⭒CAPÍTULO DEZESSETE⭒

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Acordar pela manhã com o Theo da Vinci lambendo o meu rosto se tornou algo rotineiro do meu dia a dia, agora tenho um novo despertador com quatro patas e pêlos macios que deixam rastros pelo meu lençol.

Ontem fiquei vermelha feito um pimentão depois do meu beijo com o Liam, nunca pensei que agiria assim tão naturalmente com alguém na frente de outras pessoas, não demorou muito para o professor estragar o clima e mandar todo mundo ir embora do campo depois que o sinal tocou.

Um sorriso bobo se formou nos meus lábios ao me lembrar, mas volto pra realidade enquanto arrasto o meu corpo pelo corredor da minha casa, precisava escovar os dentes antes de trocar de roupa e como de costume abri a porta do banheiro o que me trouxe uma bela surpresa, dei de cara com o Liam ajeitando a toalha na cintura e reagi de imediato me virando de costas antes mesmo que ele tivesse tempo de raciocinar quem foi a pessoa que abriu a porta.

─ Era só ter pedido se queria me ver pelado. ─ Ironizou e ouvi um riso baixo.

─ Não seja idiota. ─ Retruquei me segurando pra não acabar rindo também. ─ Poderia, sei lá, sair?

─ Só de toalha? Não sei se é uma boa escolha, não quero me esbarrar com a sua mãe no corredor e seria uma falta de respeito constatando que essa não é a minha casa. ─ Respondeu e posso jurar que parecia estar mais perto do meu corpo.

─ Você está certo. ─ Respondi e por algum motivo continuei parada bem ali.

─ Então, que tal sair para que eu me vista? Aqui é meio pequeno e a minha roupa está ao seu lado dentro da pia... ─ Sugeriu e mesmo de costas tenho certeza que ele está com um sorriso nos lábios.

─ Tudo bem, tenho certeza que consegue se vestir sozinho. ─ Peguei as roupas do mesmo e as joguei na direção dele que as segurou de imediato.

Não me lembrava de ter fechado a porta depois que entrei e mesmo com o vapor do chuveiro consigo dar mais uma olhadinha no garoto antes de sair.

Olhando as fotos no corredor me lembro que sempre fui o oposto da minha mãe quando estava na adolescência, desde muito nova admirei todas os álbuns de fotos da mesma no colégio, parecia ser fácil ser ela, sempre com o cabelo loiro impecável e a postura perfeita de modelo. Tenho muito orgulho da mulher que se tornou e espero ser pelo menos metade do que ela é hoje em dia. Desço as escadas depois de já estar pronta, encontro o meu pai escorado em um dos balcões enquanto mexe no celular.

─ Bom dia, filha. ─ Sorriu ao meu ver e fiz o mesmo gesto.

─ Bom dia, dormiu bem?

─ Um pouco e você? ─ Em seguida terminou de beber o que restava na xícara.

─ Sim, a mamãe já foi levar a Any pro colégio? ─ Perguntei abrindo a geladeira.

─ Foi sim. ─ Respondeu caminhando até a pasta dele que estava em cima da mesa. ─ Tenho uma pergunta pra te fazer...

Congelei na mesma hora, será que ele está sabendo alguma coisa sobre o meu namoro falso com o Liam? Apenas faço um gesto para que o mesmo prossiga.

─ Encontrei isso no dia que fizemos uma faxina no sótão e a sua mãe me disse que te pertence. ─ Mostrou um caderno que foi o que mais carreguei pra todo lado quando queria criar alguma nova coleção.

Mas depois que não havia espaço para desenhar apenas o guardei no sótão porque nunca pensei que o meu pai se interessaria por alguma peça de roupa que desenhei dentro daquelas folhas.

─ Você deu uma olhada? ─ Perguntei um pouco sem graça.

─ Não, não teria coragem de fazer sem a sua permissão e a sua mãe me contou que tem muitas coisas criadas aqui dentro que talvez possa me interessar. ─ Encaro o objeto ainda nas mãos dele.

Querida, grande vida. #2 Onde histórias criam vida. Descubra agora