Capítulo 4 - deixo a porta aberta?

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E surpreendendo um total de zero pessoas, o beijo foi correspondido. 

Foram muitas sensações, medo, nervosismo, felicidade, até alcançar o encaixe perfeito. Ambos estavam tremendo um pouquinho no começo, até que a certeza de que aquilo parecia certo apareceu. 

Eles só ficaram ali por algum tempo, até que fosse necessário recuperar o folego, foi um beijo devagar, calmo, sem pressa porque nenhum dos dois queria sair dali, e foi como se o mundo congelasse, e se afastando lentamente, eles sorriam timidamente sem deixarem um longo espaço entre eles, porque isso não era mais possível.

- Uau... acho que eu não estou mais tão afim assim de descer esse gramado, eu posso ficar aqui assim, para todo o sempre. - ele sorria, enquanto mordia os lábios, e tentava guardar a sensação daquele beijo na sua memória. 

- Eu também, mas a gente vai descer isso aqui e vai ser agora! - ela, relutante, se afastou dele e pegou a caixa que eles retiraram do porta malas, desmontando-a e partindo em dois. 

Cada um pegou um pedaço, e sentaram no topo. 

- Pronto? - ela falava entusiasmada. 

- é...pronto! eu acho, não tenho certeza, mas, ok, vamos. 

E tiraram os pés do chão, escorregando até a base, ela sentindo o vento na nuca agora que a tinha nua, ele estremecia com  a adrenalina, numa descida rápida mas que parecia ter durado horas. As luzes da cidade pareciam descer junto com eles, e tudo parecia um conto de criança, crianças sem problemas, sem amores passados, e sem corações quebrados, um joelho ralado nessa descida, teria sido uma conquista. 

Lá embaixo, com a respiração acelerada e rindo de felicidade ele falava tão rápido sobre tudo o que sentiu, e como tinha sido incrível, mas Aria não entendia nada, só se manteve sorrindo e acenando porque compartilhava daquela felicidade, tão simples mas tão profunda.

- Fico feliz que tenha se divertido, e que eu tenha sido a primeira a te apresentar a super adrenalina de descer o morro num papelão hahah - ela ria enquanto falava, e os dois subiram o morro em silêncio, pois o fôlego já tinha deixado o corpo deles há algum tempo. 

Lá em cima eles entraram no carro, e ele perguntou onde ela gostaria de ser deixada, e antes que ela pudesse responder, seu celular tocou, era sua mãe: 

- só um minuto, preciso atender... - aceitou a chamada, enquanto ouvia sua mãe, tornou-se monossilábica, a alegria diminuindo e o nervosismo transparecia em seu  rosto, até o fim da chamada - eu preciso ir para casa, aconteceu algo e eu preciso mesmo ir. 

- Eu te levo, só me diz o endereço. 

***

Ao estacionar em frente a casa dela, ambos desceram e Jamie, tímido, pegou sua mão, acariciando-a, dizendo palavras de conforto pois o nervosismo, e talvez, medo, estavam estampados na sua expressão: 

- Hey, sabe que pode me ligar a qualquer hora. Vou estar esperando por isso, ok? fica tranquila que tudo vai ficar bem - e a puxou para um abraço, seguido de um beijo longo e reconfortante. 

- Obrigada Jamie, hoje foi incrível. Jamais imaginei que teria um encontro tão perfeito e devastador? porque foram coisas que realmente mudaram minha perspectiva sobre mim, sobre você e sobre relacionamentos, e a gente só se conhece a menos de dois dias, isso é... só é haha - Obrigada mesmo. 

- Tudo bem, vai lá e arrasa Catra. - uma referência ao desenho favorito dela, um detalhe mencionado na conversa que a surpreendeu por ele ter lembrado. 

Lhe deu um ultimo beijo e entrou, esperando até que ele saísse com o carro, e assim que ele virou a esquina ela correu para dentro de casa, em frente ao portão, havia um carro diferente, e ela já se preparava pra um encontro possivelmente desagradável, que infelizmente acabaria com sua noite que tinha sido tão - em partes - agradável. 

Na entrada, sua mãe a esperava, e sorrindo disse que a tal pessoa, dona do carro, estava esperando ela no seu quarto. 

- É algo que você precisa lidar meu bem, eu fiz isso por você. Se quiser que fique, eu te apoio, mas se quiser expulsá-lo também. Eu não sei muito sobre o que aconteceu, mas dê-lhe um chance ok meu amor? - ela segurava seu rosto, enquanto pedia sinceramente uma compreensão, e uma conversa. 

Aria subiu as escadas, hesitando a cada degrau, mas lembrou-se das palavras de Jamie, sobre como ela era uma mulher capaz, e convenceu a si mesma de que ela era capaz de fazer isso, e tudo isso, precisava acabar, ela precisava de respostas que só essa pessoa tinha. E o momento de tê-las havia chegado. 

Respirou fundo e entrou no quarto, silenciosamente, e lá estava ele, irreconhecível, olhando suas fotos, passando os dedos pela sua cama, e quando ele levou a mão ao rosto, tentando aliviar a tensão visível em sua testa, ela criou coragem para denunciar sua presença, mas não sem antes hesitar e pensar em sair correndo dali, imediatamente. 

- Então, aqui está você Christopher, há quanto tempo? é o que eu deveria falar? ou sei lá, perguntar como você está? não, não, melhor... como está a sua "esposa"? Ela sabe que você está aqui? Ou você veio escondido, fugindo dela... como fugiu de mim? - ela tentava demonstrar rancor com seu tom de voz,  mas vacilou na ultima frase, denunciando um sentimento diferente. 

Christopher foi em sua direção sem pensar duas vezes e atravessou o quarto rapidamente, a entrelaçando em seus braços. 

Seu perfume, seu cabelo, sua barba, já não eram os mesmos. Mas aquela sensação, não mudou nem um pouco depois de tanto tempo. O que era essa sensação? 

"Por que tão intensa, por que ela ainda está aqui, por que esse abraço é tão certo? Por que você Evans? Por que eu?" - questionamentos que gritavam na cabeça dela, mas que só foram silenciados depois de algum tempo ali, presa no seu paraíso.

Era tão aconchegante o seu abraço, como ele conseguia envolvê-la completamente, a sensação  de como seus corpos se encaixavam, toda a muralha na qual ela trabalhou durante anos, foi quebrada, por um simples abraço. E por tanto tempo, o silêncio reinou, e eles só sentiam, a respiração, o batimento, o sentimento. Só sentiam.

Living in a dream - Chris Evans Fanfic (2º temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora