Capítulo 13.

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Um dia você acorda e se dá conta de que nãoé porque as coisas sempre foram de um jeitoque precisam ser assim para sempre

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Um dia você acorda e se dá conta de que não
é porque as coisas sempre foram de um jeito
que precisam ser assim para sempre. Eu
estava tão acostumada a ser chamada de puta,
vagabunda, gentalha de trailer e de todos os
adjetivos que tinham a ver com a vida que
levava, que isso nem me ocorreu. Quando me
liguei que sair do lugar onde eu era essa
garota significava deixar tudo isso para trás,
já era quase tarde demais. No momento em
que cruzei a divisa do estado do Kentucky,
aquela Jennie perdida, que estava tão
acostumada a usar e ser usada, desapareceu.

Normalmente, nada disso me faz falta. Mas,
nos últimos tempos, isso mudou.

Eu estava apertando a caneca de café entre as
mãos e olhando fixamente para aquele
líquido escuro, como se ele tivesse as
respostas para todas as perguntas do
universo. Dava para sentir aqueles olhos da
Lisa me analisando e me dissecando. Mas,
até ali, ela tinha ficado de boca fechada e me
deixado falar. A gente estava no canto de um
café perto da faculdade e, pelo jeito duro que
minha amiga estava sentada, dava para sentir
que ela não estava muito feliz comigo. Liguei
para Lisa em pânico ontem, e ela
concordou em fazer o favor absurdo que pedi,
com a condição de eu contar toda a verdade,
todos os detalhes sórdidos do porquê estava
naquela situação horrorosa.

- Nunca conheci meu pai e, sinceramente,
acho que minha mãe também não. A gente
morava num trailer horroroso no lado mais
pobre de uma cidade que só tem lado pobre.
Não era raro ela levar desconhecidos para
casa nem a gente ficar muito tempo sem luz
ou o que comer. Agora, olhando para trás,
consigo entender que ela fez o que tinha que
fazer para dar um teto para gente. E que esse
pode bem ser o motivo do Jongin, meu
irmão, ser do jeito que é. Ele não vê as
pessoas como seres humanos, só como meios
de atingir um fim. E, por muito tempo, fui a
marionete preferida dele.

Minha garganta queimava de tanta vergonha,
mas já chorei tudo o que tinha que chorar por
isso há muito tempo. Se for para soltar
alguma lágrima, vai ser pelo olhar de traição e decepção que o Taehyung me deu, sem dizer nem uma palavra.

- Eu era nova e burra. No começo, achava
superlegal os amigos do meu irmão mais
velho gostarem de me ter por perto e
quererem ficar comigo. Achei que era popular
e que estava fugindo do estereótipo que as
pessoas têm de quem é pobre e mora em
trailer. Mas, finalmente, ficou claro para mim
que o Bam me usava, utilizando a reputação
que eu mesma criei de ser baladeira (a
menina que nunca diz "não" para nada nem
para ninguém) para ter acesso ao povo que tinha dinheiro, que tinham drogas, que tinham qualquer coisa que ele tivesse interessado em
passar a mão. É incrível o que você pode
conseguir com uma saia curta e uma péssima
reputação, e ele explorou isso ao máximo. Se
eu fosse mais esperta, tivesse mais
consciência, poderia ter me poupado de um
monte de arrependimentos e péssimas
lembranças.

Finalmente me arrisquei a olhar para Lisa,
e a expressão naqueles olhos verdes não
estava mais tão amarga. Mas minha amiga
ainda apertava os lábios, com cara de quem
não ia me perdoar.

𝐑𝐎𝐂𝐊𝐒𝐓𝐀𝐑 - 𝐊𝐓𝐇+𝐉𝐍𝐊Onde histórias criam vida. Descubra agora