VII

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Dinah Hansen P.O.V

O copo de vinho parecia estar endurecendo meus dedos, gelados demais, deixando-me sensível, mas pelo menos alheia com toda aquela conversa na minha frente. Aquela porra de conversa.

 

— Eu acho sim que você podia fazer essa viagem, querida. – A voz grossa do meu sogro irrita as minhas orelhas e endureço o meu rosto ao ouvir sua proposta. De novo. Ele não se cansava.

 

— Agora não é o melhor momento, papai. Dinah e eu precisamos passar mais tempo juntas, e isso vem nos trazendo resultados. Quero continuar tendo um casamento incrível. – Jilly estende a mão até a minha e aperta seus dedos nos meus, me dando aquele seu sorriso cortês. Ela  sabia o estado de irritação que eu ficava com as piadas do seu pai.

 

O velho senhor Moor nada diz, somente bebe do seu whisky e olha para o rosto amistoso do meu padrasto, engatando uma conversa sobre aviões. E se bem conheço, capaz deles me envolverem. E eu não queria falar sobre meu trabalho. Incomodava demais.

 

— Eu vou lá na varanda tomar um ar. – Murmuro rente a orelha de Jilly.

 

— Quer que eu vá com você ? – Seus olhos verdes estão atenciosos. E eles não só assim costumeiramente.

 

— Não precisa. Continue aqui. Eu já volto.

 

Me levanto do sofá e ajeito o meu blazer, deixando a taça de vinho em um apoio e saindo da sala de estar dos Moor sedenta por um tempo a sós comigo mesma, um tempo em eu poderia fumar o meu cigarro e chorar internamente minhas mágoas.

 

Faz 1 semana que Normani me largou.

 

Uma porra de semana que ela disse aquelas  palavras no hotel, em Los Angeles, e eu sangrava por dentro desesperada por ela. Aquela mulher me fez sua escrava. Mentalmente e fisicamente, eu estava à mercê dela, deixaria que ela fizesse o que quisesse comigo desde que ainda estivesse ali.

— Normani, Normani…

 

Seu nome sai em adoração em meus lábios. Minha reação era sempre a mesma, nunca me cansando disso, de todo esse vício absurdo. A fumaça do cigarro escapa dos meus lábios devagar, o gosto do cigarro ficando na ponta da minha língua, envolvendo-me naquela nuvem. Meu celular toca em meu bolso, me fazendo perder a atenção da fumaça e procurar atender, vendo minha surpresa o nome da minha adorável e melhor amiga, Camila Cabello.

 

— A que devo a honra? – Atendo, ouvindo uma risada irônica vindo da outra linha. Trago mais um pouco.

 

— Olha se não é a Comandante mais gostosa e desejada de Chicago. Bom falar com você, Dinah.

 

— Bom te ouvir, Camila. Como foram as férias nas Bahamas? Pegou aquele bronzeado de verão? – A ironia pura em cada palavra dita, exceto a parte em ouvi-la. Realmente era bom.


— Não banque a irônica comigo, não funciona. Se você está dessa forma é porque algo te irritou, ou saiu das suas rédeas, e se eu não estiver arriscando demais, uma aeromoça linda  e de pele de chocolate? Acertei?

Comandante Hansen | Intersexual(ADAPTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora