Capítulo 10

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Christian recomeça a andar, me puxando consigo.

__Você está usando isso como uma desculpa pra ir embora, em vez de ficar e lidar com a situação.

__É melhor você parar de falar, - aviso.

Ficamos em silêncio no trajeto até a Range Rover. Christian abre a porta para mim e põe a sacola de compras no banco traseiro. Desfruto do silêncio lá de dentro enquanto ele dá a volta até a porta do motorista.

Ele entra, liga o motor, programa o GPS e lança um olhar para mim.

__Quando a gente chegar na via expressa, - aviso.

Christian apoia a mão na parte traseira do meu assento e olha para trás para dar ré, resmungando.

__Você está abusando da minha paciência, Anastasia. De verdade.

Percorremos algumas ruas de mão única e ladeiras tão inclinadas quanto as de San Francisco, até por fim chegarmos à via expressa.

__Por que você não conversa com a Kate? - ele pergunta assim que pegamos a rampa de acesso. __Ela é uma boa amiga, não? Sei que se preocupa com você.

Sinto a minha espinha gelar.

__O que você contou pra ela?

__Não contei nada pra ela. - Ele se vira para mim. __Ela viu todo aquele aparato de segurança na sua casa, reparou na sua mania de trancar tudo. Deve achar que Jack ficava violento quando usava alguma coisa.

O nome do meu ex-marido fica pairando no ar por um instante.

Olho pela janela e vejo a paisagem da cidade passando, sem querer perder tempo falando do meu ex.

__Você falou com Kate desde o jantar lá na sua casa?

__Não. Mas a gente se cumprimentou por aí algumas vezes.

__Ela está evitando você, - digo secamente. __Se não estivesse, teria parado pra conversar uma vez ou outra. É assim que ela age normalmente. Além disso, com certeza deve estar morrendo de vontade de fazer perguntas sobre o seu trabalho. Ela é uma artista também, afinal de contas. Não é a cara dela manter distância assim.

__O que você está tentando dizer? Que ela não gosta de mim?

__Ela adora você. Mas pensar em David... - Começo a remexer os dedos no colo. __Isso é desconfortável pra ela, com certeza. Sofrimento, depressão, tristeza... as pessoas querem manter distância desse tipo de coisa e de gente cercada por tudo isso, por mais que queiram ser amigas delas.

__Você acha que eu não deveria ter falado nada? - Ele agarra o volante com tanta força que as juntas de seus dedos ficam pálidas. __Não posso fingir que o meu filho nunca existiu, Anastasia. Isso seria como perdê-lo de novo.

Solto um suspiro.

__O que estou dizendo é que Kate é uma boa amiga, se preocupa comigo, mas as pessoas preferem fugir de situações desconfortáveis, e eu não posso perder a amizade de Kate e Elliot.

__Aí você decide recorrer a uma vidente em vez disso? Por que não fazer terapia? Procurar alguém que possa ajudar?

__Você não faz ideia de quantas vezes já me magoou nos últimos minutos, - eu digo baixinho. __Se fizer isso de novo, vou começar a gritar.

__ Anastasia. - Christian estende o braço e põe a mão no meu joelho. Seu toque é quente e seco, uma simples tentativa de oferecer conforto emocional. Mas acaba acendendo uma tensão sexual que se espalha pelo meu corpo inteiro. __Eu não queria magoar você. Na verdade não faço ideia do que está rolando aqui agora. Você precisa me falar.

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