III

121 12 57
                                    

Normani P.O.V

Dedilho os lençóis brancos de minha cama, sentada nela e olhando vagarosamente para a janela que havia logo ali. Eu não sabia exatamente o porquê de estar parada ali, dessa forma, só sabia que estava gostando de ter um tempo para mim. Ally não estava em casa e eu sentia um silêncio acolhedor por meu apartamento, ouvindo os sons vindos da rua e a luz solar bater levemente nos pelos do meu braço. Hoje é meu último dia de folga e consequentemente o dia que Dinah e eu iríamos sair, como em encontro de verdade. Todas as vezes em que estivemos juntas foi por algum outro motivo diverso, e agora eu sentia meu estômago revirar de ansiedade para vê-la. Eu sempre me sentia assim. Era o efeito Dinah Hansen. Esse dia, essa hora de agora, servia para poder me fazer pensar. Pensar no rumo que a minha vida estava tomando, nas minhas decisões, tudo.


Eu passei a tarde inteira assim. Ally chegou quando já estava escuro, os cabelos longos bagunçados pelo vento, uma sacola de supermercado, e sorridente, mas ficou apreensivo com a visão de mim deitada em minha cama fitando o nada.

-O que raios há com você? - Foi a primeira coisa que Brooke falou comigo. - Venha aqui, deixa-me te abraçar.


Os braços quentes da minha amiga me envolveram e enfiei meu nariz em seu pescoço, sentindo aquele cheiro de menta misturado com seu perfume da Calvin Klein. -Só estava pensando, Allycat. Tenho que me arrumar para sair com Dinah.


-Quer dizer que ela vai mesmo te levar no Ocean? - Há descrença em sua voz e não a julgo. Dinah é inconstante.


-Sim. Disse que daqui uma hora me busca, e que vamos dormir em um hotel essa noite, e de lá ir para o aeroporto. Estou ansiosa.


Ally ergue seu tronco, me deixando ver seu rosto melhor e encosto a cabeça em meu travesseiro, vendo seus olhos castanhos não demonstrarem nada, mas eu sabia que ele estava preparando uma boa frase. -Cuidado. Ela está te alimentando com esperanças para depois voltar a ser desleixada. Não esquece que ela é casada, Normani. E não é com você.


Um bico surge em meus lábios e bufo por sentir verdade nas palavras de Ally. Por que eu não escutava minha amiga? A mulher baixinha nota o silêncio vindo de mim e se levanta da minha cama, o colchão rangendo com a saída do seu peso. Ally está linda. Ela usa um vestido amarelo florido e os seus longos cabelos caindo em seus ombros. Estava para conhecer uma mulher tão conselheira e linda como a Ally Brooke.

-Já que tudo que eu te digo entra nessa orelha e sai, levanta. Você vai se arrumar, e eu arrumo sua mala. Anda, vamos!


Sinto um tapinha em minha coxa nua devido ao short curto que eu usava e rio com o tom de ordem de Ally, levantando-me e passando pela mulher devagar e risonha, logo lhe mostrando língua. Ela ameaça correr atrás de mim, mas desiste, e saio rindo do meu quarto. A noite pode vir a ser boa. Eu acredito nisso. Dinah e eu vamos a um bar que eu adoro, vamos dormir juntas em um hotel, e eu a teria por tantas horas que mal podia acreditar...


Ally já tinha terminado de arrumar minha mala e separado uma roupa para mim, que era uma saia preta curta cheia de strass, blusa de gola fina e aberta na parte trás, além de botas de motoqueiro e uma jaqueta de couro preta dela. Era um visual de matar.

-Acho que vou matar Dinah assim. - Brinco, tirando a toalha e ficando nua no quarto, procurando meu conjunto de lingerie. Ally nada comenta, acostumado a me ver assim.

-Só se for de foder, né? Acha que eu não sei o quão coelhas são?

-E você e o Troy? Sério, eu odeio dormir aqui em casa quando Troy está aqui. - Olho para Ally nessa hora. -Você geme como se estivesse em um filme pornô.


Comandante Hansen | Intersexual(ADAPTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora