27

334 38 77
                                    

Quando Audrey e sua mãe chegaram para me buscar, fazia uns bons quarenta minutos que eu havia me acalmado e estava completamente estável para estar perto das duas, principalmente da minha melhor amiga, sem ficar tentada a lhe contar o que acabara de acontecer ou demonstrasse ter acabado de chorar horrores com o seu arqui-inimigo, ou até mesmo chorar na frente das duas, e do meu pai.

Olho meu semblante mais uma vez no espelho, certificando-me que meus olhos não estavam mais inchados e vermelhos e nem o meu nariz por causa do pequeno surto que havia tido há quase uma hora atrás.

Eu aparentava estar totalmente normal, como se nada tivesse acontecido. E era exatamente assim como que queria estar.

Embora aquela ameaça tenha surtido um efeito visível em mim, e tenha, só talvez, mexido um pouquinho com as minhas emoções, não poderia deixar que aquilo me afetasse mais do que já havia afetado. Aquilo, sobretudo, devia ser coisa momentânea, que era necessária. Eu precisava soltar, desabar, e agora, como um fênix, me reerguer, melhor e mais preparada.

Céus, pareci uma idiota falando isso, mas combina, de qualquer forma.

Estava com medo? Sim. Alguém se importa? Não. Sendo assim não há motivo algum para que eu também me importe. Só devo continuar com o plano e tentar, ao menos, aproveitar esta noite que sempre foi a minha predileta no ano. Tenho 100% de certeza de que minha mãe detestaria me ver tristonha dessa forma na última quinta-feira de novembro, o grande Dia de Ação de Graças.

Afinal de contas, acima de tudo o que eu já disse, eu sou Ashley Scott, perita em manter as aparências, formada em esquecer dos meus problemas e graduada em etiqueta de eventos. Consigo fazer isso de olhos vendados.

-Audrey, Sra. Leblanc, foi a mal a demora, não encontrava meu celular de jeito nenhum. – Digo sorrindo simpática para as moças que se sentavam na sala de estar, tendo uma conversa empolgante com o meu pai que estava na mesma poltrona de antes. Trazendo comigo meu vestido que havia sido retirado ontem mesmo da loja e agora estava encapado para que pudéssemos levar até o carro sem sujá-lo ou amassá-lo – e também para o meu pai não ver – e por fim nos vestirmos quando estivéssemos prontas no salão, junto com toda a equipe que nos ajudaria.

-Oh, não se preocupe, querida, estamos adiantadas de qualquer jeito. – Falou dando de ombros para a minha desculpa não necessária, segundo ela.

A filha e a mãe se levantaram, prontas para ir assim como eu.

-Tchau, pai, até de noite, e não se esqueça de se arrumar antecipadamente, ok? – O relembro deixando um beijo em sua bochecha.

-Pode deixar, filha, se divirta. – Diz sorrindo para mim.

-Oh, pode ter certeza de que vou. – Viro-me para Audrey, sorrindo marota para a minha melhor amiga que já possuía um olhar maquiavélico.

-Não se preocupe Edward, eu tomo conta dessas duas. – A mãe de Audrey fala como se fosse uma missão de alto risco, pondo a mão em nossos ombros e nos guiando até o elevador.

Antes de fechar a porta de casa, aceno mais uma vez para o meu pai, que retribui com um riso sob os seus lábios, logo então, sigo até o elevador que Lauren já havia chamado.

-Já pensaram em como farão seus penteados e make's? – A mãe de Audrey dirige-se a nós duas após apertar o botão do "Térreo" no elevador.

-Mãe, onde aprendeu a falar assim? – Audrey a questiona com uma sobrancelha arqueada.

-Querida, sua mãe é uma jovem está bem? Sei todas as gírias das garotas da sua idade.

-Aham... – Audrey a encara com desconfiança.

O Lado Mais Sombrio de Nova Iorque (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora