Capítulo 5 - With his right hand on his rifle He swore it on the bible

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Os dois dias que antecediam o julgamento de papai passaram voando, estamos agora todos reunidos como uma família no corredor esperando sermos chamados para que comece.

- Vai ficar tudo bem né papai? Você não vai ser preso. 

- Minha Vicentina, o que vai acontecer não afetará em nada mi tesoro, não se preocupe.

- A juíza Meredith Preston chama Manolo Centunni para que se dê inicio a sessão. - Seguimos para a corte, meu pai se senta ao lado de tia Dora, uma das advogadas da família e uma das melhores do país.

- Manolo Centunni como se declara?

- Inocente meritíssima. - O promotor ri.

- Bom vamos começar. - Pessoas sobem para testemunhar, meu pai jura dizer a verdade com sua mão direita na bíblia, a mesma mão que ele usa para apertar o gatilho de seu rifle, em seguida eu sou chamada.

- A defesa chama Angelina Centunni, filha do acusado para comprovar justiça de caráter. - Subo e faço o juramento, pelo menos eu sou canhota, não atiro com a mesma mão que uso para jurar.

- Angelina qual sua relação com o acusado? - Tia Dora pergunta.

- Ele é meu pai e nós temos uma relação muito boa, ouvimos seus discos de vinil, andamos de moto, ele me conta histórias de quando era pequeno. Aliás eu amava colocar a jaqueta de couro dele quando pequena, era enorme e nada me fazia sentir mais segura quando ele não estava comigo do que aquela jaqueta.

- Você já é uma mulher feita então entende as questões discutidas aqui hoje certo?

- Certo.

- Você acha que seu pai seria capaz de fazer o que o estão acusando hoje?

- Não, nunca! Meu pai é um homem tão honesto que chega a ser irritante, ele nunca faria nada ilegal ainda mais matar alguém, ele tem dó de matar até as aranhas nojentas que aparecem em casa as vezes. - O melhor papel de jovem adulta idiota que eu já fiz, merecia um prêmio, não calo a boca.

- Obrigada. Ela é toda sua. - O promotor, Gregory Morton, toma seu lugar.

- Você parece amar muito seu pai senhorita Angelina, tanto que parece que mentiria para salvar sua pele.

- Protesto! O promotor está testemunhando.

- Perdão vou reformular, você está mentindo agora senhorita Angelina? Não importa o quanto você ame seu pai, ainda é crime mentir sob juramento. - Abro um sorriso.

- Não estou mentindo promotor, meu pai não seria capaz disso, tanto não seria capaz que vocês não tem provas o suficiente, nossa advogada me explicou. E quanto a mentir, meu nome não é Angelina por acaso promotor, eu não minto. - A cara dele é impagável.

- Sem mais perguntas.

E o julgamento continua assim, a juíza entra em um breve recesso e quando retorna dá a sentença esperada:

- O acusado Manolo Centunni está condenado a um ano de prisão em regime fechado por agressão e ameaça, e é considerado inocente de todas as outras acusações.

Vicentina começa a chorar e eu também, a diferença é que só uma de nós está chorando de verdade, meu pai fala com seu guarda para conversar com a gente e minha mãe coloca sua cara de forte habitual.

- Não chore minha Vicentina, estarei logo em casa. - Ele beija sua cabeça e a abraça.

- Logo estarei de volta aos seus braços il mi amore.  Ti voglio bene, te amo. - Ele beija minha mãe e a abraça.

- Angelina principessa, saiba agir com inteligência.  Cuide de sua mãe e olhe pela sua irmã, fique atenta a tudo. Rendimi fiero, me deixe orgulhoso. - Ele me abraça e sussurra uma última coisa em meu ouvido:

- Atire.

Levam ele embora e eu respiro fundo, o caminho para casa é silencioso com apenas o som da minha irmã chorando como música tema, quando chegamos eu sigo direto para o escritório e me tranco lá, finalmente deixo as lágrimas caírem, dessa vez de verdade. 

Me sirvo de whiskey e começo a trabalhar, Camilo passa para me trazer almoço e resolver umas coisas para mim mas depois vai embora, passo todo o dia trabalhando e revisando tudo que os Centunni possuem, a quantidade de terra e propriedade que temos é considerável e nossa quantia em dinheiro no país e fora dele mais ainda. 

Tudo que investimos nos negócios e tudo que gastamos não chega a arranhar a superfície do que temos, mas também temos problemas, nossa margem de distribuição e lucro é muito baixa perto do nível que poderíamos alcançar, sei que chamaria atenção, mas se eu fizesse da maneira certa... Talvez.

Minha cabeça gira e eu passei o dia presa aqui, saio finalmente e subo para tomar um banho e me arrumar, vou me levar para sair hoje. Coloco uma calça de couro preta, uma blusa preta colada e com decote em coração, um casaco de couro e um par de botas cano curto maravilhoso, estou perfeita e como diria minha nonna, mortale.

Desço e vejo minha mãe e irmã sentadas na mesa de jantar comendo, elas não pensaram em me chamar porquê é o papai quem faz questão da minha presença não elas.

- Estou saindo, precisam de mim para alguma coisa?

- Não. Vai invadir algum lugar? Parece sua roupa de treinamento para invasão. - Mamãe responde.

- Não só vou sair para arejar minha cabeça e pensar.

- Faz bem tesoro, juízo e cuidado. Te amo.

- Okay, tchau mamãe, pirralha.

Saio a pé, cansada de coisas em volta de mim, ando pelas ruas noite a fora até encontrar um ponto, um mirante que dava vista para a cidade, linda, iluminada e mortale.

- De tirar o fôlego rhã. - Alguém diz atraz de mim, eu não penso tiro minha faca de dentro do meu casaco e coloco ela em sua garganta na mesma sequência de atos que o encostam contra uma árvore.

- Quem é você? O que você quer? - É o cara gato de dois dias atrás, e o idiota está com um sorriso idiota e presunçoso no rosto.

- Vai com calma princesinha, você tá na minha propriedade não o contrário. - Eu me afasto e o encaro.

- Perdão não sabia que o mirante era propriedade privada, já vou sair.

- Não precisa ter pressa, é minha propriedade mas é aberta ao público, principalmente se o público se parece com você. - Ele sorri e eu reviro os olhos.

- Você é tão idiota quanto parece.

-E você é tão gata quanto parece ou é só porquê tá escuro? - Rio baixinho e dou as costas me sentando de modo que encaro o mirante, ele se senta ao meu lado.

- Guilherme Donnati e você?

- Angelina Centunni.

- Uma Centunni em minhas terras? Que honra.

- Conhece minha família?

- Quem não conhece os Centunni. - Ele sorri e algo em seus olhos faz com que o furacão que existe nos meus se acalme.

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