Trauma

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Depois de ser impedida de passar a noite no hospital com a namorada, Maya foi pra casa e tentou dormir, mas só tentou mesmo porque não conseguiu pregar os olhos.
Seus pensamentos estavam em Carina, ela queria voltar logo para o hospital mas sabia que só poderia fazer isso pela manhã quando iniciasse o horário de visitas.

O sol ainda nem tinha nascido e a bombeira já estava de pé. Tomou um banho e vestiu a primeira roupa que viu pela frente. Antes mesmo de chegar a cozinha, sentiu seu estômago roncar de fome, ela não havia comido nada desde a noite anterior, estava só com o café que Jô havia lhe dado quando esperavam por notícias na sala de espera.

Assim que chegou ao hospital a loira passou como um furacão pela recepção e foi direto para o quarto da namorada, só não foi impedida porque já era conhecida de todos ali.

— Você dormiu aí? - Carina fala baixinho olhando a namorada sentada na cadeira a beira de sua cama com a cabeça debruçada sobre seu corpo

— Não, eu cheguei à algumas horas. Como está se sentindo?

— Viva - disse e riu mas acabou tossindo em seguida pelo esforço

— Tô falando sério, quer que eu chame a Cristina ou o Dr Hunt?

— Não precisa, tá tudo bem bambina, o pior já passou fica tranquila - diz e da um sorriso de lado

— Obrigada - Maya fala olhando nos olhos da italiana

— Pelo que?

— Por ter ficado, por ter lutado e ter sido forte - responde agora desviando o olhar daquela imensidão castanha dos olhos de Carina e focando em suas mãos que estavam um pouco trêmulas sobre a perna - Você chegou tão de repente na minha vida e em pouquíssimo tempo se tornou uma parte muito importante dela. Tive muito medo de te perder, quando te vi caída sobre uma poça enorme de sangue achei que tinha me deixado. Não consigo mais imaginar minha vida sem você Carina.

A médica italiana tinha os olhos cheios de lágrimas e um enorme sorriso, era a primeira vez que Maya se abria e falava tão profundamente assim sobre seus sentimentos por ela.

— Eu não vou te deixar, nunca, porque eu te amo

                                                    ***

— Droga de máquina - Addison xinga já perdendo a paciência com a máquina de salgadinhos que constantemente devolvia a nota de cinco dólares que ela colocava

— Quer ajuda? - a ruiva leva um susto e ao olhar pro lado vê Meredith encostada na porta de uma das salas

— Que susto - fala ao colocar uma das mãos sobre o peito, a loira apenas sorri

— Aqui - diz entregando o salgadinho para Addison

— Como conseguiu tão fácil assim?

— Um mágico nunca revela seus segredos - debocha e a ruiva lhe acerta um tapa no braço

— Cristina disse que se Carina passar a noite bem vai assinar a alta dela amanhã cedo - Meredith comenta enquanto elas andam lado a lado pelo corredor do hospital

— Que bom, Carina já tá inquieta doida pra levantar daquela cama

— E como estão as coisas na clínica? Você iria ontem para Los Angeles né?

— Sim, liguei pro meu irmão e expliquei tudo, Sam queria vir pra cá mas eu disse que já tava tudo bem. Ele vai cuidar de tudo lá pra mim até que eu possa voltar - fala e coloca um salgadinho na boca

— A sim... Tenho que ir - a loira fala quando seu pager toca - O dever me chama - completa e sai correndo, Addison a observa sumir de sua vista com um sorrisinho no rosto

                                              ***

— O que faz aqui Deluca? - Bailey pergunta séria ao ver Carina chegando na emergência do hospital

— Já fiquei muito tempo em casa, minhas pacientes precisam de mim - responde dando de ombros

— Não precisa nem trocar de roupa, pode dar meia volta e ir pra casa, é uma ordem

— Eu estou bem Miranda, não precisa se preocupar - responde e continua adentrando o hospital, andando em direção a seu consultório - E além do mais, não tem nenhuma cirugia complicada no quadro pra hoje então fazer alguns partos e consultar algumas pacientes não vai me matar e se chegar algo mais complicado mando a Jô fazer, ela tá preparada, treinei bem - pisca para a médica e continua andando

Haviam se passado três semanas desde que Carina recebeu alta do hospital, mesmo sabendo que a namorada não ficaria sozinha pois Addison estaria com ela o tempo todo, Maya aproveitou os dias de folga acumulados que tinha para ficar com Carina. Ela meio que se mudou para o apartamento da namorada nesse tempo, não saía do lado dela em momento algum. A morena que nos primeiros dias adorava toda a atenção que recebia, agora estava indignada por ver sua mãe e sua namorada a tratando como uma criança indefesa então decidiu voltar para o trabalho mais cedo.

— O seu afastamento recomendado é de no mínimo um mês - a chefe do hospital fala parando em frente a jovem - Você quase morreu, pode voltar pra casa

— Por favor Dra Bailey, eu tô bem, pode fazer um check-up se quiser - argumenta - Não aguento mais ficar em casa, minha mãe e minha namorada me trata como se eu fosse de porcelana e pudesse cair e quebrar a qualquer momento - diz com certa indignação e Bailey se segura para não rir

— Tudo bem, mas se eu perceber que tá mal eu te mando pra casa por mais um mês, tá me entendendo? Ah, e não vai ficar um plantão longo, 12h no máximo

— Sim senhora - sorri convencida e vai para sua sala

Como previsto o dia no hospital foi tranquilo, Carina trouxe dois bebês ao mundo pela manhã e o resto da tarde passou atendendo algumas consultas. Ela se sentia bem, apenas sentia um incômodo vez ou outra no lugar onde levou os tiros mas nada para se preocupar.
Assim que soube por Addison que a namorada já havia voltado ao trabalho, Maya ligou para Carina avisando que a buscaria no hospital mais tarde quando finalizasse seus atendimentos.

O fim do dia chegou e como prometido Maya foi até o hospital buscar Carina.
Era a primeira vez que ela entrava novamente naquele estacionamento depois do acontecido semanas atrás. Ela estaciona o carro o mais longe possível de onde Carina foi assaltada, seu peito aperta ao olhar ao redor e involuntariamente se lembra de tudo que havia presenciado ali, ela sai do carro e vai correndo para o elevador.

— Está pronta? - a loira pergunta ao entrar na sala da médica

— Preciso apenas assinar a alta do bebê da Sra Johnson e então podemos ir - responde e vai até a namorada lhe dar um beijo

— Tudo bem, te espero aqui

— Prometo que não demoro - veste seu jaleco que estava pendurado atrás da porta da sala e sai

Após uns quinze minutos a médica volta e então elas saem juntas. Assim que o elevador chega até o térreo e as portas se abrem Carina exita em sair, Maya nota uma expressão facial diferente em seu rosto. O sorriso que tinha ali havia sumido.

— Tudo bem? - a capitã pergunta mas Carina parece não escutar, era como se seu corpo estivesse ali mas sua mente não. Seu olhar estava distante, vazio, perdido pelo estacionamento. Maya então de cara saca o que estava acontecendo - Ei amor, olha pra mim - pede se colocando na frente da namorada e atraindo sua atenção - Ta tudo bem, eu tô aqui com você, não vai acontecer nada - a tranquiliza e então pega em sua mão - Vamos juntas, ok? - Carina apenas assente e então elas saem dali.

Por Nossas Filhas | Marina e MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora