Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 07

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☀️ Apollo
🗻 Monte Olimpo

Zeus estava especialmente enigmático. Ares, por outro lado, estava completamente fora de si, algo bastante incomum para o deus da guerra, conhecido por sua concentração quase obsessiva. Ele vagava pelos corredores com um olhar confuso, como se estivesse perdido, o que era um contraste flagrante com seu habitual comportamento de precisão.

Zeus, porém, parecia ter uma atenção obsessiva sobre mim, quase como se estivesse tentando penetrar nas profundezas da minha alma. Talvez ele soubesse algo sobre mim e Catara, ou talvez não. A incerteza era o que mais me incomodava.

— Apollo, posso falar com você? — Zeus entrou em meu escritório sem pedir permissão e se acomodou na cadeira oposta à minha.

Suspirei e encarei-o, sentindo uma pressão crescente.

— O que o deus dos deuses deseja em meu modesto escritório?

— Catara.

Engoli em seco. O nome dela parecia carregar um peso imenso quando pronunciado por Zeus.

— Catara?

— Não finja que não sabe do que estou falando! Sei que está se encontrando com uma mortal. Pior ainda, parece que está envolvido romanticamente com ela.

— Nunca levei Catara para a cama.

— Mas pretende, não é?

Nunca. Catara era importante para mim de uma maneira que transcende o desejo físico. Zeus estava tentando me fazer duvidar de meus próprios sentimentos, e isso era algo com que eu não estava disposto a lidar.

— Não pretendo levá-la apenas para a cama e depois abandoná-la. Eu...

— Não ouse dizer que está se apaixonando por uma mortal, Apollo. A lei dos deuses é clara.

— Eu sei — respondi com frieza, e Zeus se levantou com uma expressão grave.

— Termine essa relação! Se ela te chamar, finja que nada aconteceu. Lembre-se de que você é um deus. Ela é mortal e, como tal, a vida dela será breve enquanto a sua continuará. Se está se apaixonando por ela, termine antes que seja tarde demais.

Concordei com um aceno seco enquanto Zeus saía, deixando-me com o coração pesado. Teria que encontrar Catara hoje, e talvez fosse a última vez.

O tempo passava e Catara ainda não havia aparecido. Já era mais de 22 horas, e a preocupação me consumia. As ruas de Athena não eram seguras para uma dama sozinha. Meu pensamento foi, involuntariamente, para o dia em que a ouvi pedir ajuda. Naquele momento, abandonara uma reunião com os deuses e corrido para socorrê-la. Talvez fosse desde então que Zeus havia começado a me vigiar de perto.

Caminhei pelas ruas, subindo o morro em direção à sua casa. A escuridão era densa, e a janela de seu quarto estava aberta. Um frio na barriga me acometeu ao vê-la ali, sozinha e vulnerável. Pulei pela janela e encontrei-a adormecida.

Bendi suas bochechas suavemente e ela acordou com um sobressalto, os olhos inchados e vermelhos, sinais claros de lágrimas recentes. Quem teria feito minha Catara chorar?

— O que faz aqui? — sussurrou ela, olhando ao redor para garantir que seus pais ainda estavam dormindo.

— Por que não veio ao nosso encontro?

— Estava cansada.

A mentira era óbvia, e minha frustração foi palpável.

— Não minta para um deus!

A Jovem AbençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora