A Princesa Da Ilha

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A Yuei Alimentos e Bebidas eram um negócio lucrativo, porém pequeno. Ele já sabia disso, quando decidiu atravessar metade do país para trabalhar lá. O salário, embora bom, para alguém sem muitas expectativas para o futuro imediato, como ele, não havia sido o que mais lhe atraíra: ele precisava de um teto e comida. O resto ele poderia ver depois.

Yo – ou Izuku – encontrava-se naquele momento no setor de souvenir da Yuei, sendo analisado por um senhor idoso que parecia disposto a alcançar até mesmo a sua alma. Ao lado dele, havia mais dois funcionários: Mirio – que era o mais velho e encarregado do lugar e Uraraka – que era recém-chegada, como ele, mas trabalhava em meio período.

Os dois tinham a mesma idade, mas ele sempre tinha que lembrar a si mesmo que em seus documentos falsos constava que ele possuía dezoito recém-completos.

– A cada dia, – ia dizendo o Sorahiko, o idoso chefe deles – parece que os garotos mais se atrasam para perder essas caras de bebês. – ele resmungou batendo no soalho, impaciente, com sua bengala – Hum ... deve ser aquelas comidas enlatadas que vocês costumam comer na cidade. Sim – ele elevou sua voz como se houvesse descoberto todos os segredos e tramas do universo. – É isso garoto, com a comida daqui e o trabalho, você logo se esquecerá de sua vida mole na capital. – ele praticamente jogou um pacote em sua cara, que ele pegou por puro reflexo – Agora coma um tayaki, você está com cara de que pode desmaiar a qualquer momento. – ele bateu com a bengala novamente no soalho – Depois do expediente você vai ver a Chiyo. Aquela velhota precisa vê-lo. E você menina, para de saltitar, ninguém pode ser alegre assim no ambiente de trabalho, vai contra a natureza humana. – Imediatamente, a garota chamada Uraraka parou de dançar nos próprios pés e com um ligeiro rubor, sorriu sem graça.

– Me desculpe. – ela pediu, baixinho.

– Hum – fez o velhote, franzindo o cenho

Ele se encaixava na preconcepção física que ele tinha sobre pessoas idosas. Sorahiko Torino era um homem muito baixo – segundo Mirio, ele havia encolhido com a idade – levemente curvado, de cabelos muito brancos e com um fraco enorme por doces, coisa que Izuku percebera ao vê-lo comer doces um atrás do outro. Também possuía um olhar afiado e uma queda por tentar-se fingir de bobo ocasionalmente.

Totalmente diferente de seu avô, com uma constituição enorme e sólida, um olhar taciturno e analítico e uma tendência odiável de tentar manipular tudo ao seu redor.

– Daqui a dois meses, será o final do ano letivo e as férias de primavera, e assim sendo, começará a temporada de turismo em Yakushima e precisamos nos preparar para isso. – Sorahiko declarou, sentando-se em uma poltrona ao lado da porta daquela sala. – Geralmente, nossos itens têm uma ótima porcentagem de venda, mas, segundo aqueles caras que vivem no escritório de Toshinori, a previsão é que falte artigos, já que no último ano as pessoas têm dado preferência a lugares como Yakushima para tirarem férias. Vocês precisam atualizar os relatórios do estoque todos os dias, e precisam preparar as caixas de presentes, para que possamos colocá-las nos hotéis, mercados, e restaurantes. Entenderam?

Os três responderam que "sim". E o homem pareceu dar-se por satisfeito.

– Mirio é quem cuida da parte de compras de material e padronização das caixas. Ele já está conosco a um bom tempo e poderá orientá-los da melhor forma possível. – Ele levantou-se, com uma careta – Preciso comprar mais taiyaki, com licença.

Aquele homem tinha sorte de não ter diabetes.

Os três ficaram assistindo o ancião sair do pavilhão com a bengala batendo no soalho em ritmo cadenciado.

Mirio Togata, o encarregado, juntou as mãos e estufou o peito.

– Muito bem! – ele disse, alegremente – Aqui eu já tenho alguns exemplos de como montamos as caixas. – ele puxou duas pastas catálogo e entregou uma para cada um deles. – como só somos em três, o serviço aqui costuma ser pesado – ele abriu uma porta adjacente a sala e continuou – aqui fica todo o material, ele é reposto pela turma do auxílio de estoque todas as noites, então não se preocupem se parecer que está acabando. – Vocês vão montar as caixas, e preencher um relatório informando o que usou e em que quantidade. Não se preocupem, pois eu verifico o relatório sempre antes do final do expediente, então se houver algo errado eu poderei ajudá-los a corrigir antes do relatório ser entregue. Eu também vou fazer isso com vocês, então se tiverem dúvidas, eu to aqui do lado.

Cinderella StepbrotherOnde histórias criam vida. Descubra agora