasa se oferecera para buscar a chave, que fizera aquilo propositalmente para deixá-los a sós — tudo porque tinha uma confiança extra na existência de algo. E independente das razões de Eren, ele queria xingá-lo também.

— Talvez devêssemos ir atrás deles.

A jovem se virou para encará-lo.

— Por que?

— Bom... 

— Não é como se eu fosse te atacar.

— O quê? Não... Não é nada disso. Eu estava apenas... pensando alto.

— Certo — assentiu ela, não fazendo menção alguma de sair do quarto.

Arlert mordeu a parte inferior da bochecha, começando a se sentir um completo estúpido. A loura quebrou o silêncio, no entanto, o pegando novamente desprevenido ao resmungar:

— Você está pensando demais.

Mas ele não conseguiu entender totalmente o tom usado. Era uma pergunta? Uma reclamação? Como ela poderia saber?

— Estou?

— É o que parece — Em leves passos, ela se acomodou na outra ponta do almofadado, virando a atenção para o céu noturno. — É como se estivesse tentando resolver uma equação muito difícil durante a noite toda.

Tão certa, sua mente estalou antes de se questionar como ela teria reparado.

Ele estava acostumado a reparar nos mínimos detalhes, estava acostumado a ter até mesmo Mikasa e Eren se preocupando tanto quanto, provavelmente porque os três se encontravam envolvidos demais naquela merda. Annie, porém, não fazia ideia e ainda assim...

Ainda assim, um lado seu ansiava por falar com a garota, almejava por quaisquer sinais que pudesse encontrar.

Armin engoliu sem seco, sabendo exatamente qual parte era mais segura deixar de fora.

— Não posso mentir quanto à isso.
Sabe quando você está bem próximo de alguma coisa, mas não consegue distinguir suas paranóias do que deveria ser real? Então você começa a pensar se, por acaso, não está vagando por um vazio inútil, por um campo de frivolidades... — sua linha de raciocínio trêmulou ao ter os olhos azuis voltados para si, totalmente fixos nele. — Foi mal, você deve estar achando que é idiotice.

— Não.

— Não?

— Nada que te deixe pensativo pode ser frívolo, nada que invada a mente de alguém pode ser totalmente frívolo.

— Talvez... — suspirou. — Ou, às vezes, alguns planos precisem ser descartados.

— Talvez — repetiu ela, acentuando a palavra como se a usasse contra ele. — Seja lá o que for, Armin, é bem difícil imaginar uma alternativa onde você não consiga resolver isso.

O garoto hesitou, assentindo levemente, sua mente se esgueirando por cantos vacilantes. Não era proposital, ele simplesmente se via em uma corda bamba de irresoluções e incertezas. A parte ruim de pensar demais era que, como uma maldição, você conseguia explorar até os mais inseguros buracos. Nunca chegava fundo o suficiente.

Ele detestava como parecia fraco ao duvidar de si mesmo.

— Acha que estou blefando, certo? — adivinhou ela, arrancando-o de qualquer lugar que estivesse pretendendo ir. — Acha que estou dizendo isso por causa... do que aconteceu aquele dia?

o paraíso dos quebrados | eremikaOnde histórias criam vida. Descubra agora