Claro que tinha algo,...

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...o chefe não chamava para ficar de papo. Era cobrança, e cobrança justa de um cara que há dias – na verdade semanas – não mostrava qualquer comprometimento. Mas ele saiu melhor do que entrou. Como pode? Tem histórias de colegas saírem direto para o RH pedir as contas; outros soluçando o resto do dia; outros ainda portando indiferença, mas por efeito de remédios, saber-se-ia mais tarde. Talvez fosse esse o caso.

Agora ele distribuía aquele meio sorriso, acompanhado de olhos preguiçosos, aos passageiros do elevador. Encarava-os sem discrição, de fazer ficar sem jeito. Um cara de óculos, tipo nerd, o ignorou. Já a jovem moça à sua frente olhava fixo pro chão, evitando o assédio de um olhar quase tão atrevido que dava de sentir. Já à mulher às costas deu apenas uma olhada pelo espelho da parede do elevador. Breve pensamento acerca do sobrepeso dela o fizeram sorrir bem de leve. "Ao menos ela está me empurrando pra cima dessa coisinha linda aqui", pensou. Encarou os demais rostos antes que o elevador concluísse a viagem.

Assalto ao BacenOnde histórias criam vida. Descubra agora