O Legado Mikaelson ☑- EM REVISÃO

Chapter 8: Conversa de gêmeo

Pov Barry

Jerry era idêntico a mim: nossos olhos, nosso cabelo e até nosso nariz eram iguais. Isso me assustava e me fascinava ao mesmo tempo.

— Então somos gêmeos...

— Idênticos — ele concluiu, rindo diante da minha expressão surpresa. — Barry, não, eu não consigo ler a sua mente, apesar de ser uma habilidade intrigante de se possuir. Nossa irmã talvez possa nos ensinar um feitiço desse tipo.

— Acho que só nossa ligação de gêmeos já tá ótima por enquanto... Ainda preciso me acostumar com o fato de ser meio bruxo.

Me repreendi mentalmente. Ele era todo formal, e eu parecia um professor de história que passa o dia no bar e não liga pra nada.

— Fiquei sabendo que veio por minha causa. Obrigado, irmão, fico extremamente contente em ter você de volta.

— Ainda não lembro de tudo, Jer. Pode me contar algumas coisas?

Ele sorriu e soltou um "lembrou-se do apelido" antes de começar a contar nossas aventuras.

— Quando tínhamos dois anos, Kisa e Mattheo nasceram. Lembro-me de como você os olhava com tanto amor que nossa mãe começou a nutrir um ódio por eles. Mattheo não sofria diretamente, pois era filho de um dos nossos tios, mas Kisa não foi planejada — ele se certificou de que ninguém ouvia atrás da porta. — Lembro disso por um feitiço que criamos, que permite lembrar de todos os momentos da vida, até os que dormimos ou estamos inconscientes... A questão é que nossa mãe admirava você por ser parecido com um cara com quem ela saía.

— Mas temos literalmente a mesma cara! — o interrompi. — Desculpe, continue, eu sou um pouco hiperativo.

— Ela achava que eu era parecido com outra pessoa, então passou a me tratar como tratava nossos irmãos mais velhos — ele sorriu, como se lembrasse deles. — A questão é que ela começou a descontar sua raiva em Kisa. Ela não podia brincar, não podia comer ao mesmo tempo que nós, não podia rir alto e nem falar muito baixo. Tudo piorou quando Liam nasceu. Kisa tinha menos de três anos, e nossa mãe começou a torturá-la, dizendo que era para o bem de todos nós e que, se ela chorasse muito alto, Liam seria a cobaia.

— Eu não imaginava tudo isso. Na real, não lembrava muito da nossa irmã na infância, mas agora tudo se conectou...

— Ela não nutre ódio por nós, mas sim por Allynora, ou só Nora, e está determinada a se vingar até eliminá-la. Não a condeno, aquela mulher sempre nutriu aversão por nós.

— Isso eu entendi, mas como era a relação dela com o Mattheo? Digo... se todos somos gêmeos, a relação com nossos gêmeos geralmente é melhor do que com quem não é nosso gêmeo, certo? — Ele confirmou minha dúvida e começou a explicar a relação deles.

— Eles eram os gêmeos perfeitos, ambos com um poder quase equiparado, contudo, todo poder tem seus limites, e tanto nós quanto ele conseguimos reconhecer esses limites. Nossa mãe colocou na mente de Mattheo a ideia de que Kisa não permanecia conosco devido à sua extrema força e soberba, uma crença que ele, com seus meros três anos, acreditou. Ao testemunhar as ações de nossa mãe, Kisa sugeriu que nos enviasse para diferentes partes do mundo, garantindo assim nossa segurança. Allynora, então, acatou essa proposta.

— Mas sempre tem um porém, né? Algo sempre dá errado em planos assim.

— Sim. Ela enviou todos, exceto nossa irmã, para lares adotivos. Não posso afirmar com certeza, mas, conforme relatado em suas memórias, nossa irmã passou por algumas experiências difíceis antes de ser enviada para um internato sobrenatural. Ela permaneceu lá dos cinco aos quatorze anos e, posteriormente, adquiriu a habilidade de viajar no tempo com um feitiço, acumulando assim uma vasta experiência ao longo dos anos.

Eu estava perplexo. Minha irmã sofreu para me proteger. E estava mais perplexo ainda por pensar em usar "perplexo" em uma frase normal e também por perceber que tenho uma irmã e uma família meio viva.

Eu sabia viajar no tempo, mas correndo muito. Imagino seriamente o que minha irmã consegue fazer apenas com palavras em latim. Ela é praticamente uma deusa da magia aos meus olhos.

— E quanto ao Ben?

— Nosso irmão faleceu muito antes de completar oito anos. Ele sofreu a trágica fatalidade de ser vítima de um incêndio que resultou em sua morte por fortes queimaduras.

— Só tragédia nessa família... Você tem notícias dos outros?

— Apenas o que recebi de informações de Noah e Kisa. Nancy fugiu ainda jovem, Sarah enfrentou problemas com drogas e foi adotada, assim como Mattheo e Liam, mas os três já são órfãos novamente. Helena escapou do internato e, aparentemente, tem se envolvido em trabalhos relacionados a assassinatos. Henrik II tem utilizado sua habilidade de teletransporte com frequência.

— Henrik II?

— Aidan Henrik II Mikaelson, nosso irmão mais velho que prefere ser chamado de Five. Ele foi adotado temporariamente por um bilionário, mas se perdeu no tempo.

Disse que entendi e rapidamente me virei em direção à porta, surpreso ao ouvir alguém batendo. Apontei para a porta, e Jerry desfez o feitiço que impedia de ouvir. Ele abriu, e lá estava nossa irmã sorridente.

— Gêmeos melhores amigos, encontramos uma coisa.

— Irmã, acredito que temos que conversar sobre o pressentimento na Terra o mais rápido possível.

— Depois, Jerry, isso é urgente. A não ser que a dupla sertaneja Barry e Jerry esteja fazendo um show. Se esse for o caso, eu espero.

Jerry revirou os olhos educadamente, e nós a seguimos.

— A conversa de gêmeo rendeu? — Noah perguntou se aproximando e me entregando uma fruta estranha. — Pode comer, parece chocolate, só que é saudável.

A fruta realmente era muito boa, o sabor era idêntico ao do chocolate do nosso mundo, mas a textura parecia diferente, como se fosse um algodão-doce.

— Achei que não podíamos comer as coisas daqui — sussurrei a ele enquanto andávamos um pouco atrás de Kisa e Jerry, que estavam indo ver algo que minha irmã descobriu.

— Peguei na geladeira, sabe como é, deu mole é vapo.

— Em comida?

— Em tudo, cara — ele refletiu, e eu apenas franzi as sobrancelhas, confuso. Logo estávamos lado a lado de meus outros irmãos.

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CONTINUA...

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