Shira uma artista independente e responsável pela própria vida. Abandonou as festas e resenhas que costumava ir todos os finais de semana. Mas por conta de um certo fora da lei, talvez ela volte a ativa.
Nunca que Shira iria imaginar, que o homem fo...
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Nunca pensei que assistir a uma apresentação de Ballet do Lago dos Cisnes seria tão hipnotizante pra mim, mesmo sendo a terceira vez que assisto. Não sei o que me deixa mais hipnotizada a leveza das dançarinas, ou a força dos dançarinos pra conseguir pegar as meninas no ar como se fosse uma pluma.
Sinceramente eu não queria sair de casa pelo resto da minha vida, ainda mais depois do ataque de ansiedade que tive outro dia, por conta da bomba no evento. Aquilo foi só um aviso pra me lembrar dos meus demônios que deixei dormir por tanto tempo. Natsuo insistiu tanto e ainda me apresentou pra diretora da escola de artes, a mesma mulher que promove esses tipos de apresentações. Não pude recusar.
Mas no final não foi péssimo, foi bem revigorante vir pra um evento cultural, depois de três dias só dormindo ou respondendo clientes. A música clássica me acalma, suponho ser culpa do piano, já que sempre fui fascinada por pianos e suas melodias tão intensas.
Já Natsuo ao meu lado parecia dormir e acordar de 5 em 5 minutos, como ele disse, prefere o tipo de arte que dá pra ter em um quadro ou no meio da sala.
Minhas mãos se movem despreocupadas pelo pequeno sketchbook formando rabiscos bem no estilo rupestre, para eu conseguir lembrar quais foram os movimentos que mais gostei depois.
Não sei se pisco durante toda a apresentação, mas a pontada de inspiração permanece em mim a cada segundo.
- você já riscou a mesma página oito vezes - Natsuo sussurra no meu ouvido
- cala a boca - sou rápida e ele revira os olhos se arrumando novamente na cadeira como se fosse dormir
- tô te ajudan...- o corto com um barulho irritado e ele da um sorriso fraco encostando a cabeça no meu ombro
Assim que a apresentação acaba, a diretora da escola de ballet vem apresentar todos os que participaram, desde roteiristas até o pessoal que ajudou a fazer uma pedra de papel machê.
Enquanto isso checo todas as formas que rabisquei e repasso pra outro papel, se não mais tarde esqueço qual era o sentido das mesmas. Guardo o lápis e o sketchbook dentro do bolso do meu blazer, me espreguiço me levantando junto com outros pais que já estavam de saco cheio e só queriam ir embora.
- preciso de outro choque de cultura hoje - resmungo passando o braço pelo de Natsuo que arrumava o terno social, a única peça que ficou estranha em sua roupas, já que usava uma blusa comprida preta e calças jeans pretas também
- quer me levar? Até onde lembro não tenho nada pra...- o celular dele começa a tocar o fazendo bufar de frustração - só por que tô com uma garota bonita? Inferno - ele atende e responde algumas perguntas e fala que vai estar lá em vinte minutos
