Capítulo 7 - P****

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Podemos dizer que o flerte evoluiu em uma das partes, e para a surpresa de absolutamente ninguém, não foi a minha. Sinceramente, minha vida amorosa nunca funcionou, então por que (de novo) me enfiar em mais uma história fraca e frágil que vai me machucar e me deixar bebendo algo barato na sarjeta? ZERO MOTIVOS ME FORAM APRESENTADOS PARA QUE EU OPTASSE POR ESSA SITUAÇÃO. E foi isso que eu fiz. Seguindo meu próprio conselho, eu fugi dela.

Eu genuinamente não sei quando essa história começou a ser um livro de contos nos quais narro os fracassos seguidos pelos quais passo com o amor - maldito seja o meu cupido, que claramente é alcoólatra -, mas vamos para mais um breve capítulo de destruição. E por que não uma breve recapitulação? Fracasso número um: Christopher Evans. Status atual: Casado. Fracasso número dois: Jamie. Status atual: não faço ideia, porque o evito na faculdade e até mesmo antes disso. Fracasso número três: Millie - sem spoilers galera.

Vamos passar por essa história rápido, para não me dar tempo de chorar e lamentar... basicamente, eu a rejeitei, mas como carma é uma vadi*, eu me apaixonei perdidamente por ela meses depois. E sim, eu me declarei (quando eu estava bêbada e chapada) e simplesmente não.

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Ela estava apaixonada por outra pessoa agora.**

É. Vida que segue. 

**Curiosidade histórica: recentemente elas completaram alguns anos de namoro e elas são um casal que eu descreveria como dignas de comercial de margarina - mas sem a parte da margarina porque claramente a família tradicional ainda não está pronta para ter um casal lésbico passando manteiga no pão e sorrindo na sua tv; a queda nas vendas seria drástica e as karens claramente fariam uma manifestação á favor da família na porta da fábrica

Eu chorei bastante, mas passou até porque uma cartinha com  título "nome negativado", me apavorava mais do que o relacionamento perfeito que poderia ter sido meu - mas eu estou claramente bem agora. 

Bom, retornemos a quando eu tinha minha convicção hétera porque no momento, minhas fraquezas já foram expostas. Certo. Hã, faculdade, Jamie, Evans, coração partido. Essas são as palavras que compilam a minha situação atual, até porque estamos todos presos na mesma sala agora... como explicar? 

Na semana anterior, eu recebi um fatídico e-mail da direção da universidade que nos informava sobre as inscrições para matérias complementares, e uma me chamou á atenção "filosofia psicanalítica" - caso vocês se lembrem de um universo paralelo no qual eu estive internada (nós esclarecemos esse imaginário coletivo depois porque meio que não foi bem assim) em uma clínica psiquiátrica -, lecionada pela professora Elizabeth Grownwell. 

As aulas complementares eram pontualmente, ás 19 horas, religiosamente nas quartas feiras. Estava chovendo e estava frio, e eu carregava um grande copo de chocolate quente enquanto ia para a minha sala, pois já que havia chegado mais cedo ao prédio, pensei em escolher o meu lugar e me esquentar um pouco enquanto pensava nas milhares de possibilidades que esse curso apresentava.

A sala tinha o clássico formato de auditório, e eu me sentei em uma das últimas fileiras; tomando meu chocolate quente e aproveitando o barulho da  chuva enquanto ouvia baixinho Sous le ciel de Paris nos fones de ouvido, sem sequer uma alma viva para me acompanhar. Não estou reclamando, afinal esses minutos de paz em uma semana tão agitada, eram o combustível ideal para uma aula longa e um caminho para casa mais longo ainda. 

Eu estava entretida acompanhando uma corrida entre duas gotículas de chuva na janela (não nego que torcia para a da esquerda porque a esquerda sempre é menosprezada, e eu luto pelos seus direitos!) e não percebi uma pessoa se aproximar e sentar ao meu lado, até que ela deu duas batidas na mesa, chamando a minha atenção. Quando eu me virei, dei de cara com um par de olhos castanhos estranhamente familiares. 

- Achei que tinha desistido da faculdade e se mudado para a Noruega já que nunca mais ouvi nada sobre você. - o tom era sarcástico e doloroso, como eu me lembrava. 

- Aparentemente não fui longe o suficiente, Jamie. - o sentimento de paz foi substituído por um nervosismo e as palavras saíram da minha boca antes que eu fosse capaz de filtrá-las - me desculpa.

Jamie me lançou um sorriso fraco e ficou em silêncio pelos próximos 15 minutos, enquanto eu terminava minha bebida. A tensão era visível e eu me sentia desconfortável por ter criado esse ambiente: 

- Jamie eu... - fui cortada pela entrada de vários alunos ao mesmo tempo, e imaginei que a senhora Grownwell havia chegado, então me calei imediatamente e ele colocou sua mão sobre a minha aparentemente para deixar claro que conversaríamos depois. Me virei para pegar meu notebook e fazer as anotações da aula, e não me atentei à professora no centro da sala neste meio tempo até que ela começou a se apresentar... quer dizer, ele.

- Boa noite a todos, espero que estejam bem. Meu nome é Christopher Evans, ou professor Evans a partir de agora, e eu estarei ministrando a disciplina de filosofia psicanalítica neste semestre devido á ausência da professora Grownwell, que se aposentou há três dias. - eu ergui minha cabeça e confesso que senti o gosto ferroso do sangue subindo para a minha garganta quando nossos olhos se cruzaram, e ele continuou falando olhando fixamente para mim - eu vejo alguns rostos conhecidos por aqui, e fico feliz de saber que se interessaram pela disciplina, e espero que não estejam tão desapontados com a minha substituição porque espero atender ás suas expectativas este ano. Minha sala fica no final do corredor sete, no prédio C, e eu não vou a lugar algum ás quartas a não ser aquela sala, então por favor me procurem. 

Eu abri meu aplicativo de notas e digitei palavras que surgiram inconscientemente e apenas deslizaram do meu cérebro para a ponta dos meus dedos: 

Evans

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Semestre

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Quartas Feiras

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Filho da ****

Living in a dream - Chris Evans Fanfic (2º temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora