Marília
Eu tentava prestar atenção no que a Jade estava falando, mas não conseguia, não dava. A minha cabeça estava a milhão, o sentimento ruim tomou conta do meu coração, só de pensar no que ela fez, ou no que teria acontecido se a Jade não tivesse chegado, por Deus. Eu sabia que não deveria ter falado com ela, não pelo telefone, não daquela maneira, mas na hora pareceu certo, porque eu estava magoada e sofrendo, queria que ela sofresse da mesma forma.
Eu entendo que também a magoei, quando dei aquela entrevista, mesmo contra a minha vontade. Mas como ela mesmo sabe o meu meio ainda é assim, preconceituoso, e por muitas vezes chega a ser tóxico, eu só queria que nada disso tivesse respingado nela.
– Eu quero vê-la! - Meu coração batia de uma forma dolorosa, a Jade me olhou de forma compreensiva porque ela sabia que eu estava um caos.
A culpa me consumia, eu só queria vê-la, ter certeza que ela está bem.
– É melhor você descansar um pouco Mah, foi muita informação. - Eu neguei, como eu poderia descansar agora.
Sabendo que ela estava no hospital, e a culpa era minha?
– Descansar? - Perguntei, não querendo sair de forma irônica. – É impossível. - Afirmei.
– É, eu sei, mas ela precisa de você bem, se não, ela vai voltar a achar que lhe faz mal! - E foi como um instalo que a memória daquele dia surgiu em meus pensamentos.
" – Você me fez sentir a pior pessoa do mundo ao duvidar dos meus sentimentos, ao não acreditar no meu amor por você, e eu não quero isso para mim, não quero uma pessoa que não acredite em mim, que não confie em mim, entende?" - Eu me lembro de ter vomitado essas palavras.
Eu a escutei chorar, e implorar para que eu não desligasse, mas foi exatamente o que eu fiz, eu a deixei sozinha, mesmo sabendo que eu também tinha o meu terço de culpa, em toda a nossa discussão, agora eu entendo.
– A culpa é toda minha! - Falei ao cobrir os olhos com as mãos, isso só poderia ser um pesadelo. – Eu ainda a amo! - Rir porque era verdade, depois que eu liguei para ela eu me senti culpada, eu vim para São Paulo apenas para vê-la conversar com ela, pedir desculpas, porém quando liguei ela não me atendeu, agora eu sei por que.
– Eu sei que ela também te ama, saiba que em nenhum momento eu te culpei, não tinha como você saber. - Sua voz estava tranquila.
Eu tinha certeza que meus olhos estavam avermelhados, e por um instante eu encarei a Jade, ela era bem parecida com a S/a.
Eu só queria saber o porque dela nunca ter me contado, ou melhor, como eu nunca havia percebido.
– Por que ela nunca me contou Jade? - Minha voz estava falha, era quase impossível segurar o choro preso na garganta. – Seria tão mais fácil se eu soubesse, seria tudo diferente.
Ela segurou minha mão me fazendo olhá-la.
– Ela tinha medo de te perder, medo de você deixá-la, assim como as outras fizeram, por ela ser "problemática" demais. - Fez aspas com as mãos.
– Ela nunca me perderia, ela..- Eu tentei falar mas não consegui. – Ela é o amor da minha vida.
– Minha mãe, que levá-la para a Itália, não quer deixá-la no Brasil! - Falou e eu a olhei no mesmo instante.
– Quando? - Minha voz saiu vacilante.
– Em menos de uma semana talvez!
– O quê? Rápido assim? - Perguntei alarmada.
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Mundo Para Marília - One Shots.
FanfictionUma coletânea de história inspiradas na inesquecível Marília Mendonça.