Capítulo 34 - Duas rainhas.

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Carina Deluca POV

Continuação flashback on

Eu respirei fundo e puxei seu corpo com força para junto do meu. Maya suspirou em surpresa quando meus lábios foram de encontro aos seus. Foi como um toque sutil de fogo em um montante de pólvora. A loira quase gemeu em alivio quando nossas línguas entraram em contato em uma sintonia perfeita. Eu me via perdida, sem escapatória. Eu não poderia ir contra aquilo, não contra o que sentia. Eu a amava, e me via no dever de resgata-la de uma vida desgraçada como a que tinha.

- Carina... – sussurrou contra meus lábios.

- Nós vamos acabar com isso juntas, Maya.

- Não posso... – ela se afastou, deixando-me confusa.

- Do que está falando?

A loira virou de costas, afastando-se de meus braços. Ela parecia um pouco confusa, quase perdida. Vi seus ombros se erguerem em uma respiração funda, como se buscasse forças.

- Eu não posso envolver você nisso, não mais do que está. Não do meu lado.

- Maya... – murmurei.

- Carina, você quanto policial tem uma ética profissional. Sei o quanto valoriza isso. Pode achar que não, mas observei você todo esse tempo. Vem de uma família de princípios e virtudes. Eu não posso ser ainda mais egoísta para te fazer ir contra eles.

- Você não pode me impedir.

- Se eu te contei tudo isso agora, foi para saber que eu nunca quis engana-la, e que sempre houve um motivo mais forte por trás de tudo. – Ela virou de frente para mim, encarando-me intensamente. – Me deixa fazer uma coisa certa.

Aquele momento definia um ponto crucial em nossa história. Um marco entre seguir em um caminho desconhecido, de futuro incerto, ou voltar para rota onde tudo parecia mais tranquilo, e sem emoção. De repente, um flash de lembranças invadiu minha cabeça, desde aquela maldita noite em Mount Vernon, quando informei a Amélia que havia enviado nossos currículos para o departamento de polícia em Nova Iorque. Desde o início, minha sede por uma vida movimentada era o impulso para me fazer correr atrás de meus objetivos como profissional. Eu queria ser alguém diferente, alguém melhor. Queria sair da pacata cidade do interior para viver uma vida que me fizesse sentir feliz. Eu ansiava por emoção, por adrenalina, ansiava por me sentir realmente viva e completa.

- É isso... – Sussurrei para ela, que franziu o cenho.

- Isso o que? – Indagou confusa.

De forma inusitada o destino tratou de me fazer enxergar o que me faltava. Não estava em minha profissão, não era o departamento de polícia e seus casos difíceis que me faziam sentir realmente viva. Eles me desafiavam, me instigavam a ser uma profissional melhor, mas não me completavam. Não como ela fazia.

- Carina...

O que me faltava? Eu sabia aquela resposta, sabia desde o primeiro instante em que coloquei meus olhos sobre a bela mulher misteriosa que ocupou um lugar ao meu lado naquele bar. Hoje, eu sabia compreender todos aqueles sinais. Tudo que ela me fazia sentir com sua presença. Agora não existia mais confusão, negações ou incertezas. Eu sabia, e tinha certeza. Era Maya o que me faltava. Era ela que me fazia sentir realmente viva. Era sobre seu olhar e seus toques que eu me sentia completa.

- Eu não posso deixar que faça isso. – Falei ao me aproximar dela novamente.

Ela fechou os olhos assim que uma de minhas mãos foram de encontro a sua nuca. Parecia tão sensível agora, tão exposta e frágil. Eu a via como um todo, eu enxergava sua alma.

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