Yo e Katsuki

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Toshinori havia se aposentado do exército há cerca de dois anos.

Para alguns, isso poderia parecer já bastante tempo para se acostumar a uma vida civil.

Não para ele.

Ao ouvir aqueles três títulos, a lateral de seu corpo doeu – o motivo de sua aposentadoria tinha um nome: All For One. Ele havia participado das operações especiais, juntamente com alguns membros da inteligência, e da marinha para desbaratar aquela organização. Em meio a isso, houvera um embate direto com aquele que se dizia símbolo do medo. O homem havia fugido, e Toshinori havia sobrevivido por muito pouco.

O destino havia colocado aquele homem em seu caminho novamente.

Parecia uma grande piada que justo Yo – um rapaz tão gentil, educado e esforçado fosse filho daquele demônio encarnado. Não sabia o que pensar.

– Antes de tudo. – começou Sorahiko, que apenas observava seu outrora aprendiz, ponderar em silêncio – lembre-se de que trata-se apenas de um garoto. Lembre-se do relatório de Chiyo. Seria crueldade deixar o garoto sair assim. No momento, a ilha ainda é o melhor para ele.

O mais novo, balançou a cabeça, lentamente.

– Em nenhum momento me passou demiti-lo, ou deixar que se vá assim. – ele admitiu. – Parece corajoso, mas qualquer garoto estaria com medo agora, não é. Eu sabia que ele parecia jovem demais e não me atentei. Ele não deveria fugir – suspirou – Deveria estar na escola, e não no alojamento, trabalhando doze horas. – Toshinori olhou para as próprias mãos – Nemuri me contou que ele quase não sai, e até perguntou se podia trabalhar mais, mas ela não permitiu.

Sorahiko olhou para os próprios pés, irritado, e bateu com a bengala no pé da poltrona em que estava.

– Temos que falar com Tsukaushi. – ele disse, objetivo – Primeiro, há uma menininha por aí vivendo com a Shie Hassaikai, e a polícia precisa saber sobre isso. – lembrou, com o cenho franzido – Em segundo, esse garoto, talvez possa entrar no programa de proteção a testemunha. Ele esteve ali, no olho do furacão. E ele disse que tem um primo certo? – o ancião soltou um breve riso, triste e incrédulo – Eu não consigo digerir a ideia de que aquele homem teve família.

– Alguém como Yo, acima de tudo. – lembrou Toshinori. – Mas claro, ele não foi criado por ele.

– E devemos dar graças a isso. – comentou Sorahiko – O garoto, afinal, não é de se subestimar, afinal, conseguiu ficar fora do radar de Shigaraki por todo esse tempo.

Toshinori puxou seu telefone.

– Talvez, possamos deixá-lo fora por mais um tempo. – ele disse – Falarei com Tsukaushi. – então ele encarou o ancião. – A essa altura, acredito que o melhor é transferir Yo para o meu pavilhão. O garoto vai tentar fugir. Já sabemos que é bom nisso.

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Katsuki estava se arrependendo demais de ser uma pessoa disciplinada.

Quando ele chegava da escola, ele realizava seus afazeres domésticos de rotina – sua mãe era desorganizada demais para tal – e então trancava-se no quarto para estudar. E só saía de lá para fazer a janta. Mas, naquele momento, ele não conseguia se concentrar. Yo ainda não havia ligado, e a fofoca já rolava solta entre os adolescentes da cidade que armavam várias teorias para o fato do rapaz ser super-rico, mas trabalhar em um alojamento.

Katsuki estava em, pelo menos, uns três grupos da escola e da cidade – todos eles devidamente silenciados – e até aquele momento, em lugar de revisar o conteúdo passado naquele dia, ele apenas assistia incrédulo, a criação de teorias tão absurdas quanto as do reddit.

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⏰ Última atualização: Feb 25, 2022 ⏰

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