Eu Não Posso Te Perder

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Já era quase noite, Carina terminava mais um plantão cansativo de 36 horas enquanto Maya terminava de se arrumar para ir buscar a namorada no hospital, elas haviam combinado de ir jantar fora naquela noite. Assim que parou o carro no estacionamento do hospital, a capitã mandou uma mensagem para Carina avisando que já havia chegado e que esperaria por ela lá em baixo, depois ligou para o restaurante para confirmar a reserva que havia feito no dia anterior.

Estava frio então Maya não fez questão de sair do carro naquele momento, esperaria a namorada se aproximar pra fazer isso. Poucos minutos após receber a mensagem de Carina dizendo que já estava descendo, ela avista a namorada a alguns metros a frente saindo do elevador. Estava linda como sempre, ela abre um sorriso que se desfaz na mesma velocidade em que surgiu quando a mesma se dá conta do que estava acontecendo metros a frente bem diante do seus olhos.

Carina saiu do elevador e vinha em direção ao carro da namorada concentrada na tela do celular, terminava de responder uma mensagem que havia recebido da chefe a parabenizando pelo sucesso de sua pesquisa sobre orgasmos quando uma moto para a sua frente, o homem ruivo sem capacete que estava na garupa puxa o celular de sua mão, lhe aponta uma arma e anuncia o assalto.
Por um segundo ela paralisou, não sabia como reagir mas logo voltou a si quando o homem gritou mandando que ela lhe entregasse tudo e assim ela fez. O ruivo puxou tudo de suas mãos na maior brutalidade e assim que enfiou os pertences da médica dentro da mochila não pensou duas vezes, efetuou dois disparos a queima roupa contra ela e fugiu.

Por um segundo Maya esqueceu como se respirava, saiu do carro correndo em direção a namorada caída sobre uma poça enorme de sangue no chão.

— Carina, por favor fica comigo - pedia enquanto colocava a cabeça da namorada sobre seu colo - Olha pra mim, não fecha os olhos - dizia desesperada enquanto a morena tentava se manter acordada

— Maya seg...

— Shiii, não fala nada por favor, não faz esforço - interrompe a  namorada enquanto mantém sua mão esquerda sobre o peito da morena tentando estancar o sangue como podia, e com a direita pega o celular no bolso e liga para a recepção do hospital pedindo para que os médicos descessem até lá para socorrer Carina - Não dorme, não fecha os olhos, por favor fica comigo amor

— Segura minha mão - Carina pede num fio de voz, olhando bem no fundo dos olhos azuis da namorada

— Eu não vou segurar sua mão porque você não tá morrendo entendeu - dizia com a voz falha- Eu preciso estancar seu sangue, os médicos já estão vindo, você vai ficar bem

— Por favor - insiste e então Maya segura sua mão, Carina junta as poucas forças que tem para apertar a mão trêmula e suada da namorada - Eu te amo bambina

— Eu também te amo, te amo muito e eu não posso te perder - a loira dizia entre lágrimas - Não desiste, fica comigo por favor não me deixa

Maya se desespera ao sentir o aperto em sua mão diminuir, ela olha para Carina que já está com os olhos quase fechados.
Antes que possa fazer qualquer coisa ela sente duas mãos a segurar por trás e lhe afastar de Carina. As mãos eram de Jô, enquanto isso Owen e Cristina estabilizam a médica, a colocam na maca.

— Vai ficar tudo bem - Cristina diz pra ela antes de correr para o elevador

Jô estava muito abalada, Carina era sua melhor amiga e sabendo disso Bailey a proibiu de entrar na sala de cirurgia naquele momento e pediu para que ela ficasse junto a Maya na sala de Carina e ela apenas obedeceu sem contestar pois sabia que não estava em condições para ajudar e poderia acabar atrapalhando.

— Eu daria tudo pra estar naquela mesa de cirurgia no lugar dela - Maya diz após um momento em silêncio - Porque fizeram isso? Ela não reagiu, entregou tudo sem pensar duas vezes. Por que atiraram nela Jô? - perguntava enquanto andava de um lado para o outro

— Vai ficar tudo bem, Carina é forte. Ela vai sair dessa tenho certeza - Jô abraça a bombeira, ela não era tão próxima de Maya e não sabia o que dizer ou como agir naquele momento

— E se não sair? E se ela não conseguir ser forte o suficiente? - questiona e se joga no pequeno sofá que tinha na sala de Carina - Não posso perdê-la, Carina me faz querer viver coisa que eu não sentia a muito tempo até conhecê-la. Carina é meu Sol no inverno, minha luz no fim do túnel, minha paz em meio ao caos... - suspirou e sentiu os olhos arderem novamente - Ela é o amor da minha vida, não posso viver sem ela

Maya estava totalmente devastada, sua cabeça parecia um caldeirão fervendo inúmeros pensamentos que naquele momento ela nem sabia como colocá-los em ordem de novo. Ela sentia medo, muito medo. Era inevitável não pensar no pior, tentava a todo momento afastar esses pensamentos ruins e ter esperança mas ficava cada vez mais difícil.

O celular de Maya toca, ela o retira do bolso e ao ver o nome de Addison na tela imediatamente entrega o aparelho pra Jô e pede para que a mesma atenda. Ela não sabia como dizer a sogra que sua namorada havia levado dois tiros e estava entre a vida e a morte em cima de uma mesa de cirurgia.

Jô conta a Addison o que aconteceu e diz que ainda não tem notícias sobre Carina. A ruiva então entra no primeiro táxi e vai direto para o hospital,  chegando lá ela vê Jô e Maya sentadas na sala de espera, Wilsom havia dito que a esperaria por lá e a capitã foi junto pois não tinha condições de ficar sozinha no consultório de Carina. Tudo naquela sala lembrava a morena e seu cheiro estava impregnado ali.

Assim que Addison se aproxima Jô se levanta e vai ao seu encontro a abraçando. Após alguns segundos Maya também se levanta e fica frente a frente com a sogra, era possível notar a tristeza e culpa em seu olhar.

— Me desculpa - a loira pede desviando o olhar para o chão - Se eu tivesse subido para encontrar com ela aqui no hospital ao invés de esperar no estacionamento talvez isso não tivesse acontecido - fala com os olhos cheios de lágrimas

— Maya, a culpa não é sua - Addison fala tentando se manter forte e então abraça a nora, logo em seguida Meredith aparece

— Mãe, como ela tá? - Maya pergunta preocupada saindo do abraço da sogra assim que nota Meredith se aproximar

— Ela está estável por enquanto, a cirurgia ainda não acabou. Tiramos a primeira bala que estava alojada no ombro mas estamos com dificuldades para tirar a segunda já que ela se alojou perto do coração - Grey fala e Addison que até então se esforçava para se manter forte desaba e por um impulso Meredith a abraça o mais forte que pode - Está demorando porque estamos fazendo com o maior cuidado e calma possível, não podemos errar pois se não podemos acabar comprometendo o coração

— Salva ela, por favor Meredith não deixa a minha filha morrer

— Farei o possível e o impossível - responde para a ruiva e então dá um abraço apertado na filha e sussurra um "vai ficar tudo bem" em seu ouvido antes de voltar para a sala de cirurgia onde Cristina operava a jovem médica.

Já era por volta das dez da noite, Maya permanecia sentada na sala de espera com Addison. Duas horas haviam se passado desde que Meredith havia lhes atualizado sobre o estado de Carina, Jô havia ido buscar café para elas. As duas estavam sentadas lado a lado de cabeça baixa e presas nos próprios pensamentos que nem notaram quando Cristina e Meredith se aproximaram.

— Retiramos a bala - Cristina diz chamando pra si a atenção de Maya e Addison que se colocam de pé - Deu tudo certo, a cirurgia foi um sucesso

— Eu diria que aconteceu um milagre - Meredith sorri e Maya a abraça - Ela está bem, vamos levá-la para o quarto em alguns minutos e depois poderão vê-la, ela ainda está sob efeito da anestesia então não deve acordar hoje

Como Meredith havia prometido, alguns minutos depois elas foram liberadas para ver Carina. Addison entra primeiro e vai em direção a beira do leito da filha.

— Oi meu amor - passa as mãos sobre os cabelos da filha deixando que algumas lágrimas escapem de seus olhos - Você é tão forte raio de sol

Maya acompanha tudo da porta do quarto juntando coragem pra entrar e encarar a situação. Ela acaba derramando algumas lágrimas ao ver Carina tão frágil e debilitada naquela cama. A loira se senta na beira do colchão ao seu lado e segura a mão da namorada deixando um beijo ali.

— Vou deixar vocês sozinhas - Addison fala e deixa um beijo na testa da filha

— Tive tanto medo de te perder - Maya fala mesmo sabendo que a namorada não escutaria e limpa as lágrimas que escorriam em seu rosto - Me desculpa... Me desculpa, eu te amo tanto Carina

Por Nossas Filhas | Marina e MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora