Nome
- Ei [Nome] – ouvi uma voz atrás enquanto eu guardava o livro, sei que é o Seiji. Ele se aproximou de mim, sorrindo enquanto ajeita sua maleta mochila no ombro – está tudo certo, não é?
- Ahn? Para quê? – eu perguntei em dúvida total, o que ele quer dizer?
- Por favor, eu sei que o beijo pode ter deixado algumas coisas embaraçosas para você, mas temos que fazer o trabalho.
- Que trabalho?
- Ah... você não se lembra? Bem, eu imagino que sim depois de ter passado por tanta coisa. Poucos dias atrás o professor de inglês passou uma atividade, nós ficamos juntos, como uma dupla, lembra disso?
- Ahhh, sim, desculpe, eu realmente tinha esquecido.
- Não tem problema, podemos ir para a minha casa, como combinamos, que tal?
- É que eu não me sinto tão segura, com Alice correndo a solta por aí.
- Não se preocupe, meu bairro é seguro, te levarei para casa em seguida. Meu pai é policial, e com o passar do tempo eu aprendi a me defender, apesar de não parecer muito.
- Ele está trabalhando na segurança também?
- Não, ele viajou para uma cidade vizinha.
- Entendi, bem, vamos então.
Ele colocou as mãos em volta de meus ombros, e olhava feio para praticamente todos os garotos. Eu ri. Não sei se ele está com ciúmes ou só analisando para ver quem pode ser um possível Alice.
Chegamos na sua casa. Fizemos rapidamente a metade do trabalho, ele falou que iria pegar alguma coisa para a gente comer na pausa.
Eu fiquei olhando ao redor, em um tipo de cômoda que tem no corredor tem cartas de baralho na parte de cima. Não sei o motivo, mas fui até lá, peguei pensando que pode ser divertido a gente jogar depois.
Mas então, eu fui conferir se estavam sujas ou coisa assim. Aí notei... que uma faltava, Rei de Ouros, sorri triste lembrando que essa foi a mesma carta que foi achada com Sora.
Passei mais cartas e vi que faltava duas cartas, uma da rainha e do rei, a mesma dos irmãos... e também, uma de espadas, a mesma que foi encontrada com Pool.
Pode ser apenas coincidência, deve faltar mais cartas e... não, todas as restantes estão aqui.
Se bem que... parando para pensar, as pessoas que morreram foram todas que tinham uma ligação comigo. O Honma ser o Alice, isso não é possível, ou-
O som de trovão me alarmou, consegui escutar o som de chuva também. Reparo no chão e um par de pés descalços, olhei para cima e o vi. Sua presença era algo assustador, podia sentir uma áurea negra em sua volta, fazendo assim todo o meu redor ficar escuro e frio.
- O que foi [Nome]? – ele sorriu. Parecia ter um tipo de sombra em seus olhos, me fazendo não ver direito o brilho vermelho. O sorriso estranho dele se destacou, já que não vejo seu rosto do nariz para cima.
- Bom... – me segurei ao máximo para não gaguejar – lembrei que minha tia vai precisar da minha ajuda.
- Oh... mas está chovendo, e precisamos terminar o trabalho.
- Mas ela vai para a feira e precisa que eu olhe o meu primo.
- Pensei que sua tia fosse as compras no sábado.
- C-como...
- Digamos que você não mente muito bem, e talvez eu tenha visto a rotina, a sua e de sua família – se agachou ficando mais ou menos na minha altura. Agora posso ver seu rosto perfeitamente – sei que você é inteligente, mas não tanto ao notar só olhando as cartas – sorriu.
- O quê... por quê?
- Eles te machucaram, iriam te separar de mim – sua mão tocou a minha, e ele entrelaçou os dedos, eu pude sentir o seu calor. Seu olhar parecia de um predador faminto, uma mistura de amor, desejo e paixão – e ninguém pode fazer isso, pois eu que te amo independente do que acontecer. Não se separam almas gêmeas, não é?
- Você matou eles.
- Sinceramente eu não ligo para isso.
O chutei, ele caiu com as costas encontrando o chão. Nem me dei ao trabalho de pegar minhas coisas, apenas corri, como se minha vida dependesse disso. Oh... ela depende.
Eu corri, e quando menos notei estava no meio da ponte da cidade, a única que tem aqui. Meus pulmões doem com o frio, e a falta de ar.
- [Nome] – escuto ele me chamar, não tão distante. Olhei para trás, e ali está ele.
- Se afaste – estendi minhas mãos e falei com a voz mais elevada graças a distância – não chegue perto de mim, se não... – eu olhei ao redor, apesar das minhas pálpebras pensarem com a chuva, mal se mantendo abertos, consegui pensar em algo – eu vou pular – olhei para o riacho mais agitado devido a chuva.
- Não faça isso, se você pular eu irei junto com você!
- Vamos pular juntos então – sugeri querendo saber até onde ele vai.
- Na próxima vida!
- Oi? – eu escutei direito.
- Eu fiz muitas coisas erradas nessa vida, então eu quero recompensar tudo na próxima – ele pegou um estilete. Quando ele estava com isso? Ele vai me matar? – mas peço que esteja comigo.
- Quê?
- Vermelho é uma cor tão linda... – ele falou levando o estilete até a ponta do dedo indicador, fazendo uma pequena gota de sangue se formar – não acha [Nome]?
- Eu... não... – ele é maluco? Por que esse assunto de repente?
- Não se preocupe, um casamento de sangue é rápido – e sorriu.
- Eu não estou entendendo o que você quer dizer – disse por fim vendo o dedo começar a escorrer com a cor vermelha.
- Quero unir as nossas almas. Eu vou ser a pessoa pela qual você merece. Viveremos em um mundo moderno, onde não terminamos nessa situação. Sua tia irá te arranjar um outro noivo, temos muitos problemas, que nos trouxeram aqui.
Minha mente pensou. Eu realmente não tenho mais nada aqui. Uma outra vida... olhei para o Honma, com o cabelo para baixo graças a chuva. Seu olhar agora parece diferente, algo mais sincero.
- Não precisamos unir nossas almas, nem sabemos se teremos direito a outra vida ou não, mas, se eu te encontrar nela – coloquei um pé na ponte – eu espero que você seja melhor – e virei, pulando.
Por um momento tudo ficou lento. A visão do céu nublado, as gotas de chuva. Uma sombra apareceu, é Seiji, os seus braços passaram em volta do meu corpo, senti um impacto da água nas minhas costas, sentindo o tempo voltar ao normal.
A água fria já entrou em minha boca, me fazendo engasgar e entrar mais. Só que em cima, Seiji olhava para mim, e sorria suave. Ele começou a perder as forças também, mas eu vi nos seus lábios "até a próxima".
E senti tudo ir embora.
"Corpo de jovens é encontrado no riacho. Polícias acharam que foi um acidente, mas em seus bolsos foram encontrados duas cartas do baralho, coringas, em um escrito "Ali", e no outro "Ce". Pedimos para que os moradores tomem cuidado".
Ainda tem mais um capítulo, talvez eu poste logo hoje, não sei.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tão vermelho quanto sangue [Yandere x leitora]
Conto- Vermelho é uma cor tão linda... - ele falou levando o estilete até a ponta do dedo indicador, fazendo uma pequena gota de sangue se formar - não acha [nome]? - Eu... não... - Não se preocupe, um casamento de sangue é rápido - e sorriu.