───── PROLOGO. ✰

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PRÓLOGO. você vai me agradecer depois.




Joui sentia um arrepio na espinha, caminhando sobre as ruas da antiga cidade, já tarde da noite.

Meu pai vai me matar, pensou. Todos tinham que estar em casa até às nove da noite, isso inclui Joui. O japonês não sabe o porquê daquilo, mas nunca discutiu com o pai ou o desobedeceu. Nesse dia, no entanto, foi inevitável.

Joui trabalha como guarda particular do príncipe César Cohen, do meio dia até às seis e meia da tarde. O Jouki costuma chegar às sete em casa, mas quando ele estava para sair, César lhe deu um toque.

"Preciso de ajuda com algo", foi o que ele disse.

Além de ser o príncipe, César é seu amigo. Melhor amigo, depois de Arthur. Então por mais que ele soubesse que chegaria em casa e tomaria uma bela bronca, não podia negar ajuda a ele, principalmente quando se tratava da vida amorosa do outro.

César queria ajuda porque não tinha ideia de onde levar Samuel - um entregador de cartas e paixão do príncipe -, e achava que Joui saberia de alguns lugares legais. Não, Joui não sabia, mas tentou ajudá-lo como podia.

Agora, vendo a escuridão que estava, se xingava por não ter pedido para seu pai ou sua irmã lhe buscarem. Assim podia, pelo menos, explicar o motivo da demora antes de chegar e quando chegasse em casa, podia ir direto para cama. Suspira alto e volta a andar, desta vez mais rápido e com pressa.

Ele passa pela casa de Erin Parker, uma mecânica da cidade. Uma das únicas, na verdade. Também passa pela casa dos Fritz, em que Arnaldo, Thiago e Dante moram. São boas pessoas; Thiago principalmente, porque ele treinou Joui quando nem seu pai quis.

Depois de se distrair pensando em algumas casas conhecidas, o Jouki finalmente percebe para onde estava indo. Parou de andar, percebendo uma parede longa. Estava no fim de uma rua super escura, sem iluminação nenhuma.

Como vim parar aqui?, ele se pergunta enquanto se vira para sair. Mas ao olhar para sua esquerda, ele percebe um beco. Nunca tinha ido ali, então não sabia da existência dele.

Entretanto, não foi a escuridão que chamou sua atenção, e sim uma respiração ofegante e chorosa. Ele teria pensado que talvez fosse alguém chorando por causa de algum problema, mas um baque foi ouvido, junto de uma risadinha baixa e fraca.

E por mais boba que fosse, fez o japonês gelar e se sentir na necessidade de confrontar o possível agressor.

- Ei, você! - diz alto, sem se importar com o frio que sentia na espinha. Ele entra no beco a passos largos, e só então percebe uma lâmpada fraquíssima, piscando. Um dos indivíduos estava em pé, o encarando. - É, você mes-

- Joui... Jouki? - a voz lhe fez parar onde estava, sem conseguir se mexer. Era rouca, sensual, mas fez Joui estremecer. Algo lhe dizia para correr, mas não podia.

O homem se aproxima do guarda, que continua paralisado. Ao sentir uma respiração fraca em seu pescoço, ele engole a seco a força. Estava prestes a finalmente dizer algo, mas a pessoa caída se levanta e sai daquele beco chorando, lhe deixando sozinho com o outro.

Joui sente uma das mãos dele subir por seu maxilar, dedilhando sua pele com delicadeza. A respiração ainda estava bem perto dele. Estavam tão perto que o japonês pôde ver os olhos alheios; tinham uma coloração avermelhada, puxado para o vinho. A pupila não era redonda, nem preta; era fina e branca. Aquilo fez ele perceber.

Um vampiro estava apreciando o pescoço que morderia em instantes. E aquele pescoço era de Joui, filho de um caçador de vampiros.

Morrer para um é inaceitável. Seu pai provavelmente o reviveria para lhe dar uma bronca e então o mataria de novo. Joui começou a temer a morte, mas não por seu pai; porque ainda tinha que continuar lutando por sua mãe e irmã.

Ele consegue levantar um dos braços, com toda a força que tem. Toca de leve o cotovelo alheio e ganha sua atenção. Os olhos vermelhos lhe encaram com tanta intensidade que por um momento, o Jouki jurou que desmaiaria. Mas se manteve firme e abriu a boca.

- Por favor, não me mate... - sua voz quase não sai, presa no fundo da garganta. O vampiro só o ouviu porque estavam bem perto. Não pareceu ser o suficiente. - Eu tenho... mãe e irmã. Tenho que... tenho que continuar com elas... Por favor...

Joui sabia que se o vampiro queria matá-lo, então não teria piedade e nem se importaria com aquelas palavras. Mesmo sabendo disso, teve que tentar.

E se surpreendeu quando o vampiro deu de ombros, despreocupado. Jouki estava pronto para respirar normalmente quando foi jogado com força contra a parede do beco, de repente, e em um segundo o vampiro estava em sua frente, pressionando seu peitoral.

Ele o encara com aqueles olhos vermelhos, intensos, e então sorri fraco. Joui chega a se acalmar, mas é surpreendido de novo; o vampiro se aproxima de seu pescoço e para o seu terror, é mordido.

Dor. Doeu como o inferno. Joui sente todos os seus músculos tensionarem e relaxarem em questão de segundos. Suas pernas amolecem e um grito morre em sua garganta. Ele procura apoio no mais baixo, sentindo seu corpo totalmente a deriva do vampiro. Sentia que desmaiaria, e isso era péssimo. Morreria daquele jeito.

O vampiro o segura, então, e ri fraco. Ele lambe o sangue entre os dentes e acaricia as costas do japonês, que sente sua energia se esvaindo.

- Vai me agradecer depois, Jouki.

E então tudo escurece.

Dangereux. (jo.el)Onde histórias criam vida. Descubra agora