Capítulo 4

1K 78 4
                                    

Depois do meu primeiro resgate continuei a ajudar nos vários que apareceram. O mais impressionante é todos foram denuncias anônimas de alertas de laboratórios, igual aos outros resgates, não sei quem esta por traz disso, na verdade só sabemos que existe uma equipa e que a minha companheira faz parte pois em todos o seu cheiro esta no laboratório denunciando que lá esteve. Mas como das outras vezes eles retiraram-se sem deixar rastos.

A população esta a aumentar rápido com o numero dos resgates e casas estão a ser construídas.

Eu tenho conversado mais com outros machos, principalmente com Fire, ele sabe quando parar e dar-me espaço. Tem sido mais fácil viver assim. Mas eu não troco o silêncio na maior parte do dia. É bom e reconfortante, é só meu. Um lugar onde realmente posso ser eu mesmo sem qualquer restrições.

As fêmeas já não me olham com medo mas também não se aproximam. É bom viver assim. Mas sinto que falta alguma coisa. Eu tenho que a ter aqui. Só assim eu estarei completo.

Estou sentado na minha cama a sonhar com o dia que a terei ao meu lado, o que eu faria quando a tivesse. Quando sou desperto pelo telemóvel a tocar me chamando para mais um resgate.

Levanto-me da cama, preparo-me e dirijo-me ao prédio onde teremos a informação necessária para procedermos ao resgate.

Como de todas as outras vezes é mais uma vez um alerta anónimo de um possível laboratório. Animo-me já pensando em que provavelmente sentirei novamente aquele cheiro. Só situações boas. Ora vejamos, cientistas mortos, um belo prazer, mais pessoas do meu povo libertas, significa que a empresa estará frustrada por perder mais dos seus brinquedos e fim das torturas para eles e por fim, e mais importante sentir o cheiro da minha companheira.

Realmente só coisas boas.

Como procedimento preparamo-nos e seguimos viagem no helicóptero para o nosso destino.

Ao chegar lá, como de costume, todos os guardas e cientistas estão mortos e as celas abertas.

Mas há algo errado o cheiro dela continua intenso. iIso seria uma coisa boa certo? Errado. O cheiro dela esta misturado com sangue. Eu percorro todas as salas, todos os corredores e não consigo encontra-la e já começo a desesperar. Ela esta ferida e eu não consigo chegar a ela.

Ela esta ferida.

Continuo a correr, a procurar até que um compartimente tem um cheiro mais intenso e de repente a voz.

-Vão, vão, vão. Desapareçam daqui. Fujam, é uma ordem.

Por baixo, eles estão por baixo, encontro uma porta no chão e a puxo. Quando estou a entrar consigo ver um pequeno grupo a correr, ouço o barulho da porta de um carro e depois ele arranca. Mas não estou muito interessado nisso. À minha frente esta a minha companheira ainda a estrangular um medico, ela esta ferida eu vejo a dor na cara dela.

Eu avanço na sua direção e acabo por mata-lo para que ela não faça mais esforço. Mas eu cheguei tarde demais ela acabou por desmaiar nos meus braços. As feridas são graves.

Desesperado peguei-a no colo e corri como se a minha vida dependesse disso, a verdade é que depende. Na minha cabeça só penso que eu falhei. Ela esta ferida, ferida. E não consigo fazer nada para a salvar. Eu falhei cheguei tarde demais. Tanto para sonhar em a ter nos meus braços para a perder neles.

Fui o mais rápido possível para o helicóptero e começaram a fazer assistência medica. Eu estava a perder o controlo, no entanto não podia ela precisava de mim. Pelo que os outros disseram foi ela que os salvou. Novamente, ela meteu-se em risco para nos salvar.

Voamos para Homeland onde ela foi direta para o hospital para começar uma cirurgia. As horas passavam e não tinha noticias. Cada medico que entrava e saia fazia com que o meu pior viesse a tona com o medo de que algo ocorresse mal, mas o medo de não saber nada era pior.

Por fim Trisha aproximou-se de mim. A única corajosa o suficiente para vir falar comigo.

-Ela já saiu de perigo. Já podes voltar a respirar Deper.

Nem sequer tinha notado que estava a prender a respiração.

- Mas infelizmente esta em coma. É necessário continuar assim para o corpo se recuperar. Nós fizemos de todo o que podíamos. Perdemo-la duas vezes durante a operação não sei como ela conseguiu sobreviver com tanto sangue perdido mas parece que temos uma guerreira. Ela lutou pela sua vida. Agora é só esperar e ver o que acontece.

Angustia, amargura, tristeza e desespero. É tudo o que sinto por não ter conseguido protege-la. Mas bem lá no fundo há esperança. A minha companheira é uma guerreira ela vai conseguir eu sei que vai. Tem que conseguir. Não conseguirei viver num mundo onde a minha companheira não exista.

Deper - Nova EspécieOnde histórias criam vida. Descubra agora