03 - Lan SiZhui

308 31 4
                                    


    — O que acha? — XiChen perguntou ao terminar de prender a fita de testa ao redor da pequena cabeça de A-Yuan. Ajoelhado sobre uma de suas pernas ao lado do garoto, apoiou as mãos de forma afetuosa em seus pequenos braços, virando-o em direção ao espelho. A-Yuan abriu um sorriso triste.

     — Igual a de WangJi-gege. — Tocou a fita como se fosse feita do mais puro ouro.

     — Você está certo. — XiChen disse. — A fita tem um significado muito importante para o nosso clã, Yuan. É preciso que saiba disso. Ela não é um brinquedo, então não tenha ideias miraculosas envolvendo-a. — Lan XiChen tocou seu nariz carregando um sorriso em seu rosto. — Não a tire quando brincar com discípulos, e não a amarre a nada ou a ninguém. Não toque a fita de seus colegas e eles também não tem permissão para tocar a sua. Cada um de vocês possuem sua própria fita e aqui é o lugar dela. — Ele explicava — Tudo bem?

     — Tudo bem, Huan-gege. — Respondeu, antes de se virar para o homem. — Não toque a fita dos amiguinhos, não deixe que os amiguinhos toquem sua fita. A fita não é brinquedo, não tenha ideias "binaculosas" com ela. Não amarre em ninguém. — O menino repetia como se quisesse decorar as instruções, enquanto XiChen tentava segurar sua própria risada pelas palavras erradas. — Cada um tem uma fita.

     — Sim. Você tem uma boa memória, A-Yuan. — Ergueu a mão para tocar o cabelo do menino e deslizar os dedos pelos fios lisos. As feições de seu pequeno rosto permaneciam sérias enquanto ele se analisava no espelho, arrumando pequenos vincos em suas vestes perfeitamente brancas. Lan XiChen se lembrou brevemente de Lan WangJi quando pequeno, disfarçando um sorriso que surgia em seus lábios. — Você acordou cedo hoje. Está se adaptando bem.

     — Sim. Acordei às cinco como Huan-gege e escrevi como Huan-gege. — Andou até a mesa onde os papéis de Lan XiChen descansavam, pegando o seu próprio com rabiscos que não significavam nada para mostrar ao homem.

     — Oh. — Lan XiChen novamente segurou sua risada. — Você realmente escreveu tão bem quanto eu. — Elogiou, vendo um sorriso pequeno e orgulhoso crescer nos lábios do pequeno Yuan. — Escute Yuan, quantos anos fará?

     — Esse. — Esticou quatro dedos de sua pequena mão. — Mas ainda tenho esse. — Abaixou um deles.

     — Você tem três e fará quatro. — Lan XiChen disse. A-Yuan pensou por alguns segundos e confirmou pois tudo o que XiChen falava era certo. Ele não duvidava de Huan-gege. Seu Huan-gege era muito inteligente. — Logo poderá frequentar as aulas, então.

     — Hum. — O menino murmurou indiferente ao fato. Não parecia muito animado. — Vamos comer, Huan-gege?

     — Faltam alguns minutos. Nós podemos alimentar os coelhos de Lan WangJi. — Sugeriu. Novamente, Yuan não parecia animado.

     — Quando Wangji-gege voltar nós podemos ir com ele. — Yuan respondeu. Lan XiChen não insistiu mais, e esperou até que pudessem sair para o refeitório.

     Yuan ainda não havia se acostumado com os olhares que recebia, muitas pessoas o olhavam com curiosidade e dúvida. Por isso, ele sempre se escondia entre as vestes brancas de Lan XiChen. O homem, por outro lado, entendia os olhares mas não concordava com eles. Yuan era uma criança diferente, ele sabia que as pessoas certamente se perguntavam de onde havia saído aquele garoto, já que os únicos cientes de sua origem eram as duas jades de Gusu e Lan Qiren. Porém se esqueciam que por mais que fosse pequeno, já tinha sentimentos, já notava olhares diferentes e se constrangia com eles. Lan Qiren havia avisado a Lan XiChen para que não deixasse o garoto se amuar em suas vestes. Ele concordava para ele, mas a verdade era que nem ao menos cogitava o separar de si em momentos como aquele.

Desejo que se lembre Onde histórias criam vida. Descubra agora