Chapter two

597 95 130
                                    

- confia em mim?

- eu nem te conheço, porra

- só confia em mim, tá bom? - um de suas mãos segura a lateral do meu rosto me fazendo olhar pra ele - posso? - concordo com a cabeça sem nem saber do que ele tava falando. Mas ele de aproxima me beijando

Eu sei que é por causa da situação, mas porra...

Um beijo calmo, lento e reconfortante. Ele se separa de mim, com um selinho, engulo a seco tentando não morrer. Tento me virar pra ver se o garoto ainda estava ali, mas meu salvador não deixa. Ao invés disso ele me vira pro lado oposto me fazendo caminhar. Pelo canto do olho o vejo tirando a touca e puxando o colarinho da blusa, ele faz isso pra mostrar algo pro garoto, mas não me incomodo tanto com essa parte, logo ele coloca novamente e anda ao meu lado.

- porra eu tenho que dormir - esfrego o rosto com uma mão ainda tentando recuperar minha sanidade

- que caralhos você tá fazendo aqui? Não sabe que aqui é perigoso - pergunta colocando as mãos nos bolsos, ainda andando do meu lado

-eu trabalho aqui - respondo no mesmo tom - eu estou saindo do trabalho agora

- já passou das quatro da manhã, quem caralhos trabalha até essa hora? - ele se vira pra mim, ainda andando

- eu tinha um cliente - digo e sinto seus olhos me examinarem - eu não sou puta - me viro sabendo o que ele estava pensando

- só puta trabalha até essas horas nesse lugar - refuta e eu abro a boca chocada

- que mentira, tem muita gente que trabalha com outras coisas - falo indignada

- traficante, bandido, dono de boate e puta - da de ombros

- não é porque uma mulher tá trabalhando até essas horas que ela é necessariamente puta, as vezes é só uma trabalhadora - cruzo os braços encarando a rua a minha frente

- puta também é uma trabalhadora, ela é uma realizadora de desejos - diz e boceja preguiçosamente

- mas nem toda mulher é puta - digo

- mas toda puta é mulher - refuta e eu abro a boca em uma risada

- você é ridículo - falo e sinto seus olhos queimando meu rosto, mas desvio o olhar

- mas a maioria das mulheres daqui é puta

- eu não sou puta, caralho - digo um pouco mais alto já perdendo a paciência

O rapaz me olha com tédio e depois solta uma risada fraca. Encaro a rua a nossa frente e já vejo algumas luzes de sirenes da polícia, a cada passa sinto o meu salvador inquieto

- eu já te ajudei. Agora quero que você me ajude - ele diminui os passos até parar de andar

- eu não faço programa - semicerro meus olhos em sua direção e ele solta uma risada fraca - só pra avisar

- eu tenho que sair da Infernium e com toda certeza os policiais vão me parar - diz e eu levanto as sobrancelhas pensando em que furada eu me meti

- tá com droga?

- tô com uma arma - encaro o rapaz vendo que eu saí de uma furada pra outra pior ainda. Olho rapaz de cima abaixo e estralo a língua sabendo que devo uma pra ele - se me pegarem com arma, eu te garanto que não vou deixar me prender tão fácil

- tudo bem - estralo a língua - então me dá a arma - estendo a mão em sua direção e ele levanta uma sobrancelha pensando - eles não vão me revistar, mas vão te revistar e outra eu te devolvo depois que saímos da cola dos tira - balanço os dedos da minha mão estendida e ele a encara pensando - você vai estar comigo o tempo todo, qual o perigo? Só confia em mim, tá bom? - um sorriso se forma em meu rosto quando vejo suas mãos levantando a blusa de frio

Play With Fire - Dabi - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora