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O braço de Audrey estava entrelaçado ao meu, e, neste momento, nos direcionávamos ao pátio onde estávamos antes da aula começar.

-Mudando de assunto. – Diz cortando sua própria fala sobre a nova coleção de saltos da Versace. – Quando faremos nossa tradição de Dia de Ações de Graça? – Ela pergunta enquanto nos sentávamos uma na frente da outra na "nossa" mesa, não era nossa de verdade, claro, mas era a mesa que sempre sentávamos e ninguém nunca, a não ser que chamássemos, também se sentava, então era, tecnicamente, "nossa" mesa. – Falta quase uma semana e não preparamos nada ainda. – Ela exclama preocupada.

Eu e a Audrey temos essa tradição desde um concurso que fizemos na sexta série. O concurso era para trazermos uma torta do saber que preferíssemos, mas tinha que ser feita por nós mesmas, e apresentar para a sala. Ganharia a torta que estivesse mais saborosa. Nem preciso dizer quem venceu, certo? Obviamente Audrey e eu. Se separadas já somos competitivas, imagine quando estamos juntas.

Somos imbatíveis, podem ter certeza disso.

Desde esse dia, todos os anos fazemos na semana de Ação de Graças uma torta assim como fizemos a sete anos atrás. Nos aprimoramos durante esses anos e lhes afirmo, essa pode ser considerada a torta de abobora mais deliciosa de toda a cidade, devíamos começar a vender, aposto que seria um trabalho lucrativo.

-Céus... eu já havia me esquecido da torta. – Comento após sua fala.

-Esqueceu? Como assim esqueceu?! – Questiona incrédula.

-Audrey, se acalma, eu não esqueci da tradição, só não percebi que já estávamos tão próximos do Dia de Ação de Graças. – Explico a minha melhor amiga que já estava quase entrando em colapso pela minha frase anterior.

-Claro, claro, acho que as decorações de outono não foram o suficiente para te lembrar. – Observa e eu reviro os olhos para ela, contudo, foi inevitável que um riso involuntário surgisse com a sua fala, a garota a minha frente, que tentava se mostrar irritada, se rendeu, e acabou rindo junto comigo.

É impossível ficarmos juntas por muito tempo sem ter um acesso de risos.

-Oi, linda. Do que estão rindo? – Jackson repentinamente aparece colocando seu braço sobre o meu ombro e assustando-me com a presença súbita.

-Assunto nosso. – Audrey rebate friamente, seu olhar sem demonstrar qualquer compaixão.

A repreendo com o olhar, e então, com uma surpreendente troca de humor me viro sorrindo docilmente para Jackson.

-Oi, Jackson. – Digo deixando um beijo em sua bochecha.

-Soube que começaram um debate novo entre você e o Beaumont. – Ele fala olhando para mim. – Me contaram como foi. – Ele disse, o que me empolgou muito.

Fazia tempo que ele não falava algo desse tipo comigo, sobre algo que eu gostava, querendo ouvir o que eu tinha a dizer, e era legal que ele tenha ficado sabendo.

-E o que você achou? – Indago querendo saber a opinião do meu namorado, animando-me com o rumo que a conversa estava tomando. Poderia até apostar que Audrey estava surpresa pela atitude dele.

-Sei lá, os dois foram bem. – Expressa de forma ignorante acabando com todas as minhas esperanças de um diálogo bem-desenvolvido.

É sério isso? "Os dois foram bem"?

-Que opinião relevante, Jackson. – Audrey murmura, indignada com sua resposta, bufando e revirando os olhos.

-Entendi. – Desanimo com o seu desinteresse. – Outra coisa, seu amigo é um completo imbecil. – Falo apoiando os braços cruzados sob a mesa.

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