IV

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Normani P.O.V
 
Acordo com o tocar estridente do despertador do meu celular, fazendo-me resmungar e abrir meus olhos devagar, incomodada com todo o som. São 06:30 da manhã, e a única razão específica para eu estar acordando tão cedo assim é que preciso me arrumar para o trabalho. Meu corpo estava aos frangalhos e o que eu mais precisava era dormir por algumas, ou talvez várias, horas.
 

Faço o tradicional ritual de todas as manhãs de voo. Tomo um longo banho, lavo os cabelos, coloco meus jeans preferido, uma blusa qualquer e arrumo uma pequena mala para a viagem, já que eu ficava em Los Angeles esperando para voltar. Depois de tanto tempo viajando para lá eu não ficava mais ansiosa por ir. É claro que ver Dinah e ter um tempo com ela me deixava radiante, mas a cidade em si não me despertava mais tanto desejo. Eu queria ir para praia, claro, mas dependeria se Dinah aceitasse ir comigo. Ela nunca queria ficar fora do nosso hotel.
 

Quando puxo minha mala preta de rodinhas para fora do meu apartamento que cheirava a café fresco, Ally ainda dormia. Queria ter a vida dela ás vezes. Quer dizer, ela tem um emprego legal, tem um namorado maravilhoso que se orgulha dela, que sempre passa todo o tempo disponível com ela, tem uma boa família, amigos. Ally era extremamente rica em relação a isso, e quisera eu ter uma vida tão tranquila. Não é inveja. É só uma pontada de decepção de mim mesma.
 

—Bom dia, Normani.
 

—Bom dia, Suzie! Já colocaram as novas guias lá na sala? – Pergunto a Suzie, uma alegre atendente que sempre me ajudava em coisas, seja me dando papéis, café ou que seja.
 

—Já sim! Quase todos já estão aí, inclusive senhora Hansen. – A morena sorri para mim e sorrio de volta, engolindo toda a ansiedade ao ouvir o nome da minha comandante. Depois de nosso sexo selvagem no banheiro do Ocean, Dinah me levou para casa e me pôs na cama, ninando-me até meus olhos se fecharem. Não entendi bem o porque dela ter me levado de volta para casa ao invés do hotel, mas agradeci por isso. Meu estado não era o dos melhores, e ficar na minha própria cama me faria bem.


—Ok. Obrigado, Suzie! Nos vemos depois!
 

Entro na sala descanso com meu copo de café em mãos e minha mala, os olhos inchados de sono e uma cara de profundo desinteresse. Todos realmente estavam ali. Até a chata da Sabrina.
 

—Olá, Normani! Pronta? – Quem fala comigo é Max, o segundo piloto, que me olhava do outro lado da sala com um olhar fofo, seus olhos azuis bebé brilhando. Uma coisa sobre Max: ele vem me dando olhares desde que entrou na rota. Ele até que é fofo, e se eu não tivesse conhecido Dinah antes certeza que estaríamos juntos. Mas Dinah existia, e eu não conseguia me ver com alguém além dela.
 

—Pronta, Max. – Sorrio de lado para ele.
 

O rapaz começa a falar, explicando todas as coisas básicas que sabíamos, mas que era de praxe, necessário que dissessem. As vezes Dinah dava esses recados. O que era um tormento delicioso, com aquela voz rouca dizendo tudo lento, olhando para mim com aqueles olhos sexys e um sorriso de molhar calcinhas. Todas as mulheres se encantavam por ela, até mesmo clientes que tinham a oportunidade de vê-la. Sabrina está me olhando estranho há alguns minutos, e não sei dizer o porque. Sei que ela é meio chatinha, sempre com aquela pose de superior, mas todos esses olhares estavam me irritando. Max termina de falar e pede que todos coloquem seu uniforme e peguemos nossos guias. Eu precisava ir ao vestiário me trocar, mas uma mão em meu quadril e um cheiro gostoso de canela me impede. Era o cheiro dela. Me viro e dou de frente com seus olhos chocolate e sua boca erguida em um sorriso torto. Droga de sorriso.
 

—Oi. – Ela murmura para mim, a mão ainda em meu quadril. Não havia mais ninguém na sala connosco.
 

—Oi. – Devolvo.
 

Comandante Hansen | Intersexual(ADAPTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora